Ele se levantou, estava cedo ainda. Suas costas incomodavam um pouco da noite mal dormida. Examinou à sua volta, conseguia enxergar o de sempre, areia, pedras, solos terrosos e o Sol. Tudo aos seus olhos parecia tão cinza, a luz solar não possuía mais o mesmo brilho de antes e aquele mar amarelo não parecia tão vívido. Apenas de olhar para aquele astro sentia algo se contorcendo dentro de si. Não conseguia ver aquilo sem lembrar-se de um símbolo, um maldito símbolo, o símbolo da família Sonne.
— Daenor, não temos tempo para admirar a paisagem, vamos mexendo-se.
— Já faz dias que estamos cavalgando e dois dias sem comer, logo vai começar uma disputa... Quem morre antes, nós ou os cavalos?
— Não Ladros, nós iremos sobreviver, nós precisamos sobreviver. — Havia uma chama de fúria
— Toda vez esse lugar me dá arrepios — Praguejou Gared — Não importa quantas vezes passamos aqui, ainda não consigo me acostumar. Os três olhavam para a paisagem a frente, com um olhar de admiração e curiosidade, mas uma ansiedade crescente pela sensação de estar diante de um mistério e ser envolvido por medo por não saber o que vem adiante. Perplexidade e arrepio assomam as sensações que percorriam os três, estavam diante de um dos cenários mais magníficos existentes em Arqueham, nem mesmo os melhores pintores e artistas conseguiram transpassar em sua arte a verdadeira beleza e mistério ali encontrado, estavam diante da Divisa. Este é o nome dado não ao lugar no qual estava localizada a fronteira entre as terras de Razalon e Aldebaran, mas de onde o deserto seco e árido se encerrava misteriosamente e começava aparecer vegetações. Era como se uma linha atravessasse de norte a sul, separando misteriosamente a areia da grama, todo aquele amarelo
Depois de uma longa discussão devido ao ferimento nas costas decidiram deixar Daenor na casa do velho Sid no coração da floresta de Gündil. O eremita deu sua palavra que o trataria bem, não que isso significasse muita coisa para Gared. Ladros e seu tio voltaram até Solprata rapidamente sendo carregados pelos ombros de pedra de Bombu, o troll da floresta. Para a surpresa deles, chegaram na cidade antes do anoitecer. A jornada de dois dias em caminhos desconhecidos foi reduzidas há apenas algumas horas na lombar do troll.Gared estava com o rosto liso, tinha raspado a barba para evitar ser reconhecido, fazia anos da última vez em que passou uma navalha no rosto. Foi uma sensação estranha, até seus sobrinhos tiveram dificuldade de reconhecê-lo sem sua barba escura. Verdade seja dita ele mesmo não conseguia se reconhecer. Ladros também alterou o visual, deixando o cabelo curto, al&eacut
Seus olhos se abriam com dificuldade, salvo uma tocha distante presa à parede, a sala estava totalmente escura. Os últimos dias vinham sendo assim, Lyliane já não sabia diferenciar o dia e a noite, pois sua cela estava sempre escura. Pelo menos era espaçosa, disso ela não podia reclamar. Além da comida é claro, eram servidos alimentos quatro vezes ao dia e em porções generosas, isso pelo menos estava claro para ela, apesar de presa ainda era essencial de alguma forma.Estimava já terem passado cinco dias que assistiu a morte de seu pai durante o jantar com Maegor. Maegor. Esse nome fazia seu estômago revirar. Não sabia direito os acontecimentos posteriores, tudo que descobriu era que o rei S
Já estava entardecendo e ele estava bem cansado de todo trabalho duro realizado durante o dia, buscou leite dos bezerros, colheu algumas das plantações mais maduras, consertou a hélice caída do moinho da família. Moinho este tão antigo quanto sua família, não o surpreendia ele ter quebrado, era uma questão de tempo para algo assim acontecer. Seu corpo suado e seu cabelo escuro não parava de pingar revelando o quanto de esforço ele teve de realizar, mas o sorriso no rosto estampava o quão satisfeito estava com seu trabalho. Cob então olhou para sua casa no horizonte, não estava muito longe, e já conseguia imaginar o cheiro do jantar ficando pronto. Sabia que hoje sua mãe faria o famoso ensopado de frango, já dava água na boca só de pensar. Ele era o filho mais velho de três, tinha duas pequenas irmãs. Seu pai há alguns anos atrás caiu de um cavalo, machucando seriamente suas costas, impedindo-o de pegar pesos e realizar algumas tarefas básicas da faz
