Eu era uma criança feliz, mesmo com todas as dificuldades ao meu redor. Não digo relacionado ao dinheiro, já que a família da minha mãe, da minha avó, para ser mais específica tinha dinheiro de forma razoável. Ela mora em Stamford e é dona de uma enorme fazenda, sempre teve uma vida razoavelmente boa com toda a herança que o meu avô a deixou. Sempre amei os cavalos de lá.
Todos os membros da nossa família se davam bem, até acontecer o acidente dos meus pais. Estava em Stamford com a minha avó, passando meus últimos dias das férias escolares, então eu liguei para os meus pais, insistindo que eles me buscassem naquela noite, que estava fria e chuvosa. Minha vó, por outro lado, insistiu que eles ficassem em um hotel ainda na estrada, por causa da tempestade. Eles obedeceram. Por causa dela, eles ficaram lá, e eu não sei dizer se foi apenas coincidência ou obra do destino, só sei que doeu do mesmo jeito, saber que eles morreram esmagados por uma parede que foi mal arquitetada em um quarto de hotel, e por conta da tempestade a mesma desabou, e várias outras pessoas também morreram naquela triste noite, agora eles estavam longe de mim. Por culpa minha… ou talvez grande parte da minha avó.
Foi assim que a minha história começou, e desde esse trágico dia eu moro com a minha tia Amélia em Nova York. Ela é filha da minha avó, porém elas também não se dão bem depois do acidente. Nós sempre fomos unidas, e ficamos ainda mais, já que agora ela seria a minha única família. A minha mãe tinha uma pequena e charmosa cafeteria no centro da cidade, que ficou para a minha tia e foi graças a ela que nós duas sobrevivemos até que eu cresci e consegui o meu primeiro emprego.
— Mia, pode me cobrir hoje a noite? — A penny me pergunta, eufórica.
— Claro, Penny, estou mesmo precisando de mais grana — Respondo em um tom simpático e a mesma me encara em resposta.
— E a sua tia? — Ela não fez questão de esconder o seu semblante preocupado.
— Ela vai receber os resultados dos exames amanhã — Suspiro triste.
— Vai dar tudo certo, eu cubro você amanhã. — Sugere e eu sorrio fraco. — Vou indo nessa, obrigada, te amo e se o Charles aparecer, diga que mandei ele se foder — Charles era nosso chefe rabugento.
— Até parece. — Falo rindo, e ela sai rebolando e eu continuei ali, trabalhando.
Bom agora vou apresentar-me, sou a Mia Evans, tenho vinte e três anos e moro na periferia de nova York desde que me entendo por gente, fui criada pela minha tia, a Amélia.
Minha tia largou tudo para cuidar de mim, quando os meus pais se foram, nunca vou conseguir retribuir tudo que ela fez por mim por todos esses anos, mas hoje não estamos em um bom momento.
A dois meses atrás minha vida estava ótima, talvez não tão bem assim mas pra mim, era um verdadeiro conto de fadas, finalmente depois de anos tentando, consegui a metade da minha bolsa de estudos por uma empresa qualquer que não me vem o nome nesse momento, a tão sonhada faculdade de arquitetura e paisagismo, eu só precisava me esforçar em algum trabalho pra pagar o restante, mas aí o grande baque veio, a Amélia, minha querida tia adoeceu, ela estava fraca, ficou internada durante vários dias, vi o sorriso do rosto dela sumir aos poucos, e parte de mim também estava morrendo com ela, os médicos não falaram nada pra gente mais eu já esperava o que estava por vir, e amanhã será o grande dia, bom, pra mim no caso, o pior dia.
Trabalho em um bar chique de Nova York graças a minha amiga, que me indicou, Penny vem de Penélope, eu e ela somos amigas desde sempre, e moramos no mesmo bairro, o que me ajuda já que na real não gosto desse trabalho, na maioria das vezes eu só atendo velhos ricos que se acham os donos do mundo, e vejo mulheres se oferecendo pra homens como se fosse uma carne barata de um açougue prestes a ser comprada.
A Penny é muito diferente de mim, e acho que por isso, a gente combinou tanto, se fôssemos iguais o mundo não aguentaria, minha amiga sempre que pode se j**a nos braços de alguns clientes do bar, quando o rabugento do nosso chefe, não está por perto, e eu sempre reclamo, mas quem disse que essa cabeça de vento me ouve? Não mesmo.
