Luciana TorresEstava sentada no meu quarto, observando meu reflexo no espelho. Eu havia planejado esse momento por tanto tempo, e agora, finalmente, estava prestes a acontecer. Sabia que essa era minha chance de garantir meu lugar na família Constantinova.— Luciana, você está pronta? — A voz da minha mãe, cheia de expectativa, ecoou pela porta do meu quarto.— Sim, mãe. — Respondi, sorrindo. — Estou pronta.Ela entrou no quarto e seus olhos estavam brilhando de orgulho. Sabia que minha mãe sempre desejou que eu me casasse bem, que eu garantisse um futuro seguro e próspero. E não havia melhor candidato do que Phillippo Constantinova.— Está na hora de você dizer a Phillippo que está grávida. — Disse ela, sua voz firme.— Eu sei. — Respondi.Ela sorriu, satisfeita. Aproximou-se de mim e colocou as mãos nos meus ombros, olhando diretamente nos meus olhos.— Lembre-se, Luciana, você merece esse lugar. Você trabalhou duro para chegar até aqui. Phillippo precisa saber que ele tem respons
Minas Gerais, 2010Sophia MartinsEu tinha apenas oito anos, vivendo em Minas Gerais com minha mãe, num pequeno vilarejo onde todos se conheciam. Minha mãe, Maria da Glória, era uma mulher batalhadora, sempre fazendo o possível para que não nos faltasse nada. Ela trabalhava como costureira e, às vezes, como faxineira em casas de família. Mesmo com toda a dificuldade, ela nunca perdia o sorriso.Naquele ano, algo diferente começou a acontecer. Minha mãe estava mais animada do que de costume. Eu não entendia muito bem o porquê, mas logo descobri. Um dia, ela chegou em casa com um brilho nos olhos e um sorriso que eu nunca tinha visto antes.— Sophia, minha querida, venha cá. — Disse ela, me chamando para a sala.Eu estava no quintal, brincando com minha boneca de pano, mas corri para ver o que minha mãe queria. Quando entrei, vi um homem sentado no sofá. Ele era alto, magro, com cabelos pretos e olhos que não paravam quietos. Ele me olhou e sorriu, mas havia algo naquele sorriso que me
São Paulo, 2023Sophia Martins / Maria Laura SantosTinha uns três dias que Phillippo estava estranho, descontando até nas meninas. Ele estava irritado, e imaginei que fosse algo relacionado ao trabalho. Enquanto as meninas estavam no quarto de brinquedos, chateadas com o pai, fui até o seu escritório e bati na porta antes de entrar.— Fala, Maria Laura. — Ele tirou os olhos da tela do notebook e me encarou.— Beatriz ficou chateada com a forma que falou com ela. Ela está bem chateada e só queria passar um tempo com você.— Eu te pago para achar alguma coisa? — Ele falou de uma forma que me fez estremecer. Nunca tinha visto aquele olhar dele.— Não precisa ser grosso, mas a menina só tem 09 anos e não merece isso.— Apenas faça o seu serviço e deixe que do resto eu cuido.Senti vontade de respondê-lo, mas engoli em seco e respirei fundo. Voltei para a sala de brinquedos e conversei com as meninas. Beatriz ainda estava bem chateada.— Eu queria que ele tivesse morrido no lugar da mamãe
A música no clube estava alta, as luzes piscavam, criando um ambiente que misturava mistério e sensualidade. Com a máscara no rosto, entrei no palco, tentando manter a calma. Meu coração batia acelerado, temendo que Lúcio me reconhecesse. Concentrei-me na dança, movendo-me com a graça e a sensualidade que Mauro exigia. A apresentação foi um sucesso, os homens aplaudiram e assobiaram enquanto eu descia do palco. Mal tive tempo de respirar quando Mauro se aproximou.— Você tem uma dança VIP para fazer. — Ele disse, empurrando-me levemente em direção a uma sala reservada.Meu estômago deu um nó quando entrei na sala e vi Lúcio esperando por mim. Ele estava sentado em uma poltrona, com um olhar que misturava curiosidade e desejo. — Boa noite. — Ele disse, seus olhos brilhando por trás de um leve sorriso.Eu assenti, sem dizer uma palavra. Mantive a máscara no rosto e comecei a dançar, sentindo cada movimento como uma tensão que me atravessava. Lúcio observava cada detalhe, seus olhos se
