— É, estava. – Respondo e desvio o olhar quando vejo o seu olhar desconfiado. — Uma conhecida lá da favela fez uma confusão e quase colocou tudo a perder, então eu decidi me afastar dele por enquanto. Voltei à estaca zero porque ele desconfiou. Eu preciso de tempo para me dedicar e não fazer besteira, não posso colocar em risco a minha vida e a vida de quem não tem nada a ver.— Está corretíssima, Liv. Bem, não tem sentido você continuar lá, então vai voltar pra cá, né?_ Por enquanto não, preciso esperar porque me pediram um mês para devolver o apartamento. Enquanto isso tento seguir a minha vida por lá, espero que esse mês passe rápido.— Compreendo. A sua vida em primeiro lugar. Mas me diz, como anda a vida, além disso tudo?Tento conversar normalmente com ele, contando como são as minhas aventuras na favela como a Ludmila e após alguns minutos de algumas conversas descontraídas, nos despedimos e eu volto para o apartamento da Débora. Mesmo com a insistência dela e da Thai pra gen
— Acho que já deu, né? — Débora diz enquanto desliga a ligação. — Tá perdendo a noção do perigo?— Celular e bebida, a mistura mais perigosa que inventaram. Por falar nisso, me empresta o celular da Lívia Ludmila para ligar para o meu ex. Acho que perdi o meu celular.— Ex não, Thai. Se quiser, arrumo um traficante para você, de repente você dá a sorte de encontrar um tão gostoso quanto o meu.— Aí, eu quero, amiga. — Thai diz e me agarra enquanto chora. — Eu queria tanto viver perigosamente como a Lud. Acho que vou me mudar para o morro e abandonar a chata da Debi. — Agora chega! As duas para o banho agora! É cansativo ter que dar conta de vocês duas bêbadas! — Ela diz num tom sério e nós duas a encaramos, e então ela abre um sorriso. — Mas estava com saudades disso... Agora anda, as duas para o banheiro!Acordo com a minha cabeça pesada e nem faço ideia do porquê de eu ter dormido no sofá, assim que me sento encontro a Thainá dormindo no tapete agarrada a uma almofada e ouço um bar
Me despeço dele e saio do carro, forçando a cabeça na tentativa de me lembrar o que falei, mas em vão. — Loira, tu tá com uma cara péssima. — Jéssica diz assim que entramos na minha casa.— Caraca, Jéssica. Eu bebi muito além da conta essa noite, tem noção? Liguei pro Nanzin e nem faço ideia do que falei pra ele, mas ele parece estar bem puto comigo.— Deve ter sido uma merda bem grande, pra ele armar um bonde pra ir te buscar. Tem sorte de tá viva, Lud. — Ela debocha e eu a encaro assustada.— A minha amiga disse que eu perguntei porque ele virou bandido, cara. Disse que eu falei pra ele que queria ele na minha cama. Porra, a minha dignidade foi embora junto com a bebida. _ E comigo você não bebe assim, vacilona. Vou deixar você dormir, mais tarde bora tomar um açaí na praça pra tu relaxar aí. Já almoçou?— Não, Nanzin praticamente me obrigou a voltar antes que eu pudesse pensar em comida. — A minha vó fez uma feijoada top, vou buscar lá pra tu.[...]Após a maravilhosa feijoada d
— Vai dormir comigo, né? — Ele diz enquanto me puxa para o colo dele.— Gostou mesmo de me ver vestindo as suas camisas. — Adoro mesmo é ver você sem elas, mas você também fica perfeita usando. Eu fiquei preocupado com você, loirinha. — Na próxima fico longe do celular.— Espero que não tenha próxima, mas confesso que você fica bem diferente bêbada e com um português invejável.— Estilo Renan? — Debocho. — Há coisas na minha vida que você não sabe, Renan. Mas não vai ser agora que vou te contar, tu já tá fodendo demais o meu juízo.— Já ouvi essas palavras.— Você disse, bobinho. Você também fala perfeitamente bem, e nem por isso tiro com a sua cara.— Vou te contar uma parada, eu não quis ser bandido, como você, assim como a maioria, deve pensar. Eu tinha outra vida antes de chegar aqui, e é por isso que falo tão perfeitamente bem. Vai chegar o dia que você vai falar as suas verdades e eu vou falar as minhas, e não te exijo saber de nada porque não posso retribuir. Tu vai me aturar
