༺ Bianca Madson ༻Andando pela casa abandonada, observei as paredes sujas e cobertas de grafites, o chão de madeira rangendo sob meus pés. A escolha deste local não foi aleatória; era perfeito para manter Louren presa, longe dos olhos curiosos.As janelas estavam quebradas, permitindo que a luz da lua entrasse e iluminasse parcialmente o ambiente, criando sombras sinistras. A umidade impregnava o ar, e o cheiro de mofo era intenso. Meu pai caminhava ao meu lado, visivelmente nervoso.— O que fazemos agora? — perguntou ele, quebrando o silêncio.Parei por um momento, pensando na melhor forma de seguir em frente.— Precisamos esperar um pouco. Carlos Eduardo deve ter chamado a polícia. — respondi, com frieza calculada.Meu pai assentiu, a preocupação estampada em seu rosto.— Agora precisamos ter cuidado. Você trouxe o telefone pré-pago e os dois chips que pedi? — perguntei, mudando o foco da conversa.Ele assentiu, tirando os itens do bolso e me entregando.— Sim, está tudo aqui.Obser
༺Carlos Eduardo ༻Estava na sala da minha casa, olhando para a paisagem lá fora, tentando encontrar um pouco de paz no meio de tanto caos. Afonso não havia saído do meu lado desde que Louren foi sequestrada. Luan, seu irmão, chegou imediatamente a São Paulo assim que soube do que aconteceu. Rogério, o delegado e meu amigo estavam ali também, tentando manter a calma.— Não é possível que ninguém vai ligar e dar qualquer pista — desabafei, a angústia corroendo cada parte de mim.— Geralmente, sequestros são assim. Eles esperam a vítima se desesperar muito para poder atacar. É o que ela está fazendo — respondeu Rogério, tentando me acalmar.Luan se aproximou, a preocupação evidente em seu rosto:— Como assim, ela? É uma mulher que está por trás disso?Olhei para ele, tentando manter a calma:— Tenho quase certeza de que é a Bianca que está por trás do sequestro da Louren.Luan ficou vermelho de raiva, apertando os punhos:— A maldade dessa mulher não tem limite. Louren está grávida, não
༺ Louren Smith ༻O tempo parecia se arrastar naquele quartinho sujo e abafado. Tentava manter a calma, mas a dor de cabeça e a sede eram constantes lembretes da minha situação desesperadora. Meus pensamentos eram interrompidos pelo som de vozes elevadas do lado de fora. Era Bianca discutindo com seu pai.— Precisamos sair daqui. Não é um lugar seguro, podemos ser localizados a qualquer momento! — a voz dele estava cheia de urgência.— Eu sei! — respondeu Bianca, irritada. — Eu já joguei o chip fora. Usaremos o outro.Ouvindo isso, meu coração começou a bater mais rápido. Se eles estavam preocupados com a segurança, significava que alguém poderia estar chegando perto. Talvez houvesse esperança.De repente, a porta do quarto se abriu com um estrondo. Bianca entrou, a expressão dura, e a arma em punho.— Levanta! — ordenou ela, sua voz cortante.— Para onde você vai me levar? — perguntei, a voz trêmula de medo.— Isso não é da sua conta. Apenas obedeça! — ela respondeu, sua paciência vis
༺ Carlos Eduardo ༻Após horas de espera angustiantes, recebi finalmente a notícia de que haviam localizado a origem da ligação. Rogério organizou tudo rapidamente, e nós nos dirigimos para o local na serra de São Paulo.Durante todo o caminho, meu coração martelava no peito. Tentei me preparar para o que quer que fosse encontrar, mas nada podia aliviar o pavor crescente em meu peito.Quando chegamos, o lugar estava completamente vazio. Um cenário desolador, com sinais de abandono por todos os lados. O cheiro de mofo e o som dos nossos passos ecoando no chão sujo só aumentavam a sensação de desespero.Rogério começou a conversar com um de seus agentes assim que saímos dos carros.— Tem certeza que era aqui? — ele perguntou, olhando ao redor, cético.O agente confirmou, a voz cheia de frustração.— Sim, delegado. A triangulação da chamada apontava exatamente para este ponto. Eles estavam aqui.Enquanto eles discutiam, comecei a andar pelo local, procurando qualquer sinal de Louren. Seu