O sol mal havia surgido no horizonte quando acordei. A cabeça ainda estava pesada com os acontecimentos da noite anterior, mas não podia me dar ao luxo de descansar. As meninas precisavam de mim, e eu precisava manter a cabeça no lugar. Desci para preparar o café da manhã, tentando focar em tarefas simples para afastar os pensamentos que me atormentavam.As meninas desceram logo depois, ainda sonolentas. Preparei o café da manhã e me sentei com elas à mesa. Beatriz parecia mais calma, mas ainda havia um traço de tristeza em seu olhar.— Como vocês estão hoje? — Perguntei, tentando soar animada.— Estamos bem, Maria Laura. — Disse Lara, com um sorriso tímido. — Você pode nos levar ao parque hoje?— Claro. — Respondi, sorrindo. — Podemos ir depois do café da manhã.Enquanto elas comiam, minha mente vagava para Phillippo e a conversa que tivemos. A ideia de Luciana grávida me deixava insegura sobre o futuro.Depois do café, saímos para o parque. As meninas correram e brincaram, suas risa
Fui até a área dos carros e encontrei Sebastião lavando o carro enquanto conversava com senhor Jaime, o jardineiro. Corri até ele e me joguei em seus braços. Sebastião ficou surpreso com minha reação, mas ao ver meu semblante percebeu que havia algo errado. Senhor Jaime se afastou, e Sebastião se virou para mim, preocupado.— O que houve, Laura? Por que está nesse estado? Me diz o que houve, pelo amor de Zeus!Tentei falar, mas as palavras saíam emboladas. Meu amigo pediu para que eu me acalmasse, e respirei fundo algumas vezes.— Mauro esteve aqui.Ele olhou para mim incrédulo e me pediu para contar o que realmente aconteceu.— Mauro veio aqui e me ameaçou. Ele vai contar pro Phillippo sobre a minha identidade e vou ser presa, Sebas. Tudo que eu queria era me livrar desse desgraçado, mas parece que estou ainda mais unida a ele.— Sophia, como ele descobriu que você está aqui? Será que...— Não, João e Letícia não contaram nada. Desde o meu aniversário, eu estava me sentindo observada
Letícia Alves Minha amiga não merecia sofrer tanto, mas eu não sei o que fazer para ajudá-la. Na verdade, não faço a menor ideia. Liguei para João, que me atendeu no primeiro toque.— O que precisa? — Ele perguntou.— Eu gosto de você por isso, porque toda vez que eu te ligo eu posso contar com você. — Sorri e pude sentir que ele revirou os olhos.— Você só liga pra mim quando precisa de alguma coisa. — Ele disse.— Ah, que calúnia! João, eu preciso de você.— Já estou indo.Quando ele desligou, fiquei esperando ele chegar. Estava zapeando os canais quando ouvi barulho na porta e soube que era ele, pois ainda tinha as chaves aqui de casa.— Agora me diz, o que precisa.Contei a ele sobre tudo que aconteceu, e João sentou no sofá completamente irritado.— Eu disse que era pra botar ele na cadeia, mas você disse que era melhor não fazer isso. Agora olha a merda que ele fez? Tadinha da Sosso, o que ela vai fazer?— Ela já está fazendo, deixando toda a sua comissão com o barrigudo filho
Maria MartinsEstava na cozinha, mexendo na panela, quando senti que não aguentava mais. As lágrimas começavam a cair, misturando-se ao vapor que subia. A vida tinha sido dura comigo, mas nada se comparava ao tormento de estar casada com Carlos Emanuel. A cada tapa, a cada insulto, meu coração se despedaçava um pouco mais. Estava cansada, exausta de apanhar e de viver com medo.— Por que eu ainda estou aqui? — murmurei para mim mesma, tentando controlar o choro. — Por que continuo suportando isso?Enquanto mexia o café, ouvi os homens rindo na sala, a voz grossa de Carlos se destacando. Eu queria fugir, deixar tudo para trás, mas não podia. Não podia abandonar minha filha, Rosamaria, e deixar ela nas mãos dele. Com esse pensamento, enxuguei as lágrimas e peguei a bandeja com o café.Caminhei até a sala e entreguei as xícaras aos homens, evitando o olhar de Carlos. Ele fez um gesto brusco com a mão, me mandando sair dali.Voltei para a cozinha com o coração pesado, a bandeja tremendo n