Thomas quase não acreditava que a mulher de cabelos — agora — azuis, estava realmente o acompanhando mais sua irmãzinha até a sala de aula. Ele podia ver os olhares sobre ela, os cochichos — que começavam a irritá-lo — e ainda que ela também pudesse ouvir, ela não se importava, apenas passava por cada um dos estudantes de cabeça erguida, como se ela não fosse o “assunto” do dia. E ele ouviria vários comentários pelo resto das aulas, tinha certeza, principalmente quando todos sabiam que ela era sua babá — pelo menos parte da sua sala sabia. E ainda que tivesse sido ele a fazer aquela “obra de arte”, ainda assim não estava gostando nada das risadas baixas e dos cochichos — muito provavelmente maldosos. Ele havia feito na brincadeira, e sabia que havia passado um pouquinho do limite, mas não achou que ela iria até a escola e que seria alvo daqueles que estavam a sua volta, e isso estava o deixando irritado principalmente consigo mesmo. A intenção era fazê-la se chatear e pedir demissão,
E ele sorriu com o plano em que veio a sua mente com aquele simples pedido. Desceu da cadeira no mesmo momento em que a mulher se virava para colocar o bolo no forno, e Natalie arregalou os olhos ao perceber a intenção de seu irmão, que se aproximava cautelosamente. Mia se abaixou por um momento ao perceber que havia caído um pouco de massa no chão, limpando com o dedo. E foi neste momento em que Thomas jogou metade do pacote médio de farinha em cima de Mia, que não conseguiu evitar dar um gritinho de surpresa. — Thomas. Se virou devagar, se levantando e passando as mãos nos cabelos. — Não é que ficou parecendo um fantasma, Naty? E a garotinha não pode deixar de rir. — Ah, sua peste. E ele gritou ao perceber a intenção da mulher em pegá-lo, acabando por escorregar antes de contornar a ilha, sentindo a farinha branca sobre si. — Sua abusada! E a mulher riu. — Eba! – Natalie gritou, pulando da cadeira com um pouco de farinha em mãos. – É guerra! – E então jogou nos outros dois
— Oh, meu Deus! E então todos se viraram para a entrada da cozinha, encontrando a mulher de cabelos longos e negros com os olhos ônix arregalados. — O que houve com a sua cozinha, querido? — Obra do seu neto. E Thomas cruzou os braços, sabendo que não adiantaria tentar comprar o pai com a mesma história que Mia contou porque ele não acreditaria. — E não tente dizer que não foi. – Apontou para a babá, que fechou a boca rapidamente. – Você tentou, mas eu conheço o filho que eu tenho. — Mesmo assim, obrigado, Mia. E a mulher sorriu para o menino, e até mesmo os tios e a avó não puderam deixar de sorrir diante a cena. — E antes que comente, vovó... – Se virou para a mulher que abraçava sua irmãzinha. – Os cabelos dela não são azuis, eu que fiz isso. — O que? – Arregalou os olhos. — Que tal um banho? – Decidiu mudar de assunto. – Naty? Thomy? — Dê um beijo na sua avó antes. – Diz ao filho quando ele passou por si. – Vocês dois. – Apontou para o irmão e o amigo. – Vão me ajudar
Mia já havia feito ballet antes, desde os três anos e não parou mesmo quando sua mãe faleceu, e simplesmente porque se lembrava de como ela ficava emocionada em suas apresentações, de como ela ficava toda feliz apenas por ajudá-la a se vestir para as aulas, e mais que tudo, por se lembrar de ela deixar o trabalho por algumas horas, apenas para estar em suas aulas — e era apenas aulas. Sua mãe sempre havia sido muito presente mesmo com o trabalho, era como uma leoa quando precisava agir para defender a filha, fazia questão de lhe colocar para dormir todos os dias, e por estar naquele momento, ajudando Natalie a se vestir para sua primeira aula de balé daquela semana, se lembrava mais e mais de sua amada mãe, e se sentia bem apesar da saudade imensa que sentia dela. A pequena estava tão linda com aquela roupinha cor-de-rosa e a redinha nos cabelos perfeitamente arrumados em um coque no meio da cabeça. Passou um leve blush em suas bochechas e a deixou colocar a sapatilha enquanto obser
