Mia se encontrava tão pensativa durante o trajeto até a mansão onde os gêmeos se encontravam, que Liam começava a se preocupar. Ela não havia dito uma palavra depois que saíram da delegacia. Haviam feito a queixa, contado o que havia acontecido nos mínimos detalhes e então deixaram aquele lugar juntos. E desde então ele não escutou a voz dela. Ele podia imaginar em que estavam seus pensamentos. Ele mesmo não conseguia parar de pensar no que houve, mas mais que nisso, no que ela havia contado. Ela havia tido uma filha. E esse era o motivo de há alguns dias ela ter içado tão mal. Só podia ser esse o motivo. Ela mesma havia dito que não havia superado ainda o que aconteceu. E ele novamente a compreendia. Como superar? Havia sido algo muito chocante para ela, principalmente quando ela esperava por aquela criança tão ansiosamente. Mia suspirou longamente enquanto olhava para o lado de fora. Apesar de ver tudo que passava por ela — ou que ela passava por eles —, não conseguia realmente “ve
Mia havia ido se deitar um pouquinho assim como Liam instruiu; ele sabia que ela precisava depois do que passou. Os gêmeos se preocuparam e por isso Liam contou mais ou menos o que havia acontecido. Ele não mentiria, principalmente porque poderiam descobrir a verdade em algum momento já que o tal Callahan não parecia que iria deixar a rosada em paz. E então os pequeninos decidiram fazer companhia a ela, mesmo que ela estivesse dormindo, como haviam feito há alguns dias atrás, antes do aniversário deles, quando ela ficou muito triste. Eles não haviam se esquecido daquele dia, e jamais se esqueceriam. O Kavanagh fez um caldo, levou para os três, desceu, trabalhou um pouquinho, subiu novamente para pegar a bandeja com os pratos, descobrindo que a rosada havia comido muito pouco, o que o preocupou. Viu um fraco em cima da mesa de cabeceira e leu. Ela havia tomado um remédio para relaxar, só esperava que não fizesse mal a ela. Não sabia como ajudar mais, não sabia nem mesmo o que poderia
O dia havia sido um tanto cansativo para o Kavanagh. Não que ele tivesse reclamado em algum momento, mas o cansaço chegou, claro. Ele havia conseguido fazer Mia comer um pouquinho — seus filhos, na verdade, que insistiram tanto que a rosada não conseguiu deixar de aceitar —, fez ela sair um pouco daquele quarto, e já à noite, quando estava preparando o jantar, ela o ajudou junto aos gêmeos. Diferente de como acontecia quase sempre quando se reuniam os quatro na cozinha, não houve guerra de comida ou nada parecido; mas houveram brincadeiras da parte dos gêmeos, principalmente porque ambos queriam ver a mulher que eles já viam como mãe sorrir. Eles desejaram ver aquele lindo sorriso ou aquela risada divertida durante todo um dia, e quando finalmente conseguiram tirar ambos dos lábios dela, finalmente se sentiram bem. Mia sentiu-se um pouco cansada, mas era natural, já que o emocional dela não estava dos melhores; ainda assim, durante o jantar, tentou não demonstrar, por suas crianças a
Liam Kavanagh se encontrava no escritório da empresa de sua família, na qual comandava, mas diferente do que deveria estar fazendo, seus olhos se encontravam no porta-retrato a sua frente em cima de sua mesa; nela, uma fotografia de ambos seus filhos, juntos e abraçados. Com apenas vinte e três anos, o moreno de olhos ônix era pai de um casal de gêmeos. Apesar de ser muito cansativo, adorava passar as horas com eles ou mesmo apenas colocá-los para dormir, como fazia sempre. Ambos eram muito parecidos consigo, com a única exceção dos olhos, que eram verdes-oliva; a mesma cor dos olhos de sua mãe; se é que podia chamá-la dessa forma, já que a mulher por quem havia se afeiçoado durante a gravidez, havia os abandonado. Se lembrava como se fosse ontem do dia em que tudo começou. Havia terminado o colegial, e todos iriam comemorar na casa de um dos colegas de classe. Apesar de seus pais, em especial sua mãe, pedir para que ele não fosse, não os escutou. Sabendo que beberia, pediu para que
