— Conheci Antonella Belmont na minha juventude, minha família tinha uma casa de campo em Londres e íamos para lá nos verões. O pai dela era dono de uma fábrica de tecidos, mas não qualquer tecido, eles produziam seda pura e exportavam para todo o mundo, era o tecido mais caro na época, o que tornava a família Belmont próspera e conhecida na sociedade. Nossos pais se tornaram amigos e todo verão éramos convidados para um chá da tarde com a família Belmont, com isso, é claro que surgiram muitas insinuações sobre um romance entre nós, mas eu a achava uma mulher muito prepotente, apegada ao dinheiro e status na sociedade. — eu ouvia atentamente meu pai, esperando ansiosa ele explicar o momento atual.— Logo conheci sua mãe e tive certeza de que era com ela que eu iria me casar, por isso não demorei a pedir ela em casamento. Sendo minha noiva, nós viajamos para Londres no ano seguinte e bem, Hellen não foi bem tratada por Antonella, muito pelo contrário, a encontrei chorando após ouvir um
Filipe Chevalier Percebi que Jade sumiu quando a cerimônia começou. Vi que Rubi estava bem com a assessora, que arrumou um brinquedo para distraí-la e decidi ir atrás dela. Procurei nos quartos, até que notei que um estava trancado, chamei por ela e ouvi sua voz responder. Não demorei a encontrar a chave num vaso de flor perto. Assim que abri a porta, ela veio até mim e me abraçou, estava aliviada em me ver, mas não entendi o porquê. — Está tudo bem? Por que ficou trancada? — perguntei ainda abraçado a ela. — Sua mãe… eu tentei avisar, mas ela não quis ouvir e me trancou aqui. — ela olhou para mim. — Eu sinto muito, meu avô… ele foi o responsável pela morte dos seus avós, ele queria a fábrica e como não conseguiu, meu pai quer se casar para conseguir. Temos que fazer alguma coisa. De tudo que imaginei, aquilo nunca passou pela minha cabeça. Charles acertou a única fraqueza dela, mas eu esperava outra motivação. Minha mãe era apegada à herança que recebeu, dizia ser tudo que restou
Sequer tive tempo de processar tudo que aconteceu no fim de semana e as descobertas que fiz, precisei fazer uma viagem internacional para um conferência em prol da saúde mundial. Se não fosse tão importante, eu jamais teria ido, minha mente estava longe da realidade e eu não conseguia entender o porquê de sentir uma aflição tão grande. Mas tive que deixar os problemas de lado, sorrir e conversar com pessoas influentes de todo o mundo, como se minha única preocupação fosse a saúde mundial. É claro que é importante e Caster trabalha muito em prol disso, mas naquele momento, não era nisso que eu pensava.— Jade Lancaster! É sempre uma honra falar com você. — disse uma japonesa muito elegante e educada, ao fim do segundo dia de conferência, mas eu não a reconheci. — Fico lisonjeada, mas…— Eu sinto muito pelo que houve com a sua mãe, espero que agora ela receba a justiça que merece. — me interrompeu, abri a boca para responder algo, mas não tinha certeza se entendi o que ela quis dizer.
— Eu estou fazendo o meu trabalho, senhorita. Obrigado pelo depoimento, se precisar entrarei em contato novamente. — Regina era minha melhor amiga e a minha mãe era tudo para mim. — fiz uma pausa e me levantei para segurar as lágrimas que queriam cair. — Eu preciso de respostas e não de acusações, se soubesse de algo, se tivesse visto ou ouvido, com certeza falaria. Saí da delegacia e fui direto para o cemitério de Redford, na entrada comprei algumas flores e perguntei para um dos coveiros, que me acompanhou até o túmulo recente. Minhas flores se destacaram em meio as outras que já começavam a murchar, mas ainda estavam lá e eram muitas, provando que Regina era muito querida. A foto e nome na lápide era a prova que faltava de que tudo aquilo era real. — Oi Re… me perdoa por não ter te procurado, por ter permitido que algo tão simples acabasse com nossa amizade, você fez o que achou melhor, não era o certo, mas eu exagerei em te afastar. Eu sinto muito… — deixei mais lágrimas escorr
Na hora de dormir, Filipe se virou para mim, me envolveu em seu abraço e passou a depositar beijos no meu rosto e pescoço, mas eu não estava no clima, só conseguia pensar na minha nova teoria e criar outras que pudessem fazer sentido. Repassava os fatos, as conversas e tudo que aconteceu desde então. — Filipe… não estou no clima para isso. — depois pronunciar as palavras, lembrei da minha promessa de me importar mais com minha família e menos com os