O dia havia sido um tanto cansativo para o Kavanagh. Não que ele tivesse reclamado em algum momento, mas o cansaço chegou, claro. Ele havia conseguido fazer Mia comer um pouquinho — seus filhos, na verdade, que insistiram tanto que a rosada não conseguiu deixar de aceitar —, fez ela sair um pouco daquele quarto, e já à noite, quando estava preparando o jantar, ela o ajudou junto aos gêmeos. Diferente de como acontecia quase sempre quando se reuniam os quatro na cozinha, não houve guerra de comida ou nada parecido; mas houveram brincadeiras da parte dos gêmeos, principalmente porque ambos queriam ver a mulher que eles já viam como mãe sorrir. Eles desejaram ver aquele lindo sorriso ou aquela risada divertida durante todo um dia, e quando finalmente conseguiram tirar ambos dos lábios dela, finalmente se sentiram bem. Mia sentiu-se um pouco cansada, mas era natural, já que o emocional dela não estava dos melhores; ainda assim, durante o jantar, tentou não demonstrar, por suas crianças a
Liam Kavanagh se encontrava no escritório da empresa de sua família, na qual comandava, mas diferente do que deveria estar fazendo, seus olhos se encontravam no porta-retrato a sua frente em cima de sua mesa; nela, uma fotografia de ambos seus filhos, juntos e abraçados. Com apenas vinte e três anos, o moreno de olhos ônix era pai de um casal de gêmeos. Apesar de ser muito cansativo, adorava passar as horas com eles ou mesmo apenas colocá-los para dormir, como fazia sempre. Ambos eram muito parecidos consigo, com a única exceção dos olhos, que eram verdes-oliva; a mesma cor dos olhos de sua mãe; se é que podia chamá-la dessa forma, já que a mulher por quem havia se afeiçoado durante a gravidez, havia os abandonado. Se lembrava como se fosse ontem do dia em que tudo começou. Havia terminado o colegial, e todos iriam comemorar na casa de um dos colegas de classe. Apesar de seus pais, em especial sua mãe, pedir para que ele não fosse, não os escutou. Sabendo que beberia, pediu para que
— Cara, eu estou morrendo de fome. — Isso não é nenhuma novidade. – Noah provocou o cunhado. — Vou te ignorar. — Ignore mesmo, temos que terminar isso. – Liam diz, apontando para os livros em cima da mesa. – Eu estou exausto e não estou reclamando. — Reclamou agora. Liam mostrou o dedo do meio rapidamente. — Lindo. – Shay debochou. – Quando vocês vão amadurecer? — Só porque é um ano mais velho que agente, e está namorando a irmã do Connor, não quer dizer que possa nos dar sermão. Os outros apoiaram o Kavanagh. — Mas não vamos falar sobre esse namoro, por favor, porque ainda não me acostumei. — Eu te entendo muito bem. – Noah diz após o ruivo, olhando para o amigo loiro. – Você não está dando suas escapadas, não, né? — Você sabe muito bem que eu nunca machucaria a Aurie. – Retrucou. — Não diga nunca, porque você já ficou com a Ruby uma vez, durante o namoro. — Eu estava bêbado! – Praticamente gritou. – Sacanagem, eu já expliquei isso, Noah. E eu nem tive culpa, aquela do
E então seu mundo virou de cabeça para baixo. Sua mãe surtou e quase teve um ataque do coração ao descobrir sobre a gravidez, seu pai ficou possesso por sua irresponsabilidade e o obrigou a noivar com a moça, que incrível e surpreendentemente, era filha do contador da empresa da família, e o fez prometer que seria responsável pela criança que estava dentro da barriga de Lillie. E ele prometeu. Mesmo morrendo de medo de ser pai, esteve presente em cada consulta, em cada enjoo, em cada desejo, e mesmo que estivesse um caco por estar estudando e cuidando de uma grávida, não a deixou sozinha nem por um segundo, principalmente porque sabia que ele era parte responsável por ela estar passando por uma gravidez aos dezesseis anos; sim, ela era um ano mais nova que o Kavanagh. Eles se casaram nas férias, quando ela já se encontrava com uma barriguinha a mostra, e que por esse motivo, haviam se decidido apenas no civil. E Liam agradeceu por isso, pois não estava com cabeça para planejar um
