Fabiana Constantinova A manhã estava fria e silenciosa. Senti as contrações ficarem mais intensas e sabia que era hora. Phillippo estava ao meu lado, segurando minha mão com força enquanto me levavam para a sala de cirurgia. Tentei sorrir para ele, mas a preocupação em seus olhos me dizia tudo o que eu precisava saber.Chegando ao hospital, fui rapidamente atendida. A equipe médica parecia bem preparada, mas havia um ar de urgência que me deixava nervosa. Já estava com dez centímetros de dilatação, e tudo estava pronto para o parto.A sala de cirurgia estava cheia de luzes fortes e aparelhos que pareciam me observar. Deitei-me na mesa e olhei para Phillippo, buscando conforto em seu olhar. Ele tentou me tranquilizar com um sorriso, mas eu podia ver o medo em seus olhos.— Vai dar tudo certo, meu amor. — Ele sussurrou, beijando minha testa.Os médicos e enfermeiros se prepararam, e Dr. Marques, o obstetra, fez uma última verificação nos monitores antes de começar o procedimento.— Vam
Phillippo Constantinova Os meses foram passando e minha relação com Maria Laura estava cada dia mais fortalecida. Gostaria de assumir nosso relacionamento, mas ela sempre dizia que ainda não era a hora certa. Não me conta muito sobre seu passado, o que é um pouco estranho, mas tento respeitar seu espaço.As meninas a amavam e Alice a chamava de “mamãe”, o que achei estranho no começo, mas agora não mais. Laura sempre mostra a ela a foto de Fabiana e diz que ela é sua mãe, que virou uma estrela. Tem horas que Laura é muito mais que apenas uma governanta infantil.Quando voltei do almoço, encontrei meu pai sentado na minha sala. Olhei para ele e sorri.— O que está fazendo aqui? — Perguntei a ele, que revirou os olhos.— Por quê? Não posso mais visitar o meu filho? — Meu pai ergueu uma sobrancelha.— Claro que pode, pai, só perguntei pela surpresa mesmo. Desculpa, estamos com mais um caso grande aqui, que acabou mobilizando a metade dos advogados.— Bem que você falou, filho, que o dir
Sophia Martins / Maria Laura SantosNem acredito que finalmente meus 19 anos estão chegando. Sobrevivi a mais um ano de uma vida super louca. Depois de arrumar as meninas e colocá-las na cama, desci e encontrei Phillippo. Conversamos brevemente e saí.Estava esperando o Uber chegar e tenho certeza de que vi alguém do clube à espreita. Será que vi mesmo ou era coisa da minha cabeça? Quando o carro chegou, entrei e fui para a boate. Chegando lá, encontrei meus amigos à minha espera.— E aí, gostosa, está gata! — Minha amiga me abraçou. — Vamos beber para comemorar os 19 anos da gata. — Letícia é doida.— Meninas, vamos sentar. Soph, cadê o motorista seu amigo? — João perguntou.— Vai chegar mais tarde. Ele vai vir com Carlos.— Sabia que ele era do vale. — Letícia disse rindo e revirei os olhos. — Vamos iniciar os trabalhos com três fileiras de shots.Fomos ao bar, pedimos os shots e viramos tudo de uma vez. Fomos para a pista, onde começamos a dançar. Rapidamente, dois caras se juntara
Minas Gerais, 2023Maria MartinsO sol mal tinha começado a despontar no horizonte quando me levantei da cama. O dia mal começava e já sentia uma melancolia profunda. Hoje era um dia especial, mas também doloroso. Era o aniversário de 19 anos de Sophia, minha filha que havia mandado embora há tanto tempo.Suspirei fundo enquanto preparava o café na cozinha modesta. "Será que ela tá bem? Será que tá viva?", pensei. Não tinha como saber. A última vez que tive notícias dela, Sophia estava indo embora, determinada a encontrar um futuro melhor longe da pequena cidade mineira onde vivíamos.Enquanto o café esquentava, ouvi um choro vindo do quarto. Era Rosamaria, minha bebê, que tinha acordado. Deixei a chaleira no fogão e fui até o berço.— Bom dia, meu anjinho. — Sussurrei, pegando a pequena nos braços. — Sabe, Rosamaria, hoje é um dia especial. Sua irmã mais velha, a Sophia, tá fazendo 19 anos.A bebê olhava para mim com aqueles olhos grandes e curiosos, como se entendesse cada palavra.
