Passei a semana inteira numa verdadeira confusão, a noite com o Renan, a personalidade que eu fiquei admirada, e fiquei ainda mais confusa por ele ter me dado a impressão que entendeu a minha conversa no telefone. Com isso o evitei todas as maneiras possíveis, até as puladas no meu muro foram ignoradas, somente para não cair em tentação.Enquanto não decidir para qual lado ceder, prefiro me afastar dele e dos motivos que me trouxeram até aqui. Metade de mim, pede por ele e por esse novo sentimento, e a outra metade insiste em me lembrar que estou completamente errada em querê-lo. Quando tudo isso acabar, precisarei urgentemente de um psicólogo.Mesmo com a comodidade de trabalhar em casa e não precisar sair para encará-lo, me vi obrigada a ir ao mercado ou viveria de pizzas e hambúrgueres. Suspiro aliviada quando passo pela boca e não o vejo passear por ali, porém os meus minutos de alívio logo são interrompidos à minha volta, quando me deparo com o Renan encostado na moto em frente a
Vamos em silêncio durante todo o trajeto até a minha casa, e todo esse silêncio me faz sentir um certo receio dele ter desistido justamente agora que eu decidi ceder. — Dá teu papo, Ludmila. Preciso voltar, tô no plantão. — Ele diz num tom ríspido assim que entramos na minha casa.— Queria te pedir desculpas, tá legal?! Inventei uma monte de coisas pra não te ver, não sabia como te encarar e ainda fui uma idiota contigo ontem.— Só ontem? Tu me ignorou a semana inteira, Ludmila. Eu venho feito um palhaço ver se vacilei e tu ainda me expulsa da sua casa. Eu tô afim de Você, mas isso não quer dizer que mereço ser esculachado.— Desculpa! Não foi minha intenção te esculachar, Renan. Cara, me entende, eu tenho os meus motivos pra querer ficar longe.— Quais motivos? Eu não te entendo, sério. Era só mandar a real, dizer que não tava afim e eu não precisaria fazer isso tudo.— Tu ainda se lembra do porquê de eu ter vindo morar aqui? Caralho, eu passei por uma situação que me exigia ficar l
— É, estava. – Respondo e desvio o olhar quando vejo o seu olhar desconfiado. — Uma conhecida lá da favela fez uma confusão e quase colocou tudo a perder, então eu decidi me afastar dele por enquanto. Voltei à estaca zero porque ele desconfiou. Eu preciso de tempo para me dedicar e não fazer besteira, não posso colocar em risco a minha vida e a vida de quem não tem nada a ver.— Está corretíssima, Liv. Bem, não tem sentido você continuar lá, então vai voltar pra cá, né?_ Por enquanto não, preciso esperar porque me pediram um mês para devolver o apartamento. Enquanto isso tento seguir a minha vida por lá, espero que esse mês passe rápido.— Compreendo. A sua vida em primeiro lugar. Mas me diz, como anda a vida, além disso tudo?Tento conversar normalmente com ele, contando como são as minhas aventuras na favela como a Ludmila e após alguns minutos de algumas conversas descontraídas, nos despedimos e eu volto para o apartamento da Débora. Mesmo com a insistência dela e da Thai pra gen
— Acho que já deu, né? — Débora diz enquanto desliga a ligação. — Tá perdendo a noção do perigo?— Celular e bebida, a mistura mais perigosa que inventaram. Por falar nisso, me empresta o celular da Lívia Ludmila para ligar para o meu ex. Acho que perdi o meu celular.— Ex não, Thai. Se quiser, arrumo um traficante para você, de repente você dá a sorte de encontrar um tão gostoso quanto o meu.— Aí, eu quero, amiga. — Thai diz e me agarra enquanto chora. — Eu queria tanto viver perigosamente como a Lud. Acho que vou me mudar para o morro e abandonar a chata da Debi. — Agora chega! As duas para o banho agora! É cansativo ter que dar conta de vocês duas bêbadas! — Ela diz num tom sério e nós duas a encaramos, e então ela abre um sorriso. — Mas estava com saudades disso... Agora anda, as duas para o banheiro!Acordo com a minha cabeça pesada e nem faço ideia do porquê de eu ter dormido no sofá, assim que me sento encontro a Thainá dormindo no tapete agarrada a uma almofada e ouço um bar
