Tânia correu para o segundo andar constantemente procurando por qualquer coisa que pudesse usar para se defender, ela sabia lutar, mas jamais deixaria aquele homem chegar perto o suficiente para poder aplicar algum golpe. A garota entrou no quarto estofado, teria que pensar em alguma coisa rápido antes que ele viesse atrás dela. A porta abria para o corredor e tinha maçaneta apenas do lado de fora acompanhado de um mecanismo que a travava. Ela sorriu aliviada, pois sua memória não havia pregado-lhe uma peça.
— Não me deixe na mão! — Ela sussurrou estudando o mecanismo para trancar a porta.
Tânia olhou enquanto os raios de sol tomavam toda a construção, não morreria naquele lugar. Ela caminhou sentindo o joelho que doía cada vez mais. Agora iluminado, ela conseguia ver mais nitidamente a decadência da estrutura da antiga clínica. As paredes já haviam perdido a tinta e os tacos, do piso, estavam descolando em muitos lugares. Por várias partes era possível ver pichações feitas por jovens que se aventuraram por lá antes deles. Tânia pensava se eles teriam passado por situações como a que eles passaram, ou se apenas suas imaginações lhes haviam pregado peças e por isso o lugar ficou conhecido como assombrado. Torres desceu do carro e acendeu um cigarro fumando-o até o fim, enquanto sua mente vagueava por lugares distantes. O homem jogou a bituca no chão pisando sobre ela. Lembrava-se da primeira vez que tinha ido até aquele lugar, na juventude, junto de sua namorada. Foi quando descobriram quem Maximiliano realmente era, semanas depois a garota foi encontrada morta e o assassino era o seu irmão. Depois daquele dia tinha se convencido de que jamais teria filhos para não correr o risco deles serem como o outro era. Assim foi feito, Torres era um solteirão de quase setenta anos que se recusava a se aposentar para não ter que ficar sozinho em casa. Mas além disso, ele havia se vingado do irmão, naquela noite em setenta e cinco, quando tudo aconteceu na clínica, ele encontrou Maximiliano. EstavRedenção
A cidade ainda dormia tranquilamente e os primeiros raios de sol surgiam no horizonte iluminando a, já desativada, Clínica Psiquiátrica. As paredes de tijolo colonial já haviam perdido parte do reboco deixando vários dos tijolos expostos, parte do teto também já tinha se deteriorado com o tempo e desabado, ou as telhas haviam escorregado e espatifado no chão. Durante décadas aquele lugar tinha sido o responsável por movimentar todo o capital da comunidade ao seu redor, mas tudo mudou depois do incidente em setenta e cinco, naquela época os internos se rebelaram matando vários dos funcionários do lugar, além de muitos dos pacientes. Depois do ocorrido a clínica fechou suas portas e a cidade ao redor tornou-se uma sombra do que era, constantemente asso
O silêncio que reinava na noite foi quebrado e Tânia olhou ao redor assustada, em alguma rua não muito distante dali, uma viatura passava com sua sirene ligada. Depois de um tempo o barulho distanciou-se. A garota sentia-se indecisa, parte dela tinha ficado preocupada que a viatura estivesse indo para a clínica. Ela se questionava o que aconteceria se a polícia a encontrasse lá dentro, e o quanto aquilo poderia influenciar no seu futuro. Por outro lado, seria o fim do problema seu e de seus amigos. A garota suponha que, se a polícia os encontrasse e levasse para casa. Aquilo poderia ser até uma história engraçada para contar aos netos. A garota viu uma luz fraca que vinha da lateral do prédio, parecia a luz de uma lanterna, ela correu até o lugar encontrando Luiz e Sabrina
Luiz bufou impaciente, sua lanterna começava a falhar, o rapaz deu alguns tapas no objeto na tentativa de que ele voltasse a funcionar. A luz voltou a brilhar de forma fraca, mas não demorou a desligar novamente. Tomado pela raiva, ele lançou o aparelho contra uma porta entreaberta que, com um rangido desafinado, terminou de abrir. O garoto se aproximou enquanto tentava acostumar a visão ao escuro. No interior do cômodo havia uma cama antiga de metal e sobre ela um colchão velho e desgastado, nas paredes, apesar do mofo, era possível ver os desenhos feitos por alguma criança, eram traços que naquela escuridão o rapaz não conseguia distinguir o que representavam. Tânia subiu as escadas usando a lanterna do celular para iluminar o caminho. As pilhas de sua lanterna não estavam funcionando mais, na verdade, tudo naquela noite não parecia querer funcionar direito, era como um pesadelo onde você não tem controle de seu corpo. A garota ficou paralisada escutando o som vindo de uma das portas, ela aproximou-se tentando fazer o mínimo de barulho. A porta de metal estava gelada e Tânia sentiu queimando sua orelha enquanto encostava tentando escutar o som que vinha do outro lado. — Luiz é você? — murmurou pela fechadura — Jonathan, Sabrina?Segundo andar
A tempestade, que havia armado durante todo o dia, finalmente começou a cair. As gotas grossas de água batiam contra o vidro quebrado das janelas respingando para dentro da construção, era uma tempestade violenta como não ocorria a muitos anos naquela cidade. Tânia sentou-se ao lado de Luiz que ainda estava desacordado, tinha conseguido achar um quarto com alguns móveis e arrastou o amigo para colocá-lo sobre o colchão velho. Ele ainda não parecia bem e o fato de estar sem uma blusa apropriada para aquele frio só piorava a situação, estava apenas com um casaco de moletom, parcialmente molhado de sangue.O c&
Sabrina encolheu com medo e cobriu a boca com as mãos evitando que emitisse qualquer som, podia escutar o som dos passos que vinham do corredor, quem quer que fosse estava perigosamente perto, ao seu lado Tânia acordava ainda confusa. Sabrina tapou a boca da amiga temendo que ela fizesse algum barulho enquanto voltava à realidade e que com isso entregasse o esconderijo que até o momento parecia perfeito. As garotas ficaram quietas, Tânia tirou devagar a mão da amiga de sobre sua boca mostrando que já estava desperta, elas se entreolharam temendo quem poderia ser no corredor. Tânia fechou os olhos tentando concentrar na direção que os passos seguiam, assim que estivessem seguras fariam o caminho contrário, Luiz não estava bem o suficiente para sair andando por aí. Qua