Ah, aquele prédio. Ela conhecia bem ele. Já esteve ali antes. Há dias atrás. A empresa mais importante daquele país estava contratando pessoas, mas infelizmente ela nem mesmo conseguiu passar pela entrevista. Outra pessoa já tinha sido contratada. Se ela tivesse sido mais rápida não estaria agora tentando sobreviver com o pouco que a restava. Bem, isso é mentira, os amigos estavam ajudando-a com boa parte da grana deles. O aluguel da casa, o restante da faculdade, que infelizmente ela não pode continuar, até mesmo algumas coisas necessárias para sua casa. Se sentia envergonhada. E chateada por ainda estar naquela situação. E agora ela tinha acabado com o restante que ainda tinha. Não que estivesse de alguma forma arrependida, foi por uma boa causa.
Há meses não estava com sorte. Desde que seu pai havia se casado novamente, com uma golpista que ela odiava desde os dez anos – que foi o dia em que a conheceu verdadeiramente –, tudo desmoronou, principalmente por perceber que seu pai estava sempre do lado da outra e não de sua própria filha. E por isso estava morando sozinha desde os dezoito, mas infelizmente fazia mais de dois meses que estava sem emprego. Sua melhor amiga, Luna Quinn, estava ajudando-a a pagar o condomínio onde morava e se não fosse por ela, já teria sido despejada.
A mulher olhou o enorme prédio novamente depois de pagar o taxista que havia levado a ela e aos gêmeos, que ela descobriu no meio do caminho que se chamavam Thomas e Natalie, à empresa Kavanagh. quem diria que ela surpreendentemente estaria novamente na porta daquela empresa mais renomada de todo o país, e na qual era conhecida por ela por conta da vinculação que ela tinha com as de seus amigos.
Adentrou a empresa com ambas as crianças que estavam cada um de um lado seu. Percebeu a troca de olhar de ambos e imaginou que estivessem com medo do que o pai diria; afinal, não havia acreditado quando eles contaram que o pai os esperava na empresa. Conhecia uma criança mentirosa quando via uma, e ela soube no exato momento em que olhou nos olhos do garotinho Thomas.
— Thomas? Naty?
Ambos se viraram ao ouvirem seus nomes.
— Tio Ryan. – Dizem juntos, e a mulher olha para o loiro de olhos azuis.
— O que fazem aqui?
— Viemos ver o papai, não pode? – Cruzou os braços.
— Você está a cada dia mais parecido com seu pai. – Murmurou.
— Me desculpe... – Chamou a atenção do outro. – Eu vim acompanhá-los, pois estavam sozinhos.
— Sozinhos? – Olhou para as crianças. – O que aprontaram dessa vez?
— Essa é uma boa pergunta.
As crianças se encolheram ao lado da rosada, e ela percebeu então, que aquele homem de cabelos e olhos escuros, era o pai de ambos.
— Papai.
Como havia imaginado, pensou, e não pode deixar de notar o quanto ele era lindo.
— Vocês estão enrascados.
— Foi culpa daquela monstra, papai.
Ryan começou a rir, e Liam teve de confessar que teve vontade de rir também, mas não o fez para que não perdesse a razão com os filhos.
— Thomas, não fale assim.
— Ela gritou com a Naty.
O pai do menino franziu o cenho, incomodado.
— Me chamou de fresca, papai.
A rosada, que ouvia tudo atentamente, arregalou os olhos, imaginando quem seria a pessoa que faria mal aquelas duas crianças fofas.
— E vocês precisavam colar chiclete no cabelo dela?
Novamente uma risada vinda do amigo, além de não poder deixar de notar os olhos arregalados da mulher entre seus filhos.
— Seu filho a cada dia me impressiona mais com sua inteligência para maldade.
Liam balançou a cabeça.
— Ela mereceu! – Thomas exclamou.
Ouviu um pigarro e cada deles olharam para a dona dele; a rosada.
— Me desculpe, mas quem seria você?
— Ela nos trouxe até aqui, papai. – Natalie respondeu no lugar da mulher. – Ela não queria nos deixar sozinhos.
— Ela pagou até o táxi. – Completou após a irmã.
Mesmo que fosse meus últimos dólares, ela pensou.
— E cuidou de nós até agora. – Terminou, olhando para a mulher de cabelos rosas.
Liam realmente se impressionou, principalmente por ver ambas as crianças tão agradecidas pela mulher perto deles.
— Posso saber seu nome?
— Mia. Mia Lafferty.
Apertou a mão do homem.
— Liam Kavanagh. E esse palhaço é meu melhor amigo, Ryan Maher.
— Palhaço? É assim que trata alguém que é como se fosse seu irmão? – Pergunta de forma indignada.
— Eu agradeço por trazer meus filhos até aqui.
— E ainda me ignora. – Murmura, ainda mais indignado.
As crianças riram ao ouvir o tio.
— Espera. – Liam franziu o cenho de repente. – Você veio fazer uma entrevista aqui, certo?
