Eu desabafei com a dona Esther que foi entendendo aos poucos o porquê da satisfação de Cristal e resolveu botar mais lenha na fogueira. — É filha, se eu fosse você, ia tirar satisfação, eu não deixava barato! Será que eles já estavam juntos? Será que ele provocou essa separação? Eu fiquei envenenada. — Eu vou lá, eu vou mãe, eu acabo com essa festa, vai ver, vou falar poucas e boas para ele! Dona Esther me segurou na porta. — Bella, você não vai aparecer lá nesses trajes, vai? Vá se trocar, chegue lá, superior, coloque uma roupa fina, a altura do seu marido! Eu soltei o ar pela boca e sai na direção do meu quarto. Tomei um banho e me troquei. Fiquei linda e cheirosa, mas ainda estava cheia de ódio. Eu peguei minha bolsa e a chave do carro. Dona Esther estava me esperando na sala. — Nossa, você está linda! Vai colocar aquela lá no chinelo! — Se ela estiver lá, mãe, eu juro que eu arranco todos os cabelos dela! Eu saí p
Eu tremia inteira, vendo Alex do lado de Adriana. — O que significa isso? O que esta mulher faz aqui?— Já fui falando desse jeito. Alex ficou surpreso com a minha reação. — Bella, calma, não é o que você está pensando! Calma era uma coisa que eu não conseguia ter naquele momento. — E o que é, Alex? Uma visitinha de cordialidade? Vocês trabalham juntos, podem se ver todos os dias! Essa mulher é casada, o que faz a essa hora em sua casa? Andradas também ficou nervoso e começou a explicar: — Bella, Adriana acabou de chegar, é só uma visita de cordialidade mesmo, acredite! — Por que ela está aqui, meu sogro? O seu filho não devia receber mulheres casadas na sua casa! Ficou aquele clima pesado, só eu falava. Eu estava descontrolada e debochada: — O mal da família! Alex não podia fugir à regra, um mulherengo incorrigível! Alex avançou para mim tentando me acalmar, se defendendo: — Não Bella, eu não sou assim, você sabe disso! Nã
Alex entrou em casa bufando e Andradas tentou acalmá-lo. — O que Adriana tinha que vir fazer aqui, Alex? Ela veio dizer que se separou do meu irmão, e por acaso isso interessa a alguém aqui? Que droga, a sua esposa ficou enciumada, talvez vocês ainda tivessem uma chance! Mirtes baixou os olhos desconfiada e se afastou sorrateira. —Volte aqui, Mirtes!— Andradas quase gritou. A mulher paralisou, permanecendo de costas no sentido da mesa de jantar. — Você sabia que Adriana viria hoje? Ela lhe avisou? Mirtes virou-se assustada. — Claro que não, José! Ela só disse que iria se separar do marido, mas eu não imaginei que ela fosse vir correndo nos contar! Alex ficou impaciente. — Esqueçam esse assunto! Bella não merece, Bella não me quer, essa é a verdade! Não se deem ao trabalho de se desgastar com isso, ela queria um motivo para desfazer qualquer possibilidade de volta! Eu cansei! Vamos jantar, vamos tocar nossas vidas! Andradas foi atr
Depois da aula, antes que a van escolar chegasse, Cristal ficava num canto discreto de mãos dadas com Diogo, namorando. De repente, Filippo chegou agitado. — Cristal, o seu pai, ele está parado no carro aqui perto, eu vi, ele está te esperando! Cristal largou rapidamente a mão de Diogo e se levantou do banquinho por entre os arbustos. — Meu pai, meu Deus!— ela exclamou nervosa, com a mão no peito. — Calma, quer que eu fale com ele?— Diogo se prontificou. — Eu também posso te acompanhar, Cristal!— Filippo se ofereceu. — Não! Ficaram loucos? Nem pensar, eu vou sozinha, fiquem aqui vocês dois, por favor! Filippo ficou fazendo companhia a Diogo e Cristal seguiu a procura do pai. Alex estava no carro, estacionado e parecia tranquilo. — Pai! Alex virou-se e sorriu. — Cristal! Ela entrou no carro e o beijou no rosto. — Minha princesinha!— Alex disse segurando as mãos da filha. — Não foi trabalhar?— Cristal se ajeitava no
