O silêncio preenchia os corredores da fortaleza, interrompido apenas pelo som suave do vento batendo nas janelas. Selena passou os dedos delicadamente pelos cabelos das duas pequenas figuras adormecidas em seus berços. A respiração tranquila dos bebês era quase melódica, e seu coração se enchia ao vê-los em paz.
Lucian estava ao seu lado, observando os filhos com aquele olhar protetor que só Selena conhecia. Ele ajeitou o cobertor de uma das crianças antes de entrelaçar os dedos aos dela.— Vamos? — ele perguntou baixinho.Ela assentiu, dando um último beijo na testa dos pequenos.Já no quarto do casal, o calor da lareira iluminava suavemente as paredes de pedra. Selena se sentou na ponta da cama enquanto Lucian retirava a camisa, os músculos marcados pelas batalhas da vida ganhando tons dourados sob a luz. Mas sua expressão estava distante, pensativa.— Lucian... — ela chamou, a voz gentil, mas firme. — Quero saber sobre Maedra.A quietude da noite no castelo era quase ilusória. Luke e Lucy dormiam serenos em seu berço duplo, um do lado do outro, os rostinhos calmos como se não pertencessem a um mundo repleto de ameaças. Selena ajeitava cuidadosamente a manta sobre os dois, os olhos marejando de ternura ao observar a filha segurar com delicadeza o dedo do irmão, mesmo dormindo.Lucian, encostado à porta do quarto, os observava com uma expressão protetora e inquieta. Desde que a conversa sobre Maedra havia acontecido, algo dentro dele permanecia em estado de alerta.— É loucura — disse Selena, sem se virar. — Pensar que há tanto mal rondando, quando tudo que há de mais puro está aqui, nesse quarto.Lucian aproximou-se e a abraçou pelas costas, apoiando o queixo em seu ombro.— É por isso que precisamos estar preparados.O celular vibrou no bolso de Lucian, quebrando o instante de paz. Era Helena. Ele franziu o cenho.— É sua mãe — murmurou. — Vou atender
Seis meses se passaram desde o último ataque. Nada. Nenhum movimento estranho, nenhuma presença maligna nos arredores do palácio, nenhuma investida nas fronteiras das alcatéias aliadas. A paz reinava… mas era uma paz inquieta, feita de silêncios longos demais e olhares que se perdiam na linha do horizonte esperando por algo. Sabíamos que o perigo ainda existia, apenas aguardando o momento certo.Vivíamos em constante vigilância. Guardas dobrados, reuniões semanais, relatórios das patrulhas, reforços enviados para cada alcatéia sob nosso domínio. Mesmo assim, a tensão era quase palpável dentro dos muros do castelo.Mas naquele dia, Lucian decidiu quebrar a rotina.— Vamos respirar um pouco — ele disse pela manhã, os olhos dourados suaves, quase esperançosos. — O jardim está florido. Já organizei com a equipe da cozinha. Quero um piquenique, Selena. Para nós. Para os pequenos. Para todos.— Todos? — levantei uma sobrancelha, desconfiada.—
Com a aproximação da grande reunião dos alfas, o castelo estava em constante movimento. Os corredores vibravam com passos apressados, ordens e preparativos. Era uma ocasião importante: em poucos dias, líderes de diversas alcatéias estariam sob o mesmo teto para discutir o futuro e, talvez, a realização do tradicional Baile de Companheiros.Selena caminhava lado a lado com Celeste e Luna pelos corredores em direção à ala das cozinhas. O som de panelas e vozes abafadas já podia ser ouvido à distância.— A chefe Dana vai querer nos matar com tanta mudança de última hora — murmurou Celeste, cruzando os braços.— Ela vai entender — respondeu Selena com um sorriso. — Precisamos ter tudo perfeito. Não são visitas comuns. São alfas e suas lunas. Eles estarão atentos a tudo.Ao entrarem na cozinha, o calor e o cheiro das especiarias as envolveram de imediato. Dana, a chefe de cozinha, estava coordenando uma equipe de pelo menos dez pessoas, todos concentrados.— Dana! — chamou Selena.A mulher
