Sophia Martins / Maria Laura Santos Depois que deixei as meninas na escola, pedi a Sebastião que me deixasse na pracinha. Levei Maria Alice para dar uma volta e ela estava curiosa, observando tudo. Sebastião então perguntou o que estava acontecendo e eu disse a ele o que ocorreu pela manhã. Ele contou que trabalha para o senhor Constantinova há quatro anos e que ele é completamente diferente do que é hoje.— O senhor Constantinova era um bom pai, um marido carinhoso e amoroso — Sebastião contava com um olhar melancólico. — A morte da senhora Fabiana o destruiu.— Entendo a dor dele, mas as meninas precisam tanto dele. Beatriz está tão amarga e Lara... ela é tão pequena para entender tudo isso. — Suspirei, ajeitando Maria Alice em meus braços. — Ele precisa encontrar uma maneira de voltar a ser o pai que elas lembram.— É difícil perder alguém que se ama tanto, especialmente de maneira tão repentina. Mas você está certa, Maria Laura. Ele precisa encontrar uma maneira de seguir em fre
No dia seguinte assim que me levantei fui para o quarto de Beatriz e a menina estava passando mal, então avisei a dona Helena e ela me disse que ela não iria precisar ir para o ballet, tenho certeza que ela estava fingindo, mas não iria dizer nada. Voltei para o seu quarto e ela estava deitada olhando para o teto. Então sentei em sua cama e conversei com ela enquanto apertava a sua barriga e ela não reclamou. — Você não estava com dor? — Perguntei a ela que ficou sem graça. — Eu sei que está mentindo. — Então por que não me delata para dona Helena. — Por que não sou uma X-9. E outra eu sei que você não gosta das aulas de ballet, então por que faz? — Eu nunca gostei de ballet, mas minha mãe era apaixonada por isso e então ela me matriculou e depois que ela morreu eu pedi o meu pai para me tirar da aula, porém ele disse que o desejo de minha mãe era que eu fosse bailarina, então cá estou. — Ela falava com frustração. Sei muito bem o que é fazer algo para agradar alguém e particula
Luciana TorresSabe o que é amar uma pessoa a vida inteira e essa pessoa nunca perceber? Pois bem, é o que acontece comigo. Phillippo nunca percebeu que nutro sentimentos por ele. Pensei que seria mais fácil engatar um relacionamento já que todos da nossa família são amigos e parceiros de negócios, porém me enganei. Decidi até mesmo contrariar meu pai e fazer a mesma faculdade que ele para podermos ficar ainda mais juntos, só que todos os meus esforços foram em vão.Ele conheceu a songa-monga da Fabiana quando ainda estávamos no ensino médio e se encantou com aquele jeitinho meigo dela. Devo admitir que eu odiava aquele jeito dela, sempre boazinha, sempre carinhosa. Aff!Armei diversos planos para eles se separarem, mas nada deu certo e os dois acabaram se casando. Quando ela morreu no parto da última filha deles, confesso que fiquei feliz por saber que eu teria uma chance. Só que agora Phillippo está diferente, ele não é mais o homem que eu conheci. Sempre está de cara fechada, focad
Sophia Martins/ Maria Laura SantosDona Helena estava o cão, chata pra cacete. Ela gritava ordens para todos e, se ela não fosse uma senhora de meia-idade, diria que estava de TPM.— Maria Laura, se mexa! As crianças não irão se cuidar sozinhas! — Sorri para ela.— Vim apenas buscar a mamadeira da Alice. A senhora quer um chazinho de camomila?Ela me encarou por algum tempo e depois soltou um longo suspiro.— Aceito!Fui para a cozinha e pedi a dona Martina para preparar um chá para dona Helena.— Ela está louca como o diabo — concordei com dona Martina, que riu.Assim que o chá ficou pronto, levei para dona Helena e fui para o quarto de Alice. Dei a mamadeira e sorri quando a pus no berço.— Acho que está na hora de começar a te dar papinhas — sorri para ela, que fazia barulhinhos engraçados. — Mas semana que vem vamos à pediatra e ela vai dizer o que você pode comer ou não, coisinha fofa.De onde venho, as mães dão comida cedo para os filhos, mas com pessoas ricas tudo tem que ser q