Diogo não estava totalmente errado, Adriana estava apreensiva com a possibilidade de Alex descobrir sua participação no sequestro de Cristal. Alex estava em seu gabinete, depois de um dia exaustivo de trabalho, quando ela entrou pisando macio. — Adriana!— ele se assustou, ela estava muito perto. Ela sorriu e passou os olhos curiosos pela tela do computador. — Foi difícil hoje?—ela indagou, pouco interessada. Alex se espalhou na cadeira se encostando. — Estou cansado de fato! Casos complicados hoje!— ele disse jogando os cabelos finos e negros para trás. Adriana pode ver o corpo sarado por baixo da roupa social. As pernas abertas de Alex a deixaram desorientada. Apesar de não ter tido uma experiência muito agradável com ele, ela vivia com a certeza de que ao menos uma vez, ele lhe fez mulher. — Desculpe por ontem!— ele disse pensativo. Adriana riu sem jeito. — Ela não entende que não é mais sua mulher. Alex inclinou-se para f
Max praticamente arrancou Adriana da mesa, puxando o seu braço com violência. Ela desequilibrou e quase caiu, mas ele a segurou firme. Alex se levantou irritado. — Quanta estupidez, tio! Pelo amor de Deus, como o senhor pode tratar uma mulher dessa forma? Max riu maliciosamente, soltando Adriana e encarando o sobrinho para soltar o seu veneno. — E como você acha que se pode tratar uma mulher, para que ela não saia de casa levando os seus filhos, como fez a Bella, hein? Alex se desarmou, como se tivesse levado um soco no estômago, ou mesmo sentido um dedo na ferida. — Fora daqui!— ele disse entre os dentes, olhando em volta, impaciente. Max se apoiou na mesa com as duas mãos provocando Alex com o seu olhar cínico. — Vai dar ordem para me prender, imbecil, não conseguiu nem mesmo quando sequestrei sua mulher! Não teve jeito, foi um impulso, Alex desferiu um soco no tio que não esperava e caiu tentando se segurar na cadeira mai
Marcello olhou para dentro da casa e pôde ver todos sentados à mesa de jantar. O ambiente ficava logo ao lado da sala de estar, tendo como divisória apenas algumas colunas de gesso. Os olhares caíram sobre ele, o que o deixou sem graça. — Entre rapaz, venha jantar conosco, você já é de casa!— Por incrível que pareça, era mesmo a dona Esther falando. Marcello sorriu e respirou aliviado. — Entre Marcello!— eu disse sorrindo, liberando a passagem. Nos dirigimos a sala de jantar e paramos diante da mesa. — Sente-se rapaz, jante conosco, nós dê essa honra!— minha mãe me deixava cada vez mais intrigada. Cristal olhou incrédula para ela, sem entender. Marcello estava um tanto encabulado, ele não estava acostumado com as gentilezas da minha mãe, ao contrário, ele sempre foi maltratado por ela. Sempre que vinha me chamar, ela já o colocava para correr. “ Vai procurar o que fazer, garoto! Minha filha não é para o seu bico? Marcello sorriu e
Comemos a sobremesa e como sempre, para as crianças era a melhor parte, elas ficavam animadas e tagarelava sem parar. Cristal limpava a boca de Sophia e me olhava de rabo de olhos de vez em quando. Dona Esther me olhava animada, enquanto auxiliava Antônio, esse se lambuzava, era comilão, mas era o xodó da vovó. Antônio tinha os olhos grandes e azuis como os meus, ela dizia que ele lembrava o meu pai. Depois da sobremesa fomos todos para a sala de estar. Dona Ester nos acompanhou sorridente. Ela disse sacudindo as mãos: — Depois eu tiro a mesa, não tem pressa! Temos visitas e somos educados! Cristal revirou os olhos enquanto nos acompanhava, saímos em fila, como soldadinhos! O grande sofá da sala nos comportou a todos muito bem. Cristal sentou-se junto com Filippo e Júnior, e minha mãe ficou perto de Sophia e Antônio. Eu fiquei numa extremidade com Marcello. — Essa casa é animada, hein? Eu também queria morar aqui!— ele brincou olhando para o