Mia já havia feito ballet antes, desde os três anos e não parou mesmo quando sua mãe faleceu, e simplesmente porque se lembrava de como ela ficava emocionada em suas apresentações, de como ela ficava toda feliz apenas por ajudá-la a se vestir para as aulas, e mais que tudo, por se lembrar de ela deixar o trabalho por algumas horas, apenas para estar em suas aulas — e era apenas aulas. Sua mãe sempre havia sido muito presente mesmo com o trabalho, era como uma leoa quando precisava agir para defender a filha, fazia questão de lhe colocar para dormir todos os dias, e por estar naquele momento, ajudando Natalie a se vestir para sua primeira aula de balé daquela semana, se lembrava mais e mais de sua amada mãe, e se sentia bem apesar da saudade imensa que sentia dela. A pequena estava tão linda com aquela roupinha cor-de-rosa e a redinha nos cabelos perfeitamente arrumados em um coque no meio da cabeça. Passou um leve blush em suas bochechas e a deixou colocar a sapatilha enquanto obser
Antes mesmo da porta se abrir ele ouviu a voz de seu filho, novamente reclamando com a babá. Havia se tornado rotineiro, e nem mesmo havia se passado uma semana — faltava pouco, mas ainda assim, eram apenas cinco dias desde que ela havia começado a trabalhar. E por um momento, se lembrou de como havia sido difícil fazer a rosada aceitar que ele pagasse por todo o “tratamento” que ela precisasse fazer em seus cabelos. Ele agradeceu por ter a ajuda das crianças — até mesmo de seu garotinho. Havia descoberto por sua garotinha que ele ficou muito chateado por ouvir alguns alunos da escola fazer piadas de Mia quando ela os deixou lá, e ele então compreendeu o porquê de seu pequeno ajudá-lo a fazer a rosada aceitar que pagasse por todo o processo que seria feito nos cabelos dela. Havia chegado mais cedo em casa naquele dia para que pudesse passar algumas horas com os filhos, assim como havia combinado com eles antes de a rosada aparecer em suas vidas. E mais uma vez havia ouvido uma recla
— Banho. – Apontou novamente para a escada, vendo-o seguir para ela. – Ei. – O viu se virar ao chamá-lo. – Não se despediu da Mia. — Tchau, babá. — Ela tem nome, Thomas. — Para mim é babá. E então começou a subir os degraus. — Thomas... — Tudo bem, eu até me divirto com esse jeitinho dele. – Diz rindo. – Tenham uma boa noite. — Você também. — Vai com cuidado, Mia. — Pode deixar, pequena. E então a porta foi fechada pela mulher, fazendo com que pai e filha se olhassem. — Nós vamos mesmo comer hambúrguer? E Liam riu. — Sim, nós vamos. E a garotinha vibrou. — Enquanto você toma seu banho eu vou me arrumar, está bem? — Papai? E os olhos deles se encontram novamente. — Na próxima podemos convidar a Mia? E realmente, Liam se surpreendeu com o pedido. — Eu gosto de ter ela por perto. E ele não pode deixar de sorrir — ainda que ladino — ao ouvir aquelas palavras. Não era necessário ela dizer, afinal, já havia percebido isso desde o começo. De alguma forma, sua filha
— Mas, irmãozinho, voltando ao assunto da rosadinha... — Isso não faz mais sentido, os cabelos dela nem mesmo é mais rosa. — Mas vai voltar, pai. – O mais velho retrucou ao pai, que sorriu ladino. – Pelo menos eu espero. — Você? Eu quem espero! Os outros riram do desespero do mais novo. — Thomas me coloca em cada enrascada. — Ele está arrependido, coitadinho. — Não deixa ele ver você defendendo-o, Alli, por favor. E a acastanhada sorriu, compreendendo-o. — Então, como eu ia dizendo... – Chamou a atenção para si novamente. – Não acha que talvez ela seja a pessoa certa para você? E Liam revirou os olhos. — Ela é carinhosa com seus filhos, é amável, se preocupa... Hoje em dia mulheres que cuidam de filhos dos outros tão bem assim, tem que ser valorizada. E o outro não discordava, mas ainda assim, não estava nada pronto para um relacionamento. Definitivamente, ele não queria namoro, casamento, nem nada parecido para sua vida. — Eu já disse que não quero relacionamento. — Fil
