Sequer tive tempo de processar tudo que aconteceu no fim de semana e as descobertas que fiz, precisei fazer uma viagem internacional para um conferência em prol da saúde mundial. Se não fosse tão importante, eu jamais teria ido, minha mente estava longe da realidade e eu não conseguia entender o porquê de sentir uma aflição tão grande. Mas tive que deixar os problemas de lado, sorrir e conversar com pessoas influentes de todo o mundo, como se minha única preocupação fosse a saúde mundial. É claro que é importante e Caster trabalha muito em prol disso, mas naquele momento, não era nisso que eu pensava.— Jade Lancaster! É sempre uma honra falar com você. — disse uma japonesa muito elegante e educada, ao fim do segundo dia de conferência, mas eu não a reconheci. — Fico lisonjeada, mas…— Eu sinto muito pelo que houve com a sua mãe, espero que agora ela receba a justiça que merece. — me interrompeu, abri a boca para responder algo, mas não tinha certeza se entendi o que ela quis dizer.
— Eu estou fazendo o meu trabalho, senhorita. Obrigado pelo depoimento, se precisar entrarei em contato novamente. — Regina era minha melhor amiga e a minha mãe era tudo para mim. — fiz uma pausa e me levantei para segurar as lágrimas que queriam cair. — Eu preciso de respostas e não de acusações, se soubesse de algo, se tivesse visto ou ouvido, com certeza falaria. Saí da delegacia e fui direto para o cemitério de Redford, na entrada comprei algumas flores e perguntei para um dos coveiros, que me acompanhou até o túmulo recente. Minhas flores se destacaram em meio as outras que já começavam a murchar, mas ainda estavam lá e eram muitas, provando que Regina era muito querida. A foto e nome na lápide era a prova que faltava de que tudo aquilo era real. — Oi Re… me perdoa por não ter te procurado, por ter permitido que algo tão simples acabasse com nossa amizade, você fez o que achou melhor, não era o certo, mas eu exagerei em te afastar. Eu sinto muito… — deixei mais lágrimas escorr
Na hora de dormir, Filipe se virou para mim, me envolveu em seu abraço e passou a depositar beijos no meu rosto e pescoço, mas eu não estava no clima, só conseguia pensar na minha nova teoria e criar outras que pudessem fazer sentido. Repassava os fatos, as conversas e tudo que aconteceu desde então. — Filipe… não estou no clima para isso. — depois pronunciar as palavras, lembrei da minha promessa de me importar mais com minha família e menos com os problemas, mas estava difícil desligar a mente disso. — Tudo bem. — respondeu e virou de costas para mim, ficando de bruços na cama. Ele estava chateado e com razão, há dias minha mente estava mais ocupada com o futuro, que com nosso relacionamento. Até Rubi estava mais manhosa, pedindo por minha atenção. Estava negligenciando minha família e embora os motivos fossem realmente preocupantes, não devia fazer isso. Apoiei o cotovelo na cama e me virei para ele, observei os músculos de suas costas, o cabelo loiro recém cortado, as tatuag
Filipe Chevalier Agora que Rubi já estava um pouco maior, era o momento dela descobrir os brinquedos do parque e ela amou, brincou em todos, mas seu preferido com certeza foi o balanço. Enquanto ela se divertia, eu tentava não pensar na Jade, dava para entender que tudo envolvia ela e isso é provavelmente desesperador. Imaginar que o próprio pai possa estar por trás da morte da mãe, tornava tudo pior. Minha função se tornou cuidar das duas e percebi que estava deixando muitas coisas de lado para estar presente o tempo todo, pois Jade não estava. Era como se eu fosse um funcionário pago para ajudar e não o namorado e pai da filha dela. Depois de alguns minutos Rubi pediu por água, algo raro por sinal, e nos sentamos num banco. Mal ela bebeu e já queria voltar aos brinquedos, mas assim que me levantei, me deparei com Diana. — Filipe? — ela abriu um sorriso. — Que mundo pequeno. Rubi me puxava em direção aos brinquedos e a peguei no colo. Não estava afim de estender o assun