— Eu vim, sim. – Diz, surpresa por ele se lembrar.
— Eu me lembrei de seu nome por conta do currículo que nos enviou. Sinto muito que não tenha dado certo.
— Tudo bem. – Sorriu fraco. – Bom, eu preciso ir.
— Mais uma vez obrigado.
— Foi um prazer. – Sorriu verdadeiramente, dessa vez, para as crianças.
— Obrigado, Mia. – Thomas agradece, surpreendendo seu pai e tio.
A mulher lhe sorriu, antes de beijar o rosto de Natalie quando a pequena a abraçou, em agradecimento.
— Espera. – Ryan corre até a mulher quando ela dá alguns passos para longe. – Eu estou indo para casa, não quer uma carona?
— Ah, eu não quero...
— Você trouxe meus sobrinhos até aqui, a salvo, então por favor, aceite. – A interrompeu.
— Bom, já que está oferecendo, eu vou aceitar, principalmente porque eu iria ter de voltar de metrô.
Liam os observou sair, imaginando que seu amigo iria fazer o trabalho dele de pesquisar tudo sobre a vida da mulher durante o caminho; só porque ele era extremamente curioso e sabia ser inconveniente quando queria. Não se importou realmente, principalmente porque ela voltaria de metrô quando havia pagado o taxista para deixar seus filhos a salvo com ele ali na empresa.
Seus olhos caíram sobre as crianças, que o olhavam fixamente.
— Vocês estão de castigo.
Viu a troca de olhar entre eles.
— É, nós já esperávamos por isso, papai.
E o Kavanagh não conseguiu, dessa vez, conter a risada ao ouvir seu filho.
Quando descobriu por seu irmão mais velho que ambos seus filhos realmente haviam desaparecido e que a babá estava possessa por conta de um chiclete mascado que seu filho havia pregado em seus cabelos, ele realmente se preocupou; primeiro, porque eles estavam sozinhos pelas ruas de Dublin e segundo, porque com certeza seria processado. Bom, não seria a primeira vez. E naquele momento, o que mais importava para ele era a segurança de seus pequenos. E por esse motivo não se demorou em correr para fora de sua grande sala e pedir para que sua secretária cancelasse tudo que tivesse em sua agenda para aquele dia e o dia seguinte, enquanto seguia para o elevador, completamente nervoso. Imaginava que seus filhos pudessem estar assustados, afinal, nunca estiveram sozinhos pelas ruas da cidade antes. Era perigoso, sempre os avisou disso, em especial das pessoas que podiam lhes fazer mal, e mesmo assim, mesmo depois de tantas e tantas vezes que havia avisado a ambos, eles saíram, e para piorar
Aquele seria um daqueles dias no qual ele não ia a empresa por conta da falta de uma babá, infelizmente perderia alguns dias de trabalho para que as crianças não ficassem sozinhas, e por mais que soubesse que ambos não lhes dariam trabalho se os levasse para a KC, não achou que seria confortável para eles ficarem tantas horas por lá. Liam não culparia os filhos pela forma como expulsaram a babá, não dessa vez, não quando sabia que eles tinham certa razão em mandá-la embora. Claro que não concordava com o modo no qual fizeram, mas compreendeu prontamente, ao saber toda a história da boca de Naty, sua princesinha, que realmente havia ficado chateada com a forma que a mulher lhe tratou. Ambos eram muito carentes e extremamente manhosos, mas tinha de confessar de que Naty era muito mais; talvez por ser uma garotinha. Estava extremamente cansado. Ser pai solteiro não era fácil, mas ele não reclamava, mesmo quando estava exausto e precisava dar banho em ambos e colocá-los para dormir, ind
Mia Lafferty é uma jovem que sonha em terminar a faculdade de medicina, mas a única forma de isso se concretizar é ela ter um trabalho fixo que dure o bastante para poder pagar os anos que ainda faltavam para se formar. E isso estava ameio difícil ultimamente; mais especificamente desde que foi despedida a pouco mais de três meses. O único motivo de ainda não ter sido expulsa do campus, era pelo simples fato de que sua melhor amiga pagava sua mensalidade, mesmo que tivesse dito várias vezes de que não precisava – apesar de que sim, precisava –; se não fosse por ela, estaria sem sua casa e sem seu curso amado, e por isso precisava de um bom emprego para poder tirar esse peso das costas da loira de olhos azuis. A rosada conheceu a melhor amiga no jardim de infância, e desde então, ela esteve sempre consigo, principalmente no dia em que perdeu sua mãe; para ela, havia sido um dia catastrófico, pois também havia descoberto que a mãe de sua prima, Aurora Devlin havia sofrido um acidente e
