Mia havia ido se deitar um pouquinho assim como Liam instruiu; ele sabia que ela precisava depois do que passou. Os gêmeos se preocuparam e por isso Liam contou mais ou menos o que havia acontecido. Ele não mentiria, principalmente porque poderiam descobrir a verdade em algum momento já que o tal Callahan não parecia que iria deixar a rosada em paz. E então os pequeninos decidiram fazer companhia a ela, mesmo que ela estivesse dormindo, como haviam feito há alguns dias atrás, antes do aniversário deles, quando ela ficou muito triste. Eles não haviam se esquecido daquele dia, e jamais se esqueceriam. O Kavanagh fez um caldo, levou para os três, desceu, trabalhou um pouquinho, subiu novamente para pegar a bandeja com os pratos, descobrindo que a rosada havia comido muito pouco, o que o preocupou. Viu um fraco em cima da mesa de cabeceira e leu. Ela havia tomado um remédio para relaxar, só esperava que não fizesse mal a ela. Não sabia como ajudar mais, não sabia nem mesmo o que poderia
O dia havia sido um tanto cansativo para o Kavanagh. Não que ele tivesse reclamado em algum momento, mas o cansaço chegou, claro. Ele havia conseguido fazer Mia comer um pouquinho — seus filhos, na verdade, que insistiram tanto que a rosada não conseguiu deixar de aceitar —, fez ela sair um pouco daquele quarto, e já à noite, quando estava preparando o jantar, ela o ajudou junto aos gêmeos. Diferente de como acontecia quase sempre quando se reuniam os quatro na cozinha, não houve guerra de comida ou nada parecido; mas houveram brincadeiras da parte dos gêmeos, principalmente porque ambos queriam ver a mulher que eles já viam como mãe sorrir. Eles desejaram ver aquele lindo sorriso ou aquela risada divertida durante todo um dia, e quando finalmente conseguiram tirar ambos dos lábios dela, finalmente se sentiram bem. Mia sentiu-se um pouco cansada, mas era natural, já que o emocional dela não estava dos melhores; ainda assim, durante o jantar, tentou não demonstrar, por suas crianças a
Liam não conseguia se mexer. Ele queria, mas não conseguia. Estava em choque. Haviam se passado quase cinco anos. Quase cinco longos anos. E ali estava ela, depois de tanto tempo, em sua porta, como se nada tivesse acontecido. Chamando-o de marido. Marido. Quem ela pensava que é para chamá-lo de marido depois de abandoná-lo e aos filhos deles, que tinham menos de dois anos na época? Quem ela pensava que era aparecendo em sua porta, como se não tivesse sumido por tantos anos? Era demais para a cabeça dele. A raiva só crescia em seu interior. Sentia uma vontade tão grandiosa de pegá-la pelos cabelos e fazê-la pagar por todo o sofrimento que ela causou em Thomas e Natalie, fazê-la pagar por tudo que passou naquela época, sozinho, tendo que estudar e cuidar de duas crianças tão pequenas. Sim, teve ajuda dos pais, mas ainda assim, havia sido uma barra. E ela era a culpada. Ela havia sido egoísta, havia pensado apenas nela e em seu sonho mesquinho, nem por um momento pensou nele ou nos próp
— Não achei... que fosse... — Você fez por mim, por que não faria por você? O olhar dele de agradecimento apareceu no momento seguinte. — Além disso, assim, você não vai preso por bater naquela mulher. — Eu estava mesmo prestes a fazer isso. Ela não precisava escutar aquela confissão; estava nos olhos dele enquanto ele escutava a campainha tocar de forma irritante. — Obrigado. — Você disse que eu podia contar com você... Também pode contar comigo. Houve um momento de silêncio. Ambos não conseguiam desviar os olhos um do outro; um com compaixão o outro com todo o agradecimento do mundo pela ajuda que teve. Além disso, havia também algo que eles se negavam a perceber, o amor que já sentiam um pelo outro. Um, não queria aquilo para si, o outro, morria de medo de estar mesmo acontecendo, mas naquele momento, nem mesmo percebiam aquele sentimento grandioso estampado em seus olhos. O som de passos chamou a atenção de ambos. Eles sabiam quem se aproximava, e sabiam também haveri
