Capítulo 5

Ah, aquele prédio. Ela conhecia bem ele. Já esteve ali antes. Há dias atrás. A empresa mais importante daquele país estava contratando pessoas, mas infelizmente ela nem mesmo conseguiu passar pela entrevista. Outra pessoa já tinha sido contratada. Se ela tivesse sido mais rápida não estaria agora tentando sobreviver com o pouco que a restava. Bem, isso é mentira, os amigos estavam ajudando-a com boa parte da grana deles. O aluguel da casa, o restante da faculdade, que infelizmente ela não pode continuar, até mesmo algumas coisas necessárias para sua casa. Se sentia envergonhada. E chateada por ainda estar naquela situação. E agora ela tinha acabado com o restante que ainda tinha. Não que estivesse de alguma forma arrependida, foi por uma boa causa.

Há meses não estava com sorte. Desde que seu pai havia se casado novamente, com uma golpista que ela odiava desde os dez anos – que foi o dia em que a conheceu verdadeiramente –, tudo desmoronou, principalmente por perceber que seu pai estava sempre do lado da outra e não de sua própria filha. E por isso estava morando sozinha desde os dezoito, mas infelizmente fazia mais de dois meses que estava sem emprego. Sua melhor amiga, Luna Quinn, estava ajudando-a a pagar o condomínio onde morava e se não fosse por ela, já teria sido despejada.  

A mulher olhou o enorme prédio novamente depois de pagar o taxista que havia levado a ela e aos gêmeos, que ela descobriu no meio do caminho que se chamavam Thomas e Natalie, à empresa Kavanagh. quem diria que ela surpreendentemente estaria novamente na porta daquela empresa mais renomada de todo o país, e na qual era conhecida por ela por conta da vinculação que ela tinha com as de seus amigos. 

Adentrou a empresa com ambas as crianças que estavam cada um de um lado seu. Percebeu a troca de olhar de ambos e imaginou que estivessem com medo do que o pai diria; afinal, não havia acreditado quando eles contaram que o pai os esperava na empresa. Conhecia uma criança mentirosa quando via uma, e ela soube no exato momento em que olhou nos olhos do garotinho Thomas. 

— Thomas? Naty?  

Ambos se viraram ao ouvirem seus nomes.  

— Tio Ryan. – Dizem juntos, e a mulher olha para o loiro de olhos azuis. 

— O que fazem aqui? 

— Viemos ver o papai, não pode? – Cruzou os braços. 

— Você está a cada dia mais parecido com seu pai. – Murmurou. 

— Me desculpe... – Chamou a atenção do outro. – Eu vim acompanhá-los, pois estavam sozinhos. 

— Sozinhos? – Olhou para as crianças. – O que aprontaram dessa vez? 

— Essa é uma boa pergunta.  

As crianças se encolheram ao lado da rosada, e ela percebeu então, que aquele homem de cabelos e olhos escuros, era o pai de ambos. 

— Papai. 

Como havia imaginado, pensou, e não pode deixar de notar o quanto ele era lindo. 

— Vocês estão enrascados. 

— Foi culpa daquela monstra, papai. 

Ryan começou a rir, e Liam teve de confessar que teve vontade de rir também, mas não o fez para que não perdesse a razão com os filhos. 

— Thomas, não fale assim. 

— Ela gritou com a Naty. 

O pai do menino franziu o cenho, incomodado. 

— Me chamou de fresca, papai.  

A rosada, que ouvia tudo atentamente, arregalou os olhos, imaginando quem seria a pessoa que faria mal aquelas duas crianças fofas. 

— E vocês precisavam colar chiclete no cabelo dela? 

Novamente uma risada vinda do amigo, além de não poder deixar de notar os olhos arregalados da mulher entre seus filhos. 

— Seu filho a cada dia me impressiona mais com sua inteligência para maldade. 

Liam balançou a cabeça. 

— Ela mereceu! – Thomas exclamou. 

Ouviu um pigarro e cada deles olharam para a dona dele; a rosada. 

— Me desculpe, mas quem seria você? 

— Ela nos trouxe até aqui, papai. – Natalie respondeu no lugar da mulher. – Ela não queria nos deixar sozinhos. 

— Ela pagou até o táxi. – Completou após a irmã. 

Mesmo que fosse meus últimos dólares, ela pensou. 

— E cuidou de nós até agora. – Terminou, olhando para a mulher de cabelos rosas. 

Liam realmente se impressionou, principalmente por ver ambas as crianças tão agradecidas pela mulher perto deles.  

— Posso saber seu nome? 

— Mia. Mia Lafferty. 

Apertou a mão do homem. 

— Liam Kavanagh. E esse palhaço é meu melhor amigo, Ryan Maher. 

— Palhaço? É assim que trata alguém que é como se fosse seu irmão? – Pergunta de forma indignada. 

— Eu agradeço por trazer meus filhos até aqui. 

— E ainda me ignora. – Murmura, ainda mais indignado. 

As crianças riram ao ouvir o tio. 

— Espera. – Liam franziu o cenho de repente. – Você veio fazer uma entrevista aqui, certo? 

— Eu vim, sim. – Diz, surpresa por ele se lembrar. 

— Eu me lembrei de seu nome por conta do currículo que nos enviou. Sinto muito que não tenha dado certo. 

— Tudo bem. – Sorriu fraco. – Bom, eu preciso ir. 

— Mais uma vez obrigado. 

— Foi um prazer. – Sorriu verdadeiramente, dessa vez, para as crianças. 

— Obrigado, Mia. – Thomas agradece, surpreendendo seu pai e tio. 

A mulher lhe sorriu, antes de beijar o rosto de Natalie quando a pequena a abraçou, em agradecimento. 

— Espera. – Ryan corre até a mulher quando ela dá alguns passos para longe. – Eu estou indo para casa, não quer uma carona? 

— Ah, eu não quero... 

— Você trouxe meus sobrinhos até aqui, a salvo, então por favor, aceite. – A interrompeu. 

— Bom, já que está oferecendo, eu vou aceitar, principalmente porque eu iria ter de voltar de metrô. 

Liam os observou sair, imaginando que seu amigo iria fazer o trabalho dele de pesquisar tudo sobre a vida da mulher durante o caminho; só porque ele era extremamente curioso e sabia ser inconveniente quando queria. Não se importou realmente, principalmente porque ela voltaria de metrô quando havia pagado o taxista para deixar seus filhos a salvo com ele ali na empresa. 

Seus olhos caíram sobre as crianças, que o olhavam fixamente. 

— Vocês estão de castigo. 

Viu a troca de olhar entre eles. 

— É, nós já esperávamos por isso, papai. 

E o Kavanagh não conseguiu, dessa vez, conter a risada ao ouvir seu filho.

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