— Você de novo? – Reclamou em murmúrio. – Me dê meus fones de volta. Mia riu; o menino estava todo fraquinho debaixo das cobertas, com a voz tão fraca quanto, e ainda sim mantinha aquela pose de marrento. — Não ria de mim, sua abusada. — Claro, claro. – Diz ainda rindo. – Eu vim chamá-lo para almoçar. — Não quero. — Mesmo? Nem se eu disser que fiz uma carne de molho com pedacinhos de bacon, purê de batatas e um arroz branquinho? E a rosada quase sorriu quando o viu começar a se levantar — ainda que de vagar, por conta de estar ainda fraquinho —, com os olhinhos interessados. — Só porque estou com fome. E ela riu. — Acredito. Ele a fuzilou com os olhos, mas ela ignorou. — Antes de descer quero que tome um banho morno. – O viu se preparar para reclamar, mas ela foi mais rápida. – Sem reclamar, Thomy, é para o seu bem. — Te odeio. Ela volta a rir, não se importando com aquelas palavras — principalmente por não acreditar nelas —, se preparando para se dirigir para fora
— Me deixa só lavar o que sujamos. — Ah, papai, agora ela quer o emprego da Ana também. – Diz, chamando a atenção para si, falando até mesmo na mulher que aparecia apenas para fazer a limpeza da casa, incluindo a louça no fim de tarde. – Coitadinha da Ana, vai ficar desempregada. A Lafferty balançou a cabeça algumas vezes, com os olhos arregalados, desviando os olhos para o chefe. — Eu não quero nada disso. — Mia, ele está querendo te deixar constrangida. – Liam explicou, gesticulando e olhando nos olhos esverdeados. E a rosada percebeu que havia sido pega em mais uma do garotinho, que ria da forma como ela havia ficado com seu comentário. Já deveria ter sabido e ainda assim o pequeno ganhou mais uma contra si. Ela estava fraca naquele jogo, mas não seria o tempo todo. — Você é tão boba. — Garoto, como você é cruel. E ele mais uma vez riu, enquanto que mais uma vez o Kavanagh estava segurando uma risada, se divertindo com a cena que acontecia diante de si. — Vamos para o meu
No instante seguinte, outra chamada, e Mia não conseguiu evitar olhar para o celular ao lado do Kavanagh, vendo a foto de uma ruiva bonita na tela. — Bom, mas eu só queria agradecer. – Diz quando desliga a chamada novamente. — O que eu puder fazer para tirar pelo menos um pouco da tristeza dos dois. – Lhe sorriu. – Eu sei o que é a dor da perda de uma mãe, a minha faleceu dois dias após meu aniversário de sete anos. — Sinto muito. — Tudo bem, eu já não sinto tanta dor por isso. Na verdade, tenho muitas saudades, e um pouco de raiva por perceber a mulher nojenta que tomou seu lugar. E Liam pode perceber um brilho diferente do que sempre via naqueles olhos verdes, e por algum motivo — que ele não soube dizer qual era — sentiu seu peito apertar por vê-la entristecer-se ao mesmo tempo em que tinha um resquício de ódio em seus olhos. — Mas eu não quero falar sobre aquela mulher. – Se arrumou na cadeira, cruzando as pernas novamente, dessa vez, levando a perna direito para cima e a
Thomas estava realmente arrependido do que fez a babá, afinal, mesmo que estivesse querendo tirá-la de seu caminho, mais precisamente do caminho de seu pai, não era sua intenção machucá-la. Toda vez que via um novo esparadrapo onde havia o corte, ele se incomodava, principalmente porque sabia que era sua culpa. Nunca havia sentido aquilo antes, principalmente porque tudo que fez com as outras babás, não houve machucados, e por ser a primeira vez que acontecia que se sentia um pouco angustiado, e só por esse motivo a deixou em paz pelos próximos cinco dias. Além disso, havia ficado doente, e não pode planejar nada contra a rosada. Mas isso não queria dizer que estava bonzinho; a ignorava o dia todo, colocava fones quando ela falava consigo, fazia seus deveres para poder correr para seu videogame sem sermão. Além disso, ainda tinha a voz de seu pai em sua mente; as palavras duras e um pouco cruéis, principalmente para ele. Elas o atormentavam diariamente, principalmente quando se lemb
