༺ Carlos Eduardo ༻Passei o dia atolado com diversos assuntos da empresa, mas a imagem de Louren não saía da minha cabeça. Algo estava me incomodando, uma sensação ruim, porém, tentava afastar esses pensamentos, dizendo a mim mesmo que era apenas paranoia da minha cabeça.As horas se arrastaram, e a angústia dentro de mim crescia, embora eu insistisse que ela estava bem.De repente, Vera entrou no meu escritório, visivelmente nervosa.— Senhor Carlos Eduardo, preciso falar urgente com o senhor.Senti um nó na garganta e a preocupação que tentava suprimir emergiu.— O que aconteceu, Vera? — perguntei, tentando manter a calma.— Ligaram da loja da senhorita Louren… aconteceu uma fatalidade — disse ela, com a voz trêmula.Levantei-me rapidamente da cadeira, o coração disparado.— Que fatalidade, Vera? O que foi que aconteceu?Ela respirou fundo, hesitante.— A gerente da loja informou que… levaram a senhorita Louren.Perplexo, senti o chão se abrir sob meus pés.— Como assim, levaram?—
༺ Louren Smith ༻Acordei com uma dor pulsante na cabeça, em um lugar que eu não reconhecia. O colchão sujo em que estava deitada parecia mais um pedaço de espuma velha do que algo que se poderia chamar de cama.O ambiente ao redor era sombrio e desconfortável, com uma janela alta demais para qualquer tentativa de fuga e uma porta de ferro enferrujada que só aumentava a sensação de aprisionamento.Me esforcei para lembrar o que havia acontecido, mas minha mente estava embaçada. O som de risadas do lado de fora me chamou a atenção, trazendo uma pitada de clareza. Levantei-me devagar, minha cabeça ainda latejando, e me aproximei da porta para ouvir melhor.— E essa madame, hein? Vai pagar ou não? — uma voz rouca questionou, com um tom de impaciência.— Disse que o dinheiro estava a caminho, mas já faz horas. Não podemos ficar mantendo essa mulher grávida aqui por muito tempo — outra voz respondeu, com uma pitada de preocupação.— É, se ela não pagar logo, vamos ter que achar outra soluçã
༺ Bianca Madson ༻Andando pela casa abandonada, observei as paredes sujas e cobertas de grafites, o chão de madeira rangendo sob meus pés. A escolha deste local não foi aleatória; era perfeito para manter Louren presa, longe dos olhos curiosos.As janelas estavam quebradas, permitindo que a luz da lua entrasse e iluminasse parcialmente o ambiente, criando sombras sinistras. A umidade impregnava o ar, e o cheiro de mofo era intenso. Meu pai caminhava ao meu lado, visivelmente nervoso.— O que fazemos agora? — perguntou ele, quebrando o silêncio.Parei por um momento, pensando na melhor forma de seguir em frente.— Precisamos esperar um pouco. Carlos Eduardo deve ter chamado a polícia. — respondi, com frieza calculada.Meu pai assentiu, a preocupação estampada em seu rosto.— Agora precisamos ter cuidado. Você trouxe o telefone pré-pago e os dois chips que pedi? — perguntei, mudando o foco da conversa.Ele assentiu, tirando os itens do bolso e me entregando.— Sim, está tudo aqui.Obser
༺Carlos Eduardo ༻Estava na sala da minha casa, olhando para a paisagem lá fora, tentando encontrar um pouco de paz no meio de tanto caos. Afonso não havia saído do meu lado desde que Louren foi sequestrada. Luan, seu irmão, chegou imediatamente a São Paulo assim que soube do que aconteceu. Rogério, o delegado e meu amigo estavam ali também, tentando manter a calma.— Não é possível que ninguém vai ligar e dar qualquer pista — desabafei, a angústia corroendo cada parte de mim.— Geralmente, sequestros são assim. Eles esperam a vítima se desesperar muito para poder atacar. É o que ela está fazendo — respondeu Rogério, tentando me acalmar.Luan se aproximou, a preocupação evidente em seu rosto:— Como assim, ela? É uma mulher que está por trás disso?Olhei para ele, tentando manter a calma:— Tenho quase certeza de que é a Bianca que está por trás do sequestro da Louren.Luan ficou vermelho de raiva, apertando os punhos:— A maldade dessa mulher não tem limite. Louren está grávida, não