Mia estava cansada, mas também faminta. Havia tomado um pouco de sorvete junto das crianças — uma promessa que havia sido feita à Natalie antes de seguirem para o balé —, mas claro, que precisava de um jantar gostoso antes de finalmente cair na cama. E quando recebeu uma mensagem de sua melhor amiga grávida, convidando-a para jantar em sua casa, não se demorou em aceitar, enquanto se dirigia para sua casa afim de tomar um banho e vestir algo mais quentinho já que aquela estava sendo uma noite mais fria. Enquanto tomava seu banho relaxante, pensou no final de semana e consequentemente nas crianças. Iria sentir muitas saudades, principalmente do carinho de Natalie. Apesar das implicâncias de Thomas, era impossível não se divertir com ambos, principalmente quando o pequenino estava sempre tentando fazê-la se sentir incomodada com algo, ou simplesmente quando a chamava com seu costumeiro: “abusada”. Ela adorava ouvir aquela palavra dos lábios do pequeno. E adorava ainda mais quando e
Liam estava já com sua vestimenta de sempre, pronto para trabalhar quando encontrou a babá de seus filhos arrumando um dos quartos infantis, de forma organizada e extremamente delicada. Naquele dia sairia mais tarde e por isso havia conseguido se despedir de seus pequenos antes de irem para a escola, e era por isso também que ainda se encontrava em casa quando a Lafferty havia chegado. Estava no banho, mas quando saiu, pode escutar passos, e como Safira — a nova empregada desde que a antiga entrou de licença maternidade — só apareceria mais tarde, só podia ser a rosada. Ainda se encontrava extremamente surpreso, mas ainda assim, feliz pela forma como Mia se dedicava aos gêmeos. Havia visto ela preparar os lanches para que pudessem levar para a escola. Sua comida preferida. E por mais que já tivesse ouvido algo semelhante de Natalie primeira vez que aconteceu, ver, era totalmente diferente. Ele a viu preparando, a viu colocando dentro das lancheiras, com todo o cuidado do mundo, a vi
— Eu espero que a Naty consiga convencer o irmão a deixar essa implicância de lado. Novamente Mia estava rindo. — Eu não gosto de castigá-los, sabe, mas, é impossível quando eu vejo que passam dos limites, ainda que tenham certa razão. – Confessou. – É como se a razão que tinham antes, tivesse ido por água abaixo. A Naty está mais quieta porque gosta muito de você, e o Thomas, por mais que goste também, não vai dar o braço a torcer nem tão cedo e tenho que confessar que me preocupo com os próximos planos dele. — Eu sei me cuidar, não se preocupe. – Diz, sem se virar. – Além disso, eu sei que ele jamais me machucaria, pelo menos não de propósito. – Sussurrou a última frase. – É um bom garoto. – Voltou a repetir. De repente se lembrou do último castigo de Daisuke. Mia sabia que o garotinho não merecia, sabia que o castigo recebido havia sido bem-merecido, principalmente depois de tudo que fez, mas ainda assim, ela não concordava e não queria que ele tivesse um castigo, muito mais aq
Mia passou em frente a faculdade onde estudava até algumas semanas atrás e então sentiu falta. Infelizmente teve de trancar o curso para poder pagar as contas. Já estava sendo muito difícil aceitar que seus amigos pagassem seu condomínio, não poderia aceitar que eles continuassem a pagar seu curso. Era muito agradecida, mas o melhor no momento era juntar todo o dinheiro que precisava para finalizar e então se tornar a médica que sempre sonhou em ser. Sabia que sua mãe estaria orgulhosa dela, lá de cima, ainda que tivesse saído de casa e feito sua vida sozinha com todos seus amigos apoiando-a. Suspirou longamente e então balançou a cabeça. Não ficaria remoendo aquilo. Não ficaria pensando em seu curso com tristeza, não quando tinha certeza de que voltaria a estudar e finalmente teria seu diploma. Acreditava fielmente naquilo e continuaria, ainda que tudo dissesse para que ela desistisse. E então se concentrou nas crianças, que cantavam juntos, e sorriu por vê-los animados naquele di