— Cara, eu estou morrendo de fome. — Isso não é nenhuma novidade. – Noah provocou o cunhado. — Vou te ignorar. — Ignore mesmo, temos que terminar isso. – Liam diz, apontando para os livros em cima da mesa. – Eu estou exausto e não estou reclamando. — Reclamou agora. Liam mostrou o dedo do meio rapidamente. — Lindo. – Shay debochou. – Quando vocês vão amadurecer? — Só porque é um ano mais velho que agente, e está namorando a irmã do Connor, não quer dizer que possa nos dar sermão. Os outros apoiaram o Kavanagh. — Mas não vamos falar sobre esse namoro, por favor, porque ainda não me acostumei. — Eu te entendo muito bem. – Noah diz após o ruivo, olhando para o amigo loiro. – Você não está dando suas escapadas, não, né? — Você sabe muito bem que eu nunca machucaria a Aurie. – Retrucou. — Não diga nunca, porque você já ficou com a Ruby uma vez, durante o namoro. — Eu estava bêbado! – Praticamente gritou. – Sacanagem, eu já expliquei isso, Noah. E eu nem tive culpa, aquela do
E então seu mundo virou de cabeça para baixo. Sua mãe surtou e quase teve um ataque do coração ao descobrir sobre a gravidez, seu pai ficou possesso por sua irresponsabilidade e o obrigou a noivar com a moça, que incrível e surpreendentemente, era filha do contador da empresa da família, e o fez prometer que seria responsável pela criança que estava dentro da barriga de Lillie. E ele prometeu. Mesmo morrendo de medo de ser pai, esteve presente em cada consulta, em cada enjoo, em cada desejo, e mesmo que estivesse um caco por estar estudando e cuidando de uma grávida, não a deixou sozinha nem por um segundo, principalmente porque sabia que ele era parte responsável por ela estar passando por uma gravidez aos dezesseis anos; sim, ela era um ano mais nova que o Kavanagh. Eles se casaram nas férias, quando ela já se encontrava com uma barriguinha a mostra, e que por esse motivo, haviam se decidido apenas no civil. E Liam agradeceu por isso, pois não estava com cabeça para planejar um
Liam, eu tentei ser a mãe que os pivetes precisavam, juro que tentei, mas isso não é para mim. Nunca quis me casar e ser dona de casa. Meu sonho era ser modelo, e por culpa da maldita gravidez, eu perdi a oportunidade. Preciso refazer minha vida longe dos culpados da destruição do meu sonho, e por isso eu os deixo com você. Estarão muito melhores sem mim. Adeus. Lillie Kavanagh. E Liam não conteve a fúria e muito menos a vontade de jogar o porta-retrato da família que se encontrava em cima da mesinha ao lado do sofá, na parede, antes de se lembrar de que havia alguém mais importante na vida dele, duas pessoinhas, que precisavam dele inteiro, e só por esse motivo não se deixou levar pela vontade de encontrar a egoísta de sua mulher e lhe jogar algumas verdades em sua cara. Era o que ela merecia. A jovem, que se chamava Freya, explicou que tentou fazer a amiga mudar de ideia, mas que não conseguiu, e que por isso decidiu cuidar dos gêmeos até que ele chegasse. E ele não pode deixa
Natalie e Thomas Kavanagh tinham cinco aninhos, mas diferente do que toda babá que os conhecia, pensavam, eles não eram crianças normais; eram extremamente inteligentes e com uma mente incrivelmente diabólica. Não que não fossem crianças boas, adoráveis e obedientes, mas eles não admitiam, concordavam ou confiavam nas mulheres que o amado pai contratava para lhes cuidar. E o único motivo de não aceitarem uma babá é por temerem que elas tirassem o pai deles; e isso eles nunca aceitariam. Liam Kavanagh não tinha dona e eles queriam que continuasse assim eternamente. Naquele momento, ambos esperavam pela refeição da nova babá. A mulher tinha longos cabelos castanho-claros com algumas mexas loiras e os olhos eram em um tom azul-escuro. Enquanto preparava o almoço uma música tocava em seu celular, e por mais que soubesse que os gêmeos estivessem a alguns passos de si, ela não lhes dava atenção; estava totalmente focada em sua cantoria enquanto picava uma cebola. As crianças cochichavam en