Phillippo Constantinova Hoje era aniversário de nove meses de Maria Alice e resolvi levar as meninas para um passeio em família.— Pai, você chamou a Maria Laura? — Beatriz perguntou e neguei. — Chama ela, pai.— Não, eu disse que passaríamos um dia apenas nós três.— E por que não podemos virar quatro? Vai, pai, por favor, chama a Maria Laura, ela é muito legal e sempre protege a gente.Beatriz insistiu tanto que decidi ir até o quarto dela e convidá-la. Bati na porta duas vezes e não obtive resposta, então girei a maçaneta e entrei.Assim que entrei, a porta do banheiro se abriu e ela apareceu sem nenhuma roupa. Virei no mesmo instante em que ela soltou um grito.— Senhor Constantinova, precisa de algo? — Ela disse depois de correr para o banheiro. — Não fale nada, espere um minuto.Depois de um tempo, ela retornou já vestida, e me desculpei por entrar.— Não precisa se desculpar, a casa é sua, senhor.— Mesmo assim, não deveria ter entrado em seu quarto. Estou aqui para te convida
— Maria Laura, por que diabos eu tenho que vestir essa fantasia ridícula de árvore? — Beatriz reclamava.— Bia, você é uma árvore, por isso está vestida assim — respondi, tentando esconder um sorriso.— Que saco!Ela estava irritada por estar vestida de árvore, e não posso negar que estava muito engraçada.— Se tivesse ficado menos emburrada e se dedicado um pouco mais nas aulas de ballet, teria um papel muito melhor.Na hora do recital, Rute fez sinal para que eu me sentasse com ela. Depois de ajeitar Lara na cadeira e colocar Maria Alice em meu colo, Rute comentou que Tereza estava nervosa por fazer o papel principal.— Beatriz está irritada por fazer uma árvore — falei, e nós duas rimos.Nesse momento, recebi uma mensagem do senhor Phillippo, avisando que estava em uma reunião importante e não poderia comparecer. Soltei um suspiro pesaroso.— O que aconteceu? — perguntou Rute.— Meu chefe não virá para o recital de ballet da filha.Rute olhou ao redor e apontou discretamente.— Olh
Phillippo Constantinova A noite na beira da piscina com Maria Laura foi mais interessante do que eu esperava. Ela fala as coisas na cara, sem se importar que sou eu quem paga seu salário. Isso é algo novo para mim. As outras governantas infantis sempre foram complacentes, mas Maria Laura é diferente. Ela realmente gosta das crianças e cuida delas com um carinho genuíno. Até Beatriz, que é a mais difícil, parece gostar dela.Estava tomando meu café da manhã quando Luciana com um sorriso radiante no rosto me pegando completamente de surpresa. — Phillippo, você precisa ir jantar na casa dos meus pais esse fim de semana — ela anunciou, como se fosse uma ordem— Bom dia, pra você também. Estava pensando em sair com as meninas nesse final de semana — respondi, não querendo me comprometer.— Você pode sair com as meninas outro dia. O jantar na casa dos meus pais é mais importante. Meu pai convidou alguns sócios e seria bom para você estar lá. Lembra que você me disse que queria ampliar o n
Sophia Martins/ Maria Laura SantosConfesso que fiquei desapontada quando ouvi Phillippo desmarcar um compromisso que ele teria com as meninas para ir a um jantar de negócios.Beatriz olhou para mim e alisei seu rosto com um sorriso, enquanto Lara, sendo menor, não entendeu muito bem.Coloquei as meninas sentadas e, enquanto dona Martina as servia, fui para a cozinha preparar a mamadeira para Alice e voltei para a sala de estar.A todo momento, Luciana parecia tentar me irritar, mas não conseguiu. No clube, se a gente não se impõe, elas montam em você.Depois que as meninas terminaram seus cafés, as levei para a aula de música. Beatriz toca violino e Lara toca piano. Elas fazem muitas aulas extras fora da escola à tarde. Resumindo, essas meninas quase não ficam em casa.Enquanto as meninas estavam na aula, minha amiga me ligou e avisou que hoje eu teria que ir ao clube. Eu disse que sabia.— Seu novo amigo vai te dar uma força? — ela perguntou.— Vai sim, ele é um amor. Miga, tenho qu