༺ Louren Smith ༻Respiro fundo, sentindo o cheiro fétido e a umidade do quarto imundo em que estou presa. Pergunto-me quanto tempo suportarei isso, presa como um animal. De repente, a porta se abre com um rangido e vejo Bianca entrar, seu rosto uma máscara de frieza.Ela segura um telefone celular, e eu a olho, confusa.— O que você está fazendo? — pergunto, tentando manter a voz firme.Bianca me lança um olhar venenoso.— Cala a boca, — ela ordena. — Vou mandar um vídeo para o Carlos Eduardo, para ele perceber que não estou brincando.Sinto um frio na espinha. Essa situação já foi longe demais.— Isso já está indo longe demais, Bianca. — Tento argumentar, mas antes que eu possa terminar, sinto um tapa forte no meu rosto.Me seguro, resistindo à vontade de reagir. Sei que, se fizer isso, ela pode machucar ainda mais a mim ou ao meu filho.— Agora fique quieta e obedeça, — Bianca rosna. — Vou começar a gravação.Ela ajusta o telefone e aponta a câmera para mim. Seus olhos brilham com u
༺ Carlos Eduardo ༻A espera está me matando. Desde que Bianca ligou pela última vez, não houve mais nenhum contato. A tensão é quase insuportável. De repente, meu celular vibra e vejo que recebi uma mensagem de um número desconhecido. Meu coração acelera.— Rogério! — chamo, minha voz carregada de urgência.Ele vem correndo, e eu mostro a mensagem. Ele faz um gesto para que eu compartilhe o vídeo no notebook da polícia.— Vamos abrir — diz ele, sua expressão séria.Com as mãos trêmulas, conecto o celular ao notebook e coloco o vídeo para rodar. A imagem é instável no início, mas logo reconheço o rosto cruel de Bianca. Ela está com um sorriso sarcástico, e meu sangue ferve de ódio.— Olá, Carlos Eduardo — diz ela, com a voz cheia de veneno. — Como você está? Espero que não esteja se divertindo muito, porque eu estou.Ela se vira, e a câmera mostra Louren, amarrada e suja, com o rosto marcado por lágrimas e um olhar de puro terror. Meu coração dói ao vê-la assim.— Aqui está a sua amada
༺ Bianca Madson ༻ Após fazer a ligação de um local distante, eu retorno ao carro onde Jorge, o capanga que contratei, me espera pacientemente. Seguimos para um estabelecimento na estrada, onde compro algumas bebidas. A viagem de volta à casa abandonada parece mais curta agora, com a expectativa de um desfecho próximo. Assim que chegamos, saio do carro com a sacola de bebidas e alguns petiscos. Entro na casa, colocando tudo sobre a mesa. Pego alguns copos e me sirvo de vinho. Meu pai, sentado no canto da sala, olha curioso e surpreso. — Por que estamos comemorando? — ele pergunta, levantando uma sobrancelha. — Porque conseguimos — respondo com um sorriso triunfante. — Carlos Eduardo já providenciou o dinheiro. Meu pai, sempre desconfiado, me olha com ceticismo. — Tão rápido assim? Geralmente, remessas desse tipo levam dois dias. Reviro os olhos, impaciente. — Carlos Eduardo falou diretamente com o gerente do banco. Ele conseguiu isso porque está desesperado para ter a mu
༺ Louren Smith ༻Levantei-me, olhando ao redor da pequena e imunda sala onde estava trancada. A necessidade de ir ao banheiro era urgente, então comecei a bater na porta, tentando chamar a atenção de alguém do lado de fora.— Ei! Preciso ir ao banheiro! — gritei, esperando que alguém me ouvisse.Depois de alguns minutos, ouvi a voz do pai de Bianca respondendo do outro lado da porta.— Você vai ter que esperar. Estou sozinho aqui e não abrirei a porta para você.Senti uma onda de desespero e raiva me atingir. Isso era desumano. Eles não podiam me tratar assim.— Eu não posso esperar! Estou apertada, preciso ir ao banheiro agora! — insisti, tentando manter minha voz firme, apesar do medo e da frustração.Pensei que, se ele abrisse a porta, talvez eu pudesse dar com alguma coisa na cabeça dele e tentar fugir. Mas sua resposta me deixou ainda mais desanimada.— Eu não vou abrir a porta. Se você não consegue segurar, faça suas necessidades em algum canto do quarto.Era um absurdo! Como po