Antes mesmo da porta se abrir ele ouviu a voz de seu filho, novamente reclamando com a babá. Havia se tornado rotineiro, e nem mesmo havia se passado uma semana — faltava pouco, mas ainda assim, eram apenas cinco dias desde que ela havia começado a trabalhar. E por um momento, se lembrou de como havia sido difícil fazer a rosada aceitar que ele pagasse por todo o “tratamento” que ela precisasse fazer em seus cabelos. Ele agradeceu por ter a ajuda das crianças — até mesmo de seu garotinho. Havia descoberto por sua garotinha que ele ficou muito chateado por ouvir alguns alunos da escola fazer piadas de Mia quando ela os deixou lá, e ele então compreendeu o porquê de seu pequeno ajudá-lo a fazer a rosada aceitar que pagasse por todo o processo que seria feito nos cabelos dela. Havia chegado mais cedo em casa naquele dia para que pudesse passar algumas horas com os filhos, assim como havia combinado com eles antes de a rosada aparecer em suas vidas. E mais uma vez havia ouvido uma recla
— Banho. – Apontou novamente para a escada, vendo-o seguir para ela. – Ei. – O viu se virar ao chamá-lo. – Não se despediu da Mia. — Tchau, babá. — Ela tem nome, Thomas. — Para mim é babá. E então começou a subir os degraus. — Thomas... — Tudo bem, eu até me divirto com esse jeitinho dele. – Diz rindo. – Tenham uma boa noite. — Você também. — Vai com cuidado, Mia. — Pode deixar, pequena. E então a porta foi fechada pela mulher, fazendo com que pai e filha se olhassem. — Nós vamos mesmo comer hambúrguer? E Liam riu. — Sim, nós vamos. E a garotinha vibrou. — Enquanto você toma seu banho eu vou me arrumar, está bem? — Papai? E os olhos deles se encontram novamente. — Na próxima podemos convidar a Mia? E realmente, Liam se surpreendeu com o pedido. — Eu gosto de ter ela por perto. E ele não pode deixar de sorrir — ainda que ladino — ao ouvir aquelas palavras. Não era necessário ela dizer, afinal, já havia percebido isso desde o começo. De alguma forma, sua filha
— Mas, irmãozinho, voltando ao assunto da rosadinha... — Isso não faz mais sentido, os cabelos dela nem mesmo é mais rosa. — Mas vai voltar, pai. – O mais velho retrucou ao pai, que sorriu ladino. – Pelo menos eu espero. — Você? Eu quem espero! Os outros riram do desespero do mais novo. — Thomas me coloca em cada enrascada. — Ele está arrependido, coitadinho. — Não deixa ele ver você defendendo-o, Alli, por favor. E a acastanhada sorriu, compreendendo-o. — Então, como eu ia dizendo... – Chamou a atenção para si novamente. – Não acha que talvez ela seja a pessoa certa para você? E Liam revirou os olhos. — Ela é carinhosa com seus filhos, é amável, se preocupa... Hoje em dia mulheres que cuidam de filhos dos outros tão bem assim, tem que ser valorizada. E o outro não discordava, mas ainda assim, não estava nada pronto para um relacionamento. Definitivamente, ele não queria namoro, casamento, nem nada parecido para sua vida. — Eu já disse que não quero relacionamento. — Fil
Mia estava cansada, mas também faminta. Havia tomado um pouco de sorvete junto das crianças — uma promessa que havia sido feita à Natalie antes de seguirem para o balé —, mas claro, que precisava de um jantar gostoso antes de finalmente cair na cama. E quando recebeu uma mensagem de sua melhor amiga grávida, convidando-a para jantar em sua casa, não se demorou em aceitar, enquanto se dirigia para sua casa afim de tomar um banho e vestir algo mais quentinho já que aquela estava sendo uma noite mais fria. Enquanto tomava seu banho relaxante, pensou no final de semana e consequentemente nas crianças. Iria sentir muitas saudades, principalmente do carinho de Natalie. Apesar das implicâncias de Thomas, era impossível não se divertir com ambos, principalmente quando o pequenino estava sempre tentando fazê-la se sentir incomodada com algo, ou simplesmente quando a chamava com seu costumeiro: “abusada”. Ela adorava ouvir aquela palavra dos lábios do pequeno. E adorava ainda mais quando e