— Claro, senhor. — Ela se sentou à mesa da cozinha, olhando para mim com curiosidade e preocupação. — O que está acontecendo, senhor Phillippo? Você parece tão... diferente.Me sentei de frente para ela e a fiquei encarando.— Por que você insiste em me chamar de senhor? — Perguntei, e ela sorriu.— Força do hábito. Mas me diga o que está acontecendo? — Ela perguntou e mesmo eu querendo contar as coisas para ela preferi deixar quieto por enquanto. — Não se preocupe com isso, gostaria apenas que ficasse comigo.— Claro, senhor. — Ela respondeu, me dando uma piscadela.Passamos a próxima hora falando sobre trivialidades, coisas do cotidiano, e o turbilhão que havia se criado dentro de mim se acalmou.— Obrigado por me ouvir, estava precisando disso.— Você está muito sério, que tal dar umas boas gargalhadas? — Ela perguntou.— E o que sugere?— Me espere aqui que já volto.Maria Laura pegou os seus saltos e saiu rapidamente. Um tempo depois, ela voltou, vasculhou os armários, fez pipoc
Mais tarde, nos encontramos na sala de cinema. Quando nos sentamos, perguntei:— O que vamos ver dessa vez?— "S.O.S Mulheres ao Mar 2". — Ela respondeu, animada.Começamos a rir assim que o filme começou. Era incrível como aquelas situações absurdas nos faziam rir tanto.— Essa parte em que a Adriana tenta fazer yoga no navio e acaba caindo na água é demais! — Maria Laura comentou, rindo.— E quando ela resolve se vingar do ex no jantar, mas tudo dá errado? — Acrescentei, gargalhando.— E aquela cena em que elas invadem o show de talentos? Quase morri de rir! — Ela disse, ainda rindo.Ao final do filme, ainda estávamos rindo e comentando as melhores partes.— Foi ótimo! — Disse, ainda rindo. — Você escolhe bons filmes.— Obrigada. — Ela respondeu, sorrindo. — Mas quero saber, qual é o seu ator favorito?— Eu gosto do Leonardo DiCaprio. E você?— Zac Efron e Robert Pattinson. — Ela respondeu.— Muito previsível. — Brinquei.— Também gosto do Jamie Dornan, o Christian Grey. — Ela acres
Sophia Martins / Maria Laura Santos Na manhã seguinte, acordei um pouco dolorida e sorri ao lembrar de tudo o que havia acontecido na noite passada. Se eu me arrependo? Nem um pouco. Mas agora as coisas se agravaram um pouco mais. Minha amiga vai enlouquecer quando souber o que aconteceu. Ela ainda disse para eu tomar cuidado para não me envolver demais, mas eu estou completamente apaixonada por Phillippo e isso não aconteceu do nada; foi de forma gradual.Me levantei e fui para o meu quarto, onde me arrumei para chamar as meninas. Como hoje elas não tinham atividades extras pela manhã, as deixei dormir um pouco mais.Me ocupei com Maria Alice e fiquei conversando com ela, quando de repente ela balbuciou a palavra "mamãe". Encarei-a completamente surpresa enquanto ela ria divertida e repetia.— Não, querida, eu sou a babá, não a mamãe. — Tentei corrigir, mas ela continuou a repetir "mamãe".Desci com Maria Alice e lhe dei uma banana amassada com um pouco de canela. Ela comeu tudo rin
Depois de mais uma apresentação, encontrei-me novamente com Sebastião e Carlos. Carlos parecia impressionado e curioso.— É sempre assim agitado? — Ele perguntou.— Hoje o movimento está fraco. — Respondi, sorrindo.Nesse momento, Britney se aproximou, me chamando com urgência.— Violett, vamos precisar dançar juntas. Scarlett e Jasmine estão passando mal e as outras estão atendendo clientes na suíte. — Ela disse.— Entendi. — Respondi.Quando Britney saiu, Carlos olhou para mim com uma expressão de confusão.— O que é a suíte? — Ele perguntou.— É um quartinho com uma cama, uma mesinha cheia de camisinhas e um banheiro pequenininho para as meninas se limparem depois que transam com os clientes. — Expliquei.— Então, isso aqui é um prostíbulo? — Ele perguntou, surpreso.— Também é. — Respondi, tentando não demonstrar desconforto.— E você? Você faz programa? — Carlos continuou, curioso.— Não, eu apenas danço. — Respondi, firme. — A silhueta que está no banner lá fora é minha.— Então