— Ela até que ficou bonitinha. — Eu vou é te dar uma surra! — Não, Liam. – Se colocou na frente do homem antes que ele pudesse chegar ao pequeno, surpreendendo a ambas as crianças e até mesmo ao moreno mais velho a sua frente. – É só um cabelo. – Fez um bico involuntário. – Meu lindo e perfeito cabelo. – Murmurou. – Mas só um cabelo. Por favor, não precisa usar de violência. Liam suspirou, tentando se acalmar, bagunçando os cabelos. — Sinceramente, eu não sei mais o que eu faço com você. — Ele disse que não iria me deixar em paz até me tirar daqui... – Se virou para encarar o garotinho. – E eu disse que não iria me vencer tão facilmente. – Cruzou os braços. – Isso aqui... – Tocou os fios azulados. – Eu posso resolver em uma semana, voltando ao meu tom rosado. – Suspirou. – Eu espero. – Murmurou para si mesma. — Eu não. – Provocou. — Thomas. – O mais velho o repreendeu. — É só uma tinta, papai, e ela disse que vai sair. — Depois de milhões de malditos retoques, garoto. – Aca
— E eu direi para ele vir preparado. – Murmurou enfim, pegando o celular enquanto via seu marido se divertir com aquela situação. – Mas o que você fez afinal de contas? — Não fui eu. – Choramingou mais uma vez, ganhando a atenção de seus dois amigos. – Foi o Thomas. E ambos trocaram um olhar rapidamente antes de se voltarem para a amiga. — Por que eu não estou surpreso? — Pestinha. – A loira diz, praticamente em um rosnado. **--** **--** — Minha Deusa, o que foi que você fez com seus cabelos? A outra voltou a choramingar, principalmente porque era a terceira pessoa após ela e os Kavanagh — com exceção de Thomas — que tinham aquela reação exagerada — o de Benjamin era pior, ela tinha de confessar. E ela tinha vontade de chorar cada vez mais por isso. Seus cabelos estavam com as pontas secas e o pior de tudo, estava quase da cor dos olhos de sua melhor amiga. Era um horror, e se sentia ainda pior ao ver o olhar horrorizado de seu cabeleireiro preferido. Ele segurava a alça da en
Liam se jogou na cadeira, extremamente cansado. Havia dormido muito mal naquela noite, e nem mesmo sabia o porquê da insônia. Se virava e virava na cama várias e várias vezes e nada do sono chegar. Para piorar, ficou pelo menos uma hora dando uma bronca “daquelas” — que o lembrava da época em que levava de seu próprio pai — em seu filho genioso, e apesar de perceber que ele queria falar, se aliviou por perceber que apesar disso, ele ficou não só quietinho o ouvindo, como concordou em fazer tudo que ordenou que fizesse incluindo se desculpar outra vez com a babá. Havia ficado realmente chateado, principalmente porque sabia que poderia ter acontecido algo realmente ruim — pior, na verdade — com o cabelo de Mia. E o fez compreender isso após alguns minutos de “conversa”. E ainda que sua garotinha não tivesse nada a ver com aquela loucura, ainda assim, ficou ao lado irmão, ouvindo tudo atentamente e concordando consigo em tudo que dizia. Graças a Deus, sua filha não estava em cada plano
Thomas quase não acreditava que a mulher de cabelos — agora — azuis, estava realmente o acompanhando mais sua irmãzinha até a sala de aula. Ele podia ver os olhares sobre ela, os cochichos — que começavam a irritá-lo — e ainda que ela também pudesse ouvir, ela não se importava, apenas passava por cada um dos estudantes de cabeça erguida, como se ela não fosse o “assunto” do dia. E ele ouviria vários comentários pelo resto das aulas, tinha certeza, principalmente quando todos sabiam que ela era sua babá — pelo menos parte da sua sala sabia. E ainda que tivesse sido ele a fazer aquela “obra de arte”, ainda assim não estava gostando nada das risadas baixas e dos cochichos — muito provavelmente maldosos. Ele havia feito na brincadeira, e sabia que havia passado um pouquinho do limite, mas não achou que ela iria até a escola e que seria alvo daqueles que estavam a sua volta, e isso estava o deixando irritado principalmente consigo mesmo. A intenção era fazê-la se chatear e pedir demissão,