Hoje a sem vergonha me deixou sozinha pra ir num encontro, dessa vez ela não o conheceu no bar e sim num aplicativo de namoro.
Ai Penny, não sei o que é pior!
O bar hoje estava bem vazio, o que significava que eu podia ir embora mais cedo, só não dou pulinhos porque o Charles está andando pelo bar.
— Mia, onde está a Penélope? — Pergunta me olhando furioso.
— Ela teve uma emergência e precisou sair. — Falo esperando ele acreditar.
— E a terceira vez só essa semana Mia? — Questiona, ainda furioso.
— Não se preocupe, eu prometo dar conta de tudo. — Falo sorrindo tentando não rir da cara de cu dele.
— Acho bom, odiaria mandar sua amiga pro olho da rua. — Engulo em seco, já que a minha verdadeira vontade era de mandar ele se foder como a Penny disse, mas infelizmente pobre não tem um dia de paz não é mesmo? Se antes eu precisava desse emprego agora eu preciso ainda mais.
— Certo senhor Charles. — Ele me olha com indiferença e somente quando saí do bar que eu respiro aliviada.
A noite andava bem, graças a Deus, os outros garçons já estavam saindo, e eu como sempre serei a última da noite a ir embora, tudo por culpa da minha lerdeza que não me deixou fazer tudo mais rápido.
E quando finalmente eu vi tudo arrumado, me posicionei para que pudesse tirar o avental, vi aqueles dois indivíduos entrando no bar, bufei de ódio mais logo mantive meu profissionalismo, um dos homens era muito bonito, arrisco-me a dizer que nunca vi um homem tão elegante assim de terno na cor cinza, ele era meio loiro, não espera, acho que está mais pra um castanho claro e os olhos castanhos também, a pele branca, a barba bem feita, e um físico excepcional.
Enquanto o outro por outro lado não chamava tanta atenção, mas não o chamaria de feio, pelo contrário, ele também tinha um físico bom, também usava terno, só que na cor preta. Eles olham pro lado, e percebem que o bar já não tinha clientes.
— Vamos embora Santiago, não vê que já está fechando — O de terno cinza diz, e eu agradeço mentalmente.
— Relaxe amigo, você precisa de uma dose para se sentir melhor. — O de terno preto diz, e eles caminham na minha direção, quer dizer na direção do balcão. — Pode me servir duas doses de tequila? Bom, acho melhor uma garrafa.
— Claro senhor. — Me viro pra pegar a garrafa e sinto o peso dos olhares, a única parte boa nisso tudo é que eles parecem ricos, uma gorjeta gorda não seria má ideia, já me ajudaria no táxi amanhã para voltar do médico. — Aqui está. — Digo colocando a tequila nos copos, o homem de terno cinza me parece bem abatido ou talvez entediado, diferente do outro que está quase sorrindo sozinho.
— Como é o seu nome, minha cara senhorita? — O homem de terno preto pergunta me olhando sedutoramente.
— Mia. — Falo sem muitos rodeios, não gosto de sorrir aqui, a maioria acha que estamos nos oferecendo, a Penny sempre faz isso então eu evito.
— Muito prazer Mia, meu nome é Santiago e esse é o meu amigo Liam. — Ele me olha rápido, mas não diz nada. — Não ligue pra ele, ele acabou de saber que a sua ex noiva vai se casar. — Diz sarcástico e eu acabo soltando uma risada, logo o tal Liam me fuzila com seu olhar furioso.
— Não ligue pra ele Mia, eu também rir quando soube. — Não respondo, só saio dali indo pra outro canto do balcão, não quero ficar de frente pra esses dois, o tal Liam nem toca na bebida, enquanto o Santiago seca toda a garrafa em minutos.
— Por Dios Santiago, vamos embora, você sabe que isso não tem nenhum significado para mim.
— Meu amigo eu juro que queria ser essa rocha igual você é — Eu observava tudo, mesmo não olhando diretamente para eles.
— Senhorita. — Ele me chama. — A conta por favor. — Anoto o valor e coloco em cima do balcão. — Pode ficar com o troco. — Disse simples, mas com ar de superioridade, e como eu pensei, ele é um mala.
Terminei de arrumar o resto e saí dali às pressas, já que estava bem tarde.