Fabiana Constantinova A manhã estava fria e silenciosa. Senti as contrações ficarem mais intensas e sabia que era hora. Phillippo estava ao meu lado, segurando minha mão com força enquanto me levavam para a sala de cirurgia. Tentei sorrir para ele, mas a preocupação em seus olhos me dizia tudo o que eu precisava saber.Chegando ao hospital, fui rapidamente atendida. A equipe médica parecia bem preparada, mas havia um ar de urgência que me deixava nervosa. Já estava com dez centímetros de dilatação, e tudo estava pronto para o parto.A sala de cirurgia estava cheia de luzes fortes e aparelhos que pareciam me observar. Deitei-me na mesa e olhei para Phillippo, buscando conforto em seu olhar. Ele tentou me tranquilizar com um sorriso, mas eu podia ver o medo em seus olhos.— Vai dar tudo certo, meu amor. — Ele sussurrou, beijando minha testa.Os médicos e enfermeiros se prepararam, e Dr. Marques, o obstetra, fez uma última verificação nos monitores antes de começar o procedimento.— Vam
Phillippo Constantinova Os meses foram passando e minha relação com Maria Laura estava cada dia mais fortalecida. Gostaria de assumir nosso relacionamento, mas ela sempre dizia que ainda não era a hora certa. Não me conta muito sobre seu passado, o que é um pouco estranho, mas tento respeitar seu espaço.As meninas a amavam e Alice a chamava de “mamãe”, o que achei estranho no começo, mas agora não mais. Laura sempre mostra a ela a foto de Fabiana e diz que ela é sua mãe, que virou uma estrela. Tem horas que Laura é muito mais que apenas uma governanta infantil.Quando voltei do almoço, encontrei meu pai sentado na minha sala. Olhei para ele e sorri.— O que está fazendo aqui? — Perguntei a ele, que revirou os olhos.— Por quê? Não posso mais visitar o meu filho? — Meu pai ergueu uma sobrancelha.— Claro que pode, pai, só perguntei pela surpresa mesmo. Desculpa, estamos com mais um caso grande aqui, que acabou mobilizando a metade dos advogados.— Bem que você falou, filho, que o dir
Sophia Martins / Maria Laura SantosNem acredito que finalmente meus 19 anos estão chegando. Sobrevivi a mais um ano de uma vida super louca. Depois de arrumar as meninas e colocá-las na cama, desci e encontrei Phillippo. Conversamos brevemente e saí.Estava esperando o Uber chegar e tenho certeza de que vi alguém do clube à espreita. Será que vi mesmo ou era coisa da minha cabeça? Quando o carro chegou, entrei e fui para a boate. Chegando lá, encontrei meus amigos à minha espera.— E aí, gostosa, está gata! — Minha amiga me abraçou. — Vamos beber para comemorar os 19 anos da gata. — Letícia é doida.— Meninas, vamos sentar. Soph, cadê o motorista seu amigo? — João perguntou.— Vai chegar mais tarde. Ele vai vir com Carlos.— Sabia que ele era do vale. — Letícia disse rindo e revirei os olhos. — Vamos iniciar os trabalhos com três fileiras de shots.Fomos ao bar, pedimos os shots e viramos tudo de uma vez. Fomos para a pista, onde começamos a dançar. Rapidamente, dois caras se juntara
Minas Gerais, 2023Maria MartinsO sol mal tinha começado a despontar no horizonte quando me levantei da cama. O dia mal começava e já sentia uma melancolia profunda. Hoje era um dia especial, mas também doloroso. Era o aniversário de 19 anos de Sophia, minha filha que havia mandado embora há tanto tempo.Suspirei fundo enquanto preparava o café na cozinha modesta. "Será que ela tá bem? Será que tá viva?", pensei. Não tinha como saber. A última vez que tive notícias dela, Sophia estava indo embora, determinada a encontrar um futuro melhor longe da pequena cidade mineira onde vivíamos.Enquanto o café esquentava, ouvi um choro vindo do quarto. Era Rosamaria, minha bebê, que tinha acordado. Deixei a chaleira no fogão e fui até o berço.— Bom dia, meu anjinho. — Sussurrei, pegando a pequena nos braços. — Sabe, Rosamaria, hoje é um dia especial. Sua irmã mais velha, a Sophia, tá fazendo 19 anos.A bebê olhava para mim com aqueles olhos grandes e curiosos, como se entendesse cada palavra.