Realmente aquela estava sendo a notícia mais bombástica do dia. Isso com certeza era mais bombástica do que ela conhecendo aqueles dois e os filhos de um deles. Quando ouviu os nomes dos empresários mais conhecidos de Dublin, além de seu amigo ruivo, ficou completamente surpresa; tanto, que mal conseguiu dizer uma palavra, e só o fez depois de alguns minutos. Tudo bem, sabia que as empresas eram vinculadas, mas não imaginou que os donos delas eram amigos. Pelos próximos minutos, o Fitzgerald contou sobre como conheceu ambos; eles eram ainda crianças e desde então, se tornaram melhores amigos, junto de seu cunhado e Noah Devlin. Já sabia que ele conhecia seus primos, mas nunca imaginou que ele seria melhor amigo dos outros dois. Estudaram juntos até o fim da faculdade, e mesmo que tivessem menos tempo para se divertirem ou pelo menos se reunirem para fazerem uma refeição juntos, ainda assim, continuavam muito amigos. Soube também, que o Maher era o marido de sua prima Aurora. Era
Liam ainda não conseguia acreditar no quanto o mundo era pequeno. Tão pequeno ao ponto de ele ter conhecido alguém que também era da família Devlin, mas que só não conviveu com eles por conta do pai que tinha problemas com eles. E quando o melhor amigo contou que a esposa, na qual era sua amiga desde pequena e que também haviam estudados juntas desde o jardim, era prima da mulher na qual não só cuidou da segurança de seus filhos, como os entregou a ele sãos e salvos, custou a acreditar. Era muito surreal, principalmente porque a mulher e o marido da prima dela nunca haviam se conhecido, e em um único só dia ela conhece não só o ele, como também os afilhados dele. Compreendeu no instante em que ouviu a história junto a sua família, o porquê de o amigo confiar tanto que a rosada seria a mulher perfeita para cuidar de seus filhos; era alguém da família da esposa dele, alguém confiável e que gostava intensamente de crianças. Liam só não sabia se ela conseguiria durar mais que as outras
— Oi, querido. – Ela abre a porta sorrindo. – Quando vi seu carro, quase não acreditei. — Eu preciso conversar. — Claro. Liam percebeu um tom de ironia, mas não se importou, apenas entrou e a deixou fechar a porta. Antes que pudesse dizer alguma palavra, seus lábios foram tomados, e o corpo da mulher o empurrou contra a parede. Pegando em sua cintura, a empurrou; não podia negar que sentiu o corpo esquentar, mas não era hora para sexo. — Preciso conversar, Amelia. — Você veio mesmo conversar? – Se afastou, completamente confusa, principalmente por ele não a chamar por Amy como sempre fazia. – Pensei que estava com saudades de mim. — O que você anda falando por aí sobre nós? Ela pareceu surpresa com a grosseria, mas não esperou pela resposta dela, já que percebeu sua completa surpresa. — Ouvi dizer que você tem falado sobre estarmos namorando. — Claro que não. – Negou rapidamente. – É um segredo, lembra? Foi a sua decisão manter nosso relacionamento em segredo. — Nós dois..
— Já cansou? – Provocou. – Você não é o mesmo Liam Kavanagh. — Eu sou o mesmo Liam Kavanagh. – Pegou em sua cintura, aproximando os lábios de sua orelha. – Mas eu também sei das minhas responsabilidades. – Retirou a mulher de seu colo. – Eu preciso ir para casa. – Completou, se levantando para colocar sua roupa. — Vai me deixar assim? – Ficou de joelhos no sofá. – Completamente nua e sozinha? Ele sorriu ladino. — Se eu não tivesse que ficar com os gêmeos, eu com certeza, não a deixaria assim, na verdade, teria você agora em sua cama. Ela mordeu o lábio. — Mas Thomas e Natalie me esperam na casa dos meus pais. – Terminou de vestir sua calça. – Além disso, estou sem preservativo. — Você pode gozar fora. — E acabar não conseguindo como consegui agora? – Balançou a cabeça. – Nem pensar. – Se sentou para colocar seus tênis, sentindo logo em seguida, a mulher nua atrás de si. — Eu posso te recompensar se ficar. — Eu adoraria, mas não. — Nem mesmo se eu... – A mão direita dela d
Mia havia passado praticamente o dia todo conhecendo as famílias de seus primos, que haviam sido extremamente hospitaleiros. As crianças eram completamente fofas, e a rosada havia se encantado por cada uma delas. O incrível de tudo era que tanto seu primo quanto a irmã dele haviam tido gêmeos; Avery, o filho de Aurora e Ryan, era o mais velho, com apenas cinco anos, mas também havia os gêmeos de três, Léo e Logan, que haviam ganhado o nome em homenagem ao avô paterno; Emma e Ezra tinham a mesma idade do primo mais velho; eram os gêmeos de Noah e Anelise. As crianças eram simplesmente adoráveis, e em cada uma das vezes que eles falavam consigo, ela imaginava como seria se a criança dela tivesse sobrevivido. Toda vez que via uma criança, em especial uma que tivesse a mesma idade que seu bebê teria, mais especificamente quatro anos, ela se emocionava completamente. Imaginava sua vida com ela ou ele, a cor dos cabelos, a cor dos olhos, sua voz fofa lhe chamando de "mamãe"; ela se permiti