Liam LinsMeu nome é Liam Lins, sou um arquiteto bem sucedido de Nova York, tenho vinte e oito anos e há quatro anos fundei a Lins Arquitetura. Logo depois de decidir que eu não queria, de forma alguma, assumir a empresa do meu pai — a Walker Construções —, uma empresa com grande porte na área de construção, mas que nunca combinou comigo. Meu pai, sem entender o meu lado, ficou furioso e sempre tenta me convencer do contrário, foi por isso que eu saí da casa dele e me mudei para o apartamento que moro hoje. Também foi esse o motivo que me fez usar somente o sobrenome de solteira da minha mãe, algo que deixou o clima ainda mais pesado entre mim e o meu pai.Nem sempre fui filho único, mas isso não vem ao caso agora. Mas isso explica a grande insistência para que eu fique com a empresa, já que metade das ações são da minha ex noiva, Madison Pierce, para que ela não fique com tudo. Ele odiaria ver tudo o que construiu nas mãos de outra pessoa.Eu e a senhorita Pierce nos conhecemos desde
Mia Evans Acordei cedo como de costume, mas hoje estava com um frio na barriga diferente, estava com medo, angústia e tristeza por saber que nem tudo ficaria bem. Mas eu estava ali, de frente ao banheiro vendo ela se arrumar, minha tia diferente de mim nunca demonstrou suas dores, ela sempre estava com um sorriso no rosto mesmo com tudo ao nosso redor desmoronando, quando ela me vê ali, abre-me um sorriso enorme, ela é realmente tudo na minha vida.— Mia, querida, eu não vi você aí, me ajude a me maquiar por favor? — Sorri vendo o sorriso dela de volta para mim.— Claro, tia. — Passei nela tudo que eu sabia, bom, eu também não sou uma profissional quando se trata de maquiagem— Obrigada querida, estaria perdida sem você. — Respondeu se olhando no espelho.— Eu que estaria perdida sem você. — Disse tentando segurar as lágrimas que estavam criando um nó na minha garganta, mas falhei infelizmente.– Ah Mia, por favor meu amor, não chore, você sabe que sua tia odeia choros não sabe? — Di
Liam LinsAinda não estou acreditando que Santiago colocou essa ideia maluca na minha cabeça, não que a moça não seja bonita, porque ela é exuberante! Porém a senhorita Evans não deve ter os mesmos costumes que a Madison o que pode complicá-la em certas situações.— É aí como foi lá dentro? — Santiago pergunta, assim que entro no carro.— Ela meio que já aceitou. — Isso não é nenhum milagre, aquela garota tem cara que gosta muito de homens como você. — Rebate.— Não julgue Santiago, a moça parece ser bem honesta e necessitada.— Só não se deixe levar por aquela carinha bonita meu amigo e não esqueça de fazer um contrato bem feito, não podemos confiar em estranhos. — Avisou.— Claro, um contrato. — Indaguei. Depois de deixar Santiago em sua casa eu vou direto para a minha, normalmente meus dias começam às seis e terminam às onze já que sempre faço alguma atividade física todos os dias antes de ir trabalhar, isso ajuda a manter meu físico.Eu sou um cara extremamente organizado, então
Mia EvansRealmente aceitei essa palhaçada de noivado de mentira? Sério Mia? Logo você que sempre sonhou em um dia conhecer o que é o amor verdadeiro entre duas pessoas.Mas sabe quando você tem um sonho e que talvez custe alguma coisa realizá-lo? Esse era o meu caso, eu queria muito realizar o sonho de me formar e de poder no futuro ser uma mulher independente e melhorar a situação da minha família, que no caso sou eu e a tia Amélia.Então pensei a noite inteira sobre essa proposta, e decidi aceitar. O Liam é um homem de uma boa reputação, pelo visto ele não é muito sociável a muitas mulheres já que namorou a vida inteira com Madison, filha de uma modelo francesa aposentada e um empresário bem sucedido da Califórnia, é talvez eu tenha ficado stalkeando a vida deles um pouco na internet enquanto o meu sono não vinha mas nada demais. Descobri também que Liam é filho do senhor Walker, o homem que destruiu o meu sonho, será mesmo só coincidência? Minha vontade era de falar com o pai de