Jade Lancaster Filipe dirigia de volta para casa, Rubi estava quieta e com sono, mas ainda acordada. E eu, quanto mais pensava na besteira que fiz, mais sentia o coração pesar. Doía pensar que pudesse ser meu pai, doía lembrar da minha mãe, doía saber que Regina morreu, provavelmente, por tentar me prejudicar. Doía e muito, ver que as pessoas que eu amava, que eu confiava, só se importavam com seus próprios interesses. Foi essa dor que me consumiu e eu jamais saberia explicar como permiti isso. Era um sentimento tão forte, que não consegui pensar em outra coisa senão em descobrir a verdade, por mais que ela também pudesse ser dolorosa. Filipe estava certo, sempre estava, mas me deixei dominar pela raiva, perdi a razão, piorei ainda mais nossa situação e saí de lá sem uma resposta. Comecei a chorar silenciosamente, aliás, acho que é só isso que tenho feito ultimamente. Estava cansada de toda essa bagunça e sabia que alguma atitude precisava ser tomada, mas naquele momento, tudo que
— Então estaríamos falando de mais de vinte anos… — comentei e depois expliquei ao meu pai sobre as cartas que recebi. Ele pediu para vê-las e fui pegar, ao retornar, os dois pararam imediatamente a conversa entre eles e achei estranho, mas decidi não perguntar. — Por que ela não falaria sobre isso? — meu pai se perguntou após ler as cartas. — Se for mesmo o Bob, ela teria dito… a menos que… Não! Não quero pensar que ela amava outro homem, não faz sentido. Foi notório o quanto ele ficou abalado com a descoberta das cartas. Mesmo assim, eu não conseguia ter certeza de nada. Fazia sentido ser o Bob na mesma proporção que faz sentido ser meu pai, afinal, quem estava em casa quando Regina foi até lá? Eu só teria certeza, quando tivesse essa mesma conversa com o Bob, só quando ouvir ele contar sua parte da história.— Bom... Não acho que vamos resolver tudo isso sentados aqui. Podemos levar essas informações a polícia, mas não temos provas. No momento, o que importa é a Antonella, nós va
A informação de que Antonella foi embora da mansão chegou no dia seguinte, nos obrigando a apressar os planos. Eu queria ficar, é claro, a polícia tinha novas informações e um novo suspeito, queria estar perto quando a verdade viesse à tona, mas precisava pensar no bem da minha família. Antonella sabia onde morávamos e se nos mudasse para outra casa, na mesma cidade, ainda corríamos riscos. Nosso maior medo, é que algo aconteça com Rubi, ela é o ponto fraco de todos nós, além de ser o elo mais frágil e Antonella sabia disso. Por mais lunática que seja, ela sabe como nos desestabilizar. Fizemos as malas à noite e sairíamos bem cedo, apenas com tempo o suficiente para Rubi dormir. Apesar da sensação ruim, eu e Filipe nos mantemos calmos e confiantes que daria certo. Verificamos o carro várias vezes, mas para maior segurança, decimos alugar um carro. Antes mesmo do sol nascer, nós já estávamos acordados e começando a levar nossas coisas para o carro. Fiz uma pausa quando Rubi acordou,
O delegado nos pediu para esperar na recepção e aproveitei para ligar para o meu pai e avisar o que aconteceu. Também pedi para trazer um advogado, pois a polícia queria saber os motivos, ele suspirou e apenas concordou, mas parecia realmente preocupado com Rubi. Antes que eu encerrasse a ligação, o delegado apareceu com um semblante nada amigável. — Vocês estavam certos, ela foi para o aeroporto, já pedi para as viaturas disponíveis irem até lá. — ele colocava o casaco enquanto falava e fez um sinal para a policial mulher. — Sophia vai acompanhar vocês. Ele saiu primeiro e depois nós fomos com a policial Sophia. Filipe segurou minha mão, estava gelada e nós dois estávamos apreensivos com o que iria acontecer, o que ela iria pensar e fazer quando visse a polícia. Suspirei, na esperança de me manter o mais calma e esperançosa possível. Era só um bebê, ela era realmente capaz de machucar um bebê? Eu queria acreditar que não. Chegamos no aeroporto alguns minutos depois, que mais par