O sol da manhã iluminava os jardins do castelo, refletindo sobre as janelas altas da ala leste onde os alfas e suas lunas seriam hospedados. Os empregados se moviam com agilidade, dando os últimos retoques nas acomodações, verificando se tudo estava impecável. Roupas de cama trocadas, flores frescas nos vasos, cestos com frutas e vinhos selecionados sobre as mesas. A segurança havia sido reforçada naquela ala, com guerreiros posicionados nas entradas e nos corredores principais, atentos a qualquer movimentação suspeita.Lucian havia passado as primeiras horas do dia em reuniões com Rylan e Caden, coordenando os detalhes da chegada dos convidados. Desde a segurança reforçada até a ordem dos quartos, tudo fora cuidadosamente planejado. Os alfas vinham de diversas partes do país, e cada um teria seu espaço privado, mas todos próximos ao salão onde aconteceria a reunião no dia seguinte.— Tudo certo com as acomodações? — perguntou Lucian enquanto caminhava com Rylan pelos corredores.— Si
O sol ainda brilhava alto quando os alfas e suas respectivas lunas foram conduzidos à sala de reuniões principal do castelo. A atmosfera estava levemente tensa, não por desconfiança, mas pela expectativa. Fazia quase dois anos desde a última reunião completa dos alfas de todas as alcatéias aliadas. O salão estava impecável — longas janelas abertas deixavam a luz natural entrar, iluminando os móveis de madeira escura e os detalhes prateados nas paredes. A mesa central, longa e retangular, estava preparada com pastas para cada alfa, além de garrafas de água e taças de cristal.Lucian entrou por uma das portas laterais, com postura ereta e semblante calmo. Ele trajava uma camisa escura, mangas dobradas nos antebraços, e o olhar atento de quem há meses pensa em todos os cenários possíveis. À sua direita, seu beta, Rylan, e à esquerda, seu gama, Caden, o acompanhavam.— Que comecem os trabalhos — disse Lucian, com a voz firme e autoritária.Os alfas foram se acomodando um a um. Alguns troc
Após o elegante almoço servido pela chefe Dana, os alfas e suas lunas foram reconduzidos à sala de reuniões. O ambiente, embora solene, carregava agora um ar ligeiramente mais leve, como se a refeição tivesse acalmado os ânimos e preparado os líderes para a próxima pauta: o Baile de Companheiros.Lucian, sentado à cabeceira da mesa, tamborilava os dedos contra a madeira polida enquanto observava todos se acomodarem. Ao seu lado, Selena mantinha a postura ereta, mas o olhar atento, como se já antecipasse os argumentos que viriam.— Bem, como já discutido anteriormente, o próximo ponto é sobre o Baile de Companheiros deste ano — começou Lucian, a voz firme preenchendo o espaço. — No ano passado, mantivemos a tradição. No ano anterior, como todos sabem, o baile foi cancelado pela perda irreparável de Alina. Este ano, mesmo com o cenário em aparente estabilidade, precisamos avaliar com cautela.Alfa Dominic, um homem de cabelos grisalhos e expressão sempre pra
O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.Então, ela sentiu.O olhar.Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.Mas ele só olhava para ela.Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.Na terc
O sol ainda não havia surgido completamente quando Erin abriu os olhos.Por um momento, ela não reconheceu onde estava. Lençóis macios, um colchão absurdamente confortável, um aroma amadeirado e masculino preenchendo o ar. Então, a memória da noite passada a atingiu como um raio.Lucian.Ela virou a cabeça devagar e viu o homem dormindo ao seu lado. Mesmo adormecido, ele exalava poder. O lençol cobria parte de seu corpo, mas ela podia ver os músculos definidos, os traços fortes, a pele quente contra a luz fraca do amanhecer.Seu coração acelerou.O que diabos ela tinha feito?Uma onda de pânico tomou conta dela. Ela nunca tinha feito algo assim. Passara a vida toda se protegendo, construindo barreiras para que ninguém se aproximasse. E agora… havia se entregado a um estranho.Um estranho que, claramente, era rico.Seus olhos percorreram o quarto luxuoso. O lustre no teto, os móveis de design sofisticado, a vista imponente da cidade. Ele não era um lobo comum. Não era um cliente qualqu