— Você não parece ter dormido bem. Se virou ao escutar aquela voz tão conhecida. — Está com olheiras. A viu andar até a cafeteira, coisa que ele deveria ter feito, mas que parou no meio do caminho, totalmente pensativo. — Eu não preguei os olhos. — Imaginei. Liam suspirou antes de sentar-se de frente para a bancada da ilha. — Eu estou com medo da reação dos meus filhos. De Thomas, em especial. — Não vai ser fácil, mas eles vão lidar com isso ao seu lado. — Como é que eu vou contar a eles que Lillie está de volta? — Como é, papai? Liam arregalou os olhos, e sem perceber, Mia fez o mesmo, e ao mesmo tempo, ambos se viraram para fitar não só Thomas, quem havia questionado, mas Natalie, que tinha os olhos arregalados. — Do que está falando? — Ela... voltou, papai? — Eu queria fazer isso em um outro momento. – Murmurou. – Mas pelo jeito... – Suspirou. – Vamos nos sentar. Os quatro. – Fitou Mia por um momento, que desligou a máquina de café e deu a volta no balcão, sentand
Antes que pudesse continuar com aquela conversa, a campainha tocou. — Eu já volto. – Liam se levantou e seguiu até a porta, se surpreendendo ao encontrar a mulher na qual ele não via há tantos dias em sua frente; — Boa noite. – Sorriu. Ele pigarreou. — Boa noite. — Não vai me convidar para entrar? — Eu estou com os gêmeos. — Ah, eu só vim te fazer um convite e trazer os presentes deles. Sei que já fazem dois meses, mas como eu estava viajando na época do aniversário e só voltei hoje, achei que deveria pelo menos presenteá-los. — Freya... — Sei que eles não gostam de mim, mas é só um presente. – Piscou, e então o moreno suspirou longamente antes de dar espaço para ela entrar; quase ao mesmo tempo, os pequeninos se aproximavam com a babá preferida de ambos. — O que ela faz aqui? Liam deu um outro suspiro ao escutar seu garotinho. — Ela só veio trazer um presente. De aniversário. — Eu não quero. — Meu amor, não faz assim. O pequeno fitou a rosada. — Ela está... send
Mia havia pensado uma, duas, três vezes antes de aceitar aquele convite, se arrumar e sair para encontrá-lo. Primeiro porque seu ex estava na cidade — e parecendo que queria sua cabeça pelo que houve a Kiara —, segundo porque sabia que Liam se encontrava exausto e que provavelmente mal conseguiria ficar de pé para dar atenção às crianças — ainda que fosse o trabalho dele, afinal, ele é o pai — e terceiro, porque as crianças haviam pedido incessantemente para que ela não fosse. E pela primeira vez, negou algo a eles. Precisava de sair. Se distrair um pouquinho. E por que não se encontrar com Mattew? Claro que Thomas reclamou por todos os minutos em que passou se maquiando, e reclamou mais quando começou a andar em direção ao carro no qual havia pego emprestado com Liam. Natalie, diferente dele, ficou quietinha, tanto, que Mia desconfiou. Acreditou que ela estivesse chateada com ela. Antes de sair, prometeu que fariam um programa legal no dia seguinte. E os fez prometer que não dariam
— Já quer pedir? E então ele levantou o braço, acenando para um metre que estava perto. — Eu estava sonhando com um hamburguer. O ruivo sorriu. — Por falar nisso, eu tenho que cumprir uma promessa que fiz aos gêmeos. — E seria? — Fazer meu próprio hamburger. Eu contei que eu ajudava minha mãe quando era criança, que fiz muito para minha melhor amiga, depois para o ela e o marido... e ele ficaram muito enciumados. Mattew riu. — Sério, me fizeram prometer que eu faria para eles. — E como você não nega nada a eles... — Eu não consigo, é mais forte que eu. – Confessou, dando um suspiro. – Hoje, foi a primeira vez. — Hoje? — Sim, eles me fizeram um pedido e eu precisei negar. – Entortou a boca. – Mas me perdoaram. Bem, eu espero que sim. — Tenho certeza de que sim. Eles te amam demais para não te perdoar. Ela sorriu. — Além disso, você é muito especial. É impossível alguém ficar chateado com você. Eu jamais conseguiria. Ela corou. — Não quero te constranger. — Não