Liam LinsAcho que me surpreendi um pouco com a atitude de Mia, ela é imprevisível como uma caixinha de surpresas, não dava para saber o que ela estava pensando naquele momento, e bom, eu não gosto disso! Gosto de organizar cada palavra que vou dizer, medir milimetricamente o efeito dela em cada um. Assim que cheguei em casa tinha uma mensagem do Santiago pedindo para me encontrar em um local, era um lugar novo, no começo não aceitei mas ele acabou me convencendo, me arrumei rápido e fui. Estacionei de frente e esperei ele ali.— Já pode descer senhor. — Santiago disse calmo do outro lado da porta.— E sério? Balada cara. — Indaguei franzindo o cenho sem nem mesmo perceber.— Sembri un mio vecchio amico, per l'amor di Dio. — Disse cultuado.— Ainda não esqueço que aprendeu italiano só para me tirar do sério. — Afirmei com ar cético.— Nem tudo é sobre você senhor perfeito. — Debochou do seu jeito irônico e eu ri, normalmente só Santiago para me fazer rir, nem que fosse só de ódio. —
Mia EvansO dia de hoje não foi nada fácil, ver a minha tia tentando ser forte, mas destruída por dentro me quebrou de todas as formas, Tia Amélia é e sempre será a minha única família e tudo que eu puder fazer por nós, farei sem medir esforços.Depois de passar pela primeira quimioterapia ela parecia bem, a levei até um restaurante bonito e paguei com o dinheiro que ganhei do Liam. — Você está bem tia? — Perguntei assim que levantamos para irmos embora.— Estou bem Pêssego, e só uma leve tontura. — Disse com pouca voz.— Tem certeza que não quer voltar ao hospital? — Perguntei preocupada.— Está tudo bem Mia, vamos embora querida. — Saímos dali, e fomos no meu carro para casa. Assim que parei em frente, Tia Amélia desceu, e eu a segui.— Mia, você tem um jantar importante hoje. — Disse quando viu que eu estava prestes a começar uma faxina.— Não vou deixar a senhora assim, e sozinha. — avisei.— Você sabe que não estou sozinha, e o Liam vai ficar chateado. — Respirei fundo ao lembr
Liam LinsMesmo que não demonstrasse nada, senti o quão nervosa a Mia estava, até a entendo, uma semana atrás ela nem ao menos me conhecia e agora está fazendo o papel de minha noiva. Estava completamente linda, queria dizer isso, talvez assim ela se sentiria mais confiante em si mesma, mas prefiro ficar na minha e deixar tudo como está.Quando chegamos a casa de Madison não havia nenhum paparazzi do lado de fora, ela realmente cumpriu com o que disse quando falou que seria uma reunião entre pessoas íntimas, mas pela primeira vez eu queria o contrário, assim seria mais fácil que todos soubessem quem é Mia Evans.— Liam, que surpresa maravilhosa. — Madison veio até nós, mas eu sabia que ela estava surpresa ao me ver realmente acompanhado, ela ficou com os braços um pouco abertos e envolveu meu pescoço enquanto um dos meus braços apenas envolveu um pouco de sua cintura.— Eu disse que vinha! — enfatizei educado, e ela segurou na minha gravata como se quisesse arrumar algo que já estava
Mia EvansA festa estava terminando, falei com várias pessoas, algumas eram simpáticas, outras fingiam simpatia principalmente as mulheres. Eu e Santiago não temos nenhuma intimidade, mas ele me pareceu um bom amigo do Liam, a diferença dos dois é notável de longe, enquanto um é discreto como um robô o outro é explosivo e alegre. A Madison tem cara de patricinha mimada, não sei como alguém quer tanto uma pessoa como ela, mas é o coração né? Não dá pra escolher quem se ama. Já estava com torcicolo nos lábios de tanto sorrir, e olha que eu gosto de sorrir, foram várias fotos, pessoas perguntando ao Liam quem eu era, mas agradeci mentalmente pelos pais do Liam não terem vindo, tenho certeza que a dona Gretta me humilharia fácil fácil aqui e o senhor Walker, deve ser bem pior que o filho.— Mia, já podemos ir — Liam disse me tirando do transe, eu olhava seriamente para Madison e pra sua mãe, que me olhou com desdém desde que pisei aqui, o seu pai pelo contrário é um senhor educado, se el