Embora para mim seja indiferente, ser a fiel do dono do morro parece ser uma posição bem importante aqui nessa favela, pois onde eu vou noto olhares em mim. Com isso sinto todos os meus passos sendo vigiados, já que passo próximo aos homens armados e eles sempre parecem comentam algo nos radinhos, mas o Renan diz que é apenas impressão minha.Após quase uma semana dormindo todos os dias com o Renan, decidi acordar bem cedo na intenção de retribuir o café da manhã que recebo na maioria dos dias. Nunca me atrevi a mexer na cozinha, afinal, embora o Renan já considerasse um namoro, antes eu não me sentia tão íntima para isso. Levanto com cuidado e visto a camisa dele, indo em direção a cozinha. Não sei exatamente onde ficam as coisas que vou precisar, mas após alguns minutos mexendo pelas gavetas e na geladeira, separo tudo o que vou precisar para preparar um café da manhã estilo americano, o meu preferido. Coloco uma música para tocar baixinho na caixinha de som, e inicio os trabalhos
***Por Renan / Nanzin***Após passar algum tempo me dividindo entre as minhas obrigações e conquistar a Ludmila, agora que consegui, enfim, ganhar essa mulher, posso voltar a minha atenção para as coisas urgentes. Vim para esse morro com um objetivo, vingar a morte do meu pai. Eu tenho a consciência de que o que ele fazia não era o certo, e se fosse somente por isso, continuaria com a segurança da minha vida normal, mas a forma como ele foi morto me exigiu um contra-ataque. Ele já havia se rendido e aceitado que a casa tinha caído, ainda assim foi torturado e morto da pior forma possível. Isso me despertou um ódio fodido.Ao decidir vir para cá comprei uma briga séria com a minha mãe, que até hoje é contra isso, e com razão. Para passar uma certa tranquilidade para ela, nos falamos todos os dias e sempre que ouço os apelos dela, mas ansioso eu fico para colocar um fim logo nisso.— Oi, mãe — A cumprimento ao atender a sua ligação diária.— Oi, meu filho. Como você está? É sempre um a
***Por Lívia/Ludmila***Num misto de sentimentos chego em casa, tomo um banho e me jogo na cama. "Visitar" o meu pai me deixou aliviada, mas também mexeu muito comigo, pois me fez lembrar de tudo o que senti e as consequências disso tudo.Beber num dia de semana não é uma coisa que estou acostumada a fazer, mas disposta a tentar esquecer um pouco dos meus problemas, decidi trocar de roupa e me sentar num bar próximo a minha casa. Cumprimento os homens da boca e vou rumo ao bar, onde me sento e peço uma dose de whisky. Um gole e me pergunto como esse pessoal gosta disso, treco amargo da porra, porém continuo tentando apreciar e me esquecer de tudo. Na terceira dose consigo beber sem fazer cara feia, embora me sinta meio tonta. — Perdida pelos bares? Que fiel exemplar que o Nanzin arrumou. — Dedéia diz e se senta à mesa comigo. - Seu Lira, me dá uma gelada aí - Ela grita para o dono do bar e me encara.— Qual foi, Dedéia. Não tô afim de estresse, posso apenas curtir a onda da bebida a
Após aquela cena ridícula da Dedéia, ela parece ter tomado um chá de sumiço e me deixou em paz. Mas naquela noite tomei um belo sermão do Renan, e ainda saí como a louca alcoólatra que não sabe beber. Logo eu que vivia participando do beer pong nas festas da universidade, e era a última a ficar bêbada. Fora isso, o Renan ainda me olha desconfiado às vezes, mas ele não tocou mais no assunto da morte do meu pai, o que me deu um certo alívio. Pretendo contar para ele um dia sobre as minhas intenções iniciais de ter vindo para cá, mesmo que isso me custe algo bem sério, mas não quero seguir um relacionamento baseado na mentira.Enquanto ele não tiver a intenção de me contar a verdade sobre a vida do Renan, eu ganho mais tempo para descobrir como contar para ele, sem que eu morra por isso. Enquanto isso curto os momentos ao lado dele, aproveitando cada momento em que ficamos juntos, o que tem se tornado cada vez mais frequentes.— Oi, estava com saudades. — Digo assim que o Renan entra na