Cob olhou curioso para os homens que se juntaram a Gared Mesiac, o que será que eles vêem de tão interessante em ir para a guerra?. Após Daenor e Ladros seguirem rumo a Idalon, Gared foi até Sinhetoria juntar alguns homens dispostos a defender Yhorn. Cob não podia negar que ficou impressionado, para não dizer entusiasmado com o discurso do irmão do último rei. Aquelas palavras sobre honra, promessas de glória e canções, somado ao sentimento patriótico eram realmente tentadores.Mas após alguns passos com os mais de 30 homens que apoiaram a causa, este sentimento passou como vento. As promessas começaram a se tornar perguntas, Por que eu devo lutar a batalha de outra família? São eles que estão em guerra, não meu moinho… Apesar disso, sabia não ser tão simples essa questão, se os Sonnes invadissem Raza
Seus olhos contraíram quando viu um pequeno feixe de luz emergir da escuridão, aos poucos aumentando, descendo pelas escadas, uma sombra se projetou contra a parede. Desta vez era apenas uma pessoa descendo as escadas, os passes eram suaves e não faziam muito barulho. Quando Naina apareceu carregando uma vela, Lyliane logo a reconheceu, seus olhos escuros passaram para um tom de surpresa, era a primeira vez que a filha de Maegor a visitava. Rapidamente seu olhar fechou-se novamente em um oceano de ódio.Naina deu uma longa analisada por toda prisão deixando seus olhos pousarem sobre Lyliane, a garota estava sentada em um dos cantos da cela. Ela parecia mais magra e suja, seus cabelos emaranhados não demonstravam o que um dia foi uma bela cascata negra escorrendo ondulada por seu pescoço. A feição de Naina não escondeu a pena que sentiu e sua voz trêmula apenas a confirmou. 
No fundo do horizonte se erguia a cidade de Idalon, grandiosa. O famoso castelo da família Mesiac se erguia majestosamente sobre o resto da cidade, podendo ser visto de muito longe, como era o caso agora. A cidade de Idalon era inteiramente íngreme, pois foi construída sobre uma montanha, o que tornava sua aparência muito peculiar e diferente. O castelo no qual vivia a família Mesiac ficava na ponta final da cidade, como se toda a cidade fosse uma escada e a recompensa de chegar ao último andar era poder estar perto dos céus.Em noites de luas cheias, era como se a ponta mais alto do castelo estivesse tentando encostar-se à lua, como aquela criança que se estica toda para pegar um doce no topo do armário. Por isso foi chamado de Inular, que em uma das línguas antigas e esquecidas de Arqueham significa “encosto do luar”.Daenor e Lyliane tinham o costume de subir at
Os dias seguintes no Palácio de Neve foram muito parecidos. Lyliane raramente podia sair do quarto, salvo algumas exceções quando estava acompanhada. Por dentro sentia-se totalmente inquieta por ficar preso dentro de um pequeno quarto e aquilo a consumia. Se não fosse por Naina que fazia visitas regulares para jogar Ankar, talvez ela já estaria surtando. E não seria por menos, ficar dentro de um pequeno espaço cúbico sem nada para fazer por dias não é uma das experiências mais divertidas que existe.Naina não era a única visita que recebia, as vezes Elrom tentava passar por lá para conversar, mas sempre Lyliane o confrontava implacavelmente, não cedendo a sua lábia. Com exceção desses dois membros da família Sonne, Lyliane não viu mais nenhum deles nos primeiros dias. Pelo menos a isso ela poderia ser grata, ainda sentia uma fú