Liam, eu tentei ser a mãe que os pivetes precisavam, juro que tentei, mas isso não é para mim. Nunca quis me casar e ser dona de casa. Meu sonho era ser modelo, e por culpa da maldita gravidez, eu perdi a oportunidade. Preciso refazer minha vida longe dos culpados da destruição do meu sonho, e por isso eu os deixo com você. Estarão muito melhores sem mim. Adeus. Lillie Kavanagh. E Liam não conteve a fúria e muito menos a vontade de jogar o porta-retrato da família que se encontrava em cima da mesinha ao lado do sofá, na parede, antes de se lembrar de que havia alguém mais importante na vida dele, duas pessoinhas, que precisavam dele inteiro, e só por esse motivo não se deixou levar pela vontade de encontrar a egoísta de sua mulher e lhe jogar algumas verdades em sua cara. Era o que ela merecia. A jovem, que se chamava Freya, explicou que tentou fazer a amiga mudar de ideia, mas que não conseguiu, e que por isso decidiu cuidar dos gêmeos até que ele chegasse. E ele não pode deixa
Natalie e Thomas Kavanagh tinham cinco aninhos, mas diferente do que toda babá que os conhecia, pensavam, eles não eram crianças normais; eram extremamente inteligentes e com uma mente incrivelmente diabólica. Não que não fossem crianças boas, adoráveis e obedientes, mas eles não admitiam, concordavam ou confiavam nas mulheres que o amado pai contratava para lhes cuidar. E o único motivo de não aceitarem uma babá é por temerem que elas tirassem o pai deles; e isso eles nunca aceitariam. Liam Kavanagh não tinha dona e eles queriam que continuasse assim eternamente. Naquele momento, ambos esperavam pela refeição da nova babá. A mulher tinha longos cabelos castanho-claros com algumas mexas loiras e os olhos eram em um tom azul-escuro. Enquanto preparava o almoço uma música tocava em seu celular, e por mais que soubesse que os gêmeos estivessem a alguns passos de si, ela não lhes dava atenção; estava totalmente focada em sua cantoria enquanto picava uma cebola. As crianças cochichavam en
Quando descobriu por seu irmão mais velho que ambos seus filhos haviam desaparecido e que a babá estava possessa por conta de um chiclete mascado que seu filho havia pregado em seus cabelos, ele realmente se preocupou; primeiro, porque eles estavam sozinhos pelas ruas de Dublin e segundo, porque com certeza seria processado. Bom, não seria a primeira vez. E naquele momento, o que mais importava para ele era a segurança de seus pequenos. E por esse motivo não se demorou em correr para fora de sua grande sala e pedir para que sua secretária cancelasse tudo que tivesse em sua agenda para aquele dia e o dia seguinte, enquanto seguia para o elevador, completamente nervoso. Imaginava que seus filhos pudessem estar assustados, afinal, nunca estiveram sozinhos pelas ruas da cidade antes. Era perigoso, sempre os avisou disso, em especial das pessoas que podiam lhes fazer mal, e mesmo assim, mesmo depois de tantas e tantas vezes que havia avisado a ambos, eles saíram, e para piorar, ninguém
Aquele seria um daqueles dias no qual ele não ia a empresa por conta da falta de uma babá, infelizmente perderia alguns dias de trabalho para que as crianças não ficassem sozinhas, e por mais que soubesse que ambos não lhes dariam trabalho se os levasse para a KC, não achou que seria confortável para eles ficarem tantas horas por lá. Liam não culparia os filhos pela forma como expulsaram a babá, não dessa vez, não quando sabia que eles tinham certa razão em mandá-la embora. Claro que não concordava com o modo no qual fizeram, mas compreendeu prontamente, ao saber toda a história da boca de Naty, sua princesinha, que realmente havia ficado chateada com a forma que a mulher lhe tratou. Ambos eram muito carentes e extremamente manhosos, mas tinha de confessar de que Naty era muito mais; talvez por ser uma garotinha. Estava extremamente cansado. Ser pai solteiro não era fácil, mas ele não reclamava, mesmo quando estava exausto e precisava dar banho em ambos e colocá-los para dormir, ind