༺ Louren Smith ༻O tempo parecia se arrastar naquele quartinho sujo e abafado. Tentava manter a calma, mas a dor de cabeça e a sede eram constantes lembretes da minha situação desesperadora. Meus pensamentos eram interrompidos pelo som de vozes elevadas do lado de fora. Era Bianca discutindo com seu pai.— Precisamos sair daqui. Não é um lugar seguro, podemos ser localizados a qualquer momento! — a voz dele estava cheia de urgência.— Eu sei! — respondeu Bianca, irritada. — Eu já joguei o chip fora. Usaremos o outro.Ouvindo isso, meu coração começou a bater mais rápido. Se eles estavam preocupados com a segurança, significava que alguém poderia estar chegando perto. Talvez houvesse esperança.De repente, a porta do quarto se abriu com um estrondo. Bianca entrou, a expressão dura, e a arma em punho.— Levanta! — ordenou ela, sua voz cortante.— Para onde você vai me levar? — perguntei, a voz trêmula de medo.— Isso não é da sua conta. Apenas obedeça! — ela respondeu, sua paciência vis
༺ Carlos Eduardo ༻Após horas de espera angustiantes, recebi finalmente a notícia de que haviam localizado a origem da ligação. Rogério organizou tudo rapidamente, e nós nos dirigimos para o local na serra de São Paulo.Durante todo o caminho, meu coração martelava no peito. Tentei me preparar para o que quer que fosse encontrar, mas nada podia aliviar o pavor crescente em meu peito.Quando chegamos, o lugar estava completamente vazio. Um cenário desolador, com sinais de abandono por todos os lados. O cheiro de mofo e o som dos nossos passos ecoando no chão sujo só aumentavam a sensação de desespero.Rogério começou a conversar com um de seus agentes assim que saímos dos carros.— Tem certeza que era aqui? — ele perguntou, olhando ao redor, cético.O agente confirmou, a voz cheia de frustração.— Sim, delegado. A triangulação da chamada apontava exatamente para este ponto. Eles estavam aqui.Enquanto eles discutiam, comecei a andar pelo local, procurando qualquer sinal de Louren. Seu
༺ Louren Smith ༻Respiro fundo, sentindo o cheiro fétido e a umidade do quarto imundo em que estou presa. Pergunto-me quanto tempo suportarei isso, presa como um animal. De repente, a porta se abre com um rangido e vejo Bianca entrar, seu rosto uma máscara de frieza.Ela segura um telefone celular, e eu a olho, confusa.— O que você está fazendo? — pergunto, tentando manter a voz firme.Bianca me lança um olhar venenoso.— Cala a boca, — ela ordena. — Vou mandar um vídeo para o Carlos Eduardo, para ele perceber que não estou brincando.Sinto um frio na espinha. Essa situação já foi longe demais.— Isso já está indo longe demais, Bianca. — Tento argumentar, mas antes que eu possa terminar, sinto um tapa forte no meu rosto.Me seguro, resistindo à vontade de reagir. Sei que, se fizer isso, ela pode machucar ainda mais a mim ou ao meu filho.— Agora fique quieta e obedeça, — Bianca rosna. — Vou começar a gravação.Ela ajusta o telefone e aponta a câmera para mim. Seus olhos brilham com u
༺ Carlos Eduardo ༻A espera está me matando. Desde que Bianca ligou pela última vez, não houve mais nenhum contato. A tensão é quase insuportável. De repente, meu celular vibra e vejo que recebi uma mensagem de um número desconhecido. Meu coração acelera.— Rogério! — chamo, minha voz carregada de urgência.Ele vem correndo, e eu mostro a mensagem. Ele faz um gesto para que eu compartilhe o vídeo no notebook da polícia.— Vamos abrir — diz ele, sua expressão séria.Com as mãos trêmulas, conecto o celular ao notebook e coloco o vídeo para rodar. A imagem é instável no início, mas logo reconheço o rosto cruel de Bianca. Ela está com um sorriso sarcástico, e meu sangue ferve de ódio.— Olá, Carlos Eduardo — diz ela, com a voz cheia de veneno. — Como você está? Espero que não esteja se divertindo muito, porque eu estou.Ela se vira, e a câmera mostra Louren, amarrada e suja, com o rosto marcado por lágrimas e um olhar de puro terror. Meu coração dói ao vê-la assim.— Aqui está a sua amada