Me despeço dele e saio do carro, forçando a cabeça na tentativa de me lembrar o que falei, mas em vão. — Loira, tu tá com uma cara péssima. — Jéssica diz assim que entramos na minha casa.— Caraca, Jéssica. Eu bebi muito além da conta essa noite, tem noção? Liguei pro Nanzin e nem faço ideia do que falei pra ele, mas ele parece estar bem puto comigo.— Deve ter sido uma merda bem grande, pra ele armar um bonde pra ir te buscar. Tem sorte de tá viva, Lud. — Ela debocha e eu a encaro assustada.— A minha amiga disse que eu perguntei porque ele virou bandido, cara. Disse que eu falei pra ele que queria ele na minha cama. Porra, a minha dignidade foi embora junto com a bebida. _ E comigo você não bebe assim, vacilona. Vou deixar você dormir, mais tarde bora tomar um açaí na praça pra tu relaxar aí. Já almoçou?— Não, Nanzin praticamente me obrigou a voltar antes que eu pudesse pensar em comida. — A minha vó fez uma feijoada top, vou buscar lá pra tu.[...]Após a maravilhosa feijoada d
— Vai dormir comigo, né? — Ele diz enquanto me puxa para o colo dele.— Gostou mesmo de me ver vestindo as suas camisas. — Adoro mesmo é ver você sem elas, mas você também fica perfeita usando. Eu fiquei preocupado com você, loirinha. — Na próxima fico longe do celular.— Espero que não tenha próxima, mas confesso que você fica bem diferente bêbada e com um português invejável.— Estilo Renan? — Debocho. — Há coisas na minha vida que você não sabe, Renan. Mas não vai ser agora que vou te contar, tu já tá fodendo demais o meu juízo.— Já ouvi essas palavras.— Você disse, bobinho. Você também fala perfeitamente bem, e nem por isso tiro com a sua cara.— Vou te contar uma parada, eu não quis ser bandido, como você, assim como a maioria, deve pensar. Eu tinha outra vida antes de chegar aqui, e é por isso que falo tão perfeitamente bem. Vai chegar o dia que você vai falar as suas verdades e eu vou falar as minhas, e não te exijo saber de nada porque não posso retribuir. Tu vai me aturar
Embora para mim seja indiferente, ser a fiel do dono do morro parece ser uma posição bem importante aqui nessa favela, pois onde eu vou noto olhares em mim. Com isso sinto todos os meus passos sendo vigiados, já que passo próximo aos homens armados e eles sempre parecem comentam algo nos radinhos, mas o Renan diz que é apenas impressão minha.Após quase uma semana dormindo todos os dias com o Renan, decidi acordar bem cedo na intenção de retribuir o café da manhã que recebo na maioria dos dias. Nunca me atrevi a mexer na cozinha, afinal, embora o Renan já considerasse um namoro, antes eu não me sentia tão íntima para isso. Levanto com cuidado e visto a camisa dele, indo em direção a cozinha. Não sei exatamente onde ficam as coisas que vou precisar, mas após alguns minutos mexendo pelas gavetas e na geladeira, separo tudo o que vou precisar para preparar um café da manhã estilo americano, o meu preferido. Coloco uma música para tocar baixinho na caixinha de som, e inicio os trabalhos
***Por Renan / Nanzin***Após passar algum tempo me dividindo entre as minhas obrigações e conquistar a Ludmila, agora que consegui, enfim, ganhar essa mulher, posso voltar a minha atenção para as coisas urgentes. Vim para esse morro com um objetivo, vingar a morte do meu pai. Eu tenho a consciência de que o que ele fazia não era o certo, e se fosse somente por isso, continuaria com a segurança da minha vida normal, mas a forma como ele foi morto me exigiu um contra-ataque. Ele já havia se rendido e aceitado que a casa tinha caído, ainda assim foi torturado e morto da pior forma possível. Isso me despertou um ódio fodido.Ao decidir vir para cá comprei uma briga séria com a minha mãe, que até hoje é contra isso, e com razão. Para passar uma certa tranquilidade para ela, nos falamos todos os dias e sempre que ouço os apelos dela, mas ansioso eu fico para colocar um fim logo nisso.— Oi, mãe — A cumprimento ao atender a sua ligação diária.— Oi, meu filho. Como você está? É sempre um a