Sophia Martins / Maria Laura SantosDepois do almoço, deixei as meninas livres para brincarem e fazerem o que quiserem. Elas são crianças e têm muitas atividades extras, além das aulas. Sei que dona Helena vai brigar comigo, mas deixa que ela brigue comigo.À noite, quando Philippo chegou, as meninas já estavam arrumadas, e ele olhou para mim, perguntando se eu não iria me arrumar. Olhei para o uniforme, achando que estava tudo bem.— Eu já estou pronta. — Respondi, confusa, e ele sorriu.— Você deve se arrumar mesmo. Hoje é um dia especial.Pedi licença e fui para o meu quarto. Escolhi um vestido simples, mas bonito, e me arrumei. Quando desci, vi o olhar de surpresa e admiração nos olhos de Phillippo. Disfarcei um sorriso, satisfeita.— Você está linda. — Disse ele de maneira casual, mas percebi a sinceridade em sua voz.Agradeci, tentando esconder a timidez que senti naquele momento. Pegamos o carro e nos preparamos para sair. Enquanto nos dirigíamos ao restaurante, não pude deixar
Luciana TorresEstava sentada no meu quarto, observando meu reflexo no espelho. Eu havia planejado esse momento por tanto tempo, e agora, finalmente, estava prestes a acontecer. Sabia que essa era minha chance de garantir meu lugar na família Constantinova.— Luciana, você está pronta? — A voz da minha mãe, cheia de expectativa, ecoou pela porta do meu quarto.— Sim, mãe. — Respondi, sorrindo. — Estou pronta.Ela entrou no quarto e seus olhos estavam brilhando de orgulho. Sabia que minha mãe sempre desejou que eu me casasse bem, que eu garantisse um futuro seguro e próspero. E não havia melhor candidato do que Phillippo Constantinova.— Está na hora de você dizer a Phillippo que está grávida. — Disse ela, sua voz firme.— Eu sei. — Respondi.Ela sorriu, satisfeita. Aproximou-se de mim e colocou as mãos nos meus ombros, olhando diretamente nos meus olhos.— Lembre-se, Luciana, você merece esse lugar. Você trabalhou duro para chegar até aqui. Phillippo precisa saber que ele tem respons
Minas Gerais, 2010Sophia MartinsEu tinha apenas oito anos, vivendo em Minas Gerais com minha mãe, num pequeno vilarejo onde todos se conheciam. Minha mãe, Maria da Glória, era uma mulher batalhadora, sempre fazendo o possível para que não nos faltasse nada. Ela trabalhava como costureira e, às vezes, como faxineira em casas de família. Mesmo com toda a dificuldade, ela nunca perdia o sorriso.Naquele ano, algo diferente começou a acontecer. Minha mãe estava mais animada do que de costume. Eu não entendia muito bem o porquê, mas logo descobri. Um dia, ela chegou em casa com um brilho nos olhos e um sorriso que eu nunca tinha visto antes.— Sophia, minha querida, venha cá. — Disse ela, me chamando para a sala.Eu estava no quintal, brincando com minha boneca de pano, mas corri para ver o que minha mãe queria. Quando entrei, vi um homem sentado no sofá. Ele era alto, magro, com cabelos pretos e olhos que não paravam quietos. Ele me olhou e sorriu, mas havia algo naquele sorriso que me
São Paulo, 2023Sophia Martins / Maria Laura SantosTinha uns três dias que Phillippo estava estranho, descontando até nas meninas. Ele estava irritado, e imaginei que fosse algo relacionado ao trabalho. Enquanto as meninas estavam no quarto de brinquedos, chateadas com o pai, fui até o seu escritório e bati na porta antes de entrar.— Fala, Maria Laura. — Ele tirou os olhos da tela do notebook e me encarou.— Beatriz ficou chateada com a forma que falou com ela. Ela está bem chateada e só queria passar um tempo com você.— Eu te pago para achar alguma coisa? — Ele falou de uma forma que me fez estremecer. Nunca tinha visto aquele olhar dele.— Não precisa ser grosso, mas a menina só tem 09 anos e não merece isso.— Apenas faça o seu serviço e deixe que do resto eu cuido.Senti vontade de respondê-lo, mas engoli em seco e respirei fundo. Voltei para a sala de brinquedos e conversei com as meninas. Beatriz ainda estava bem chateada.— Eu queria que ele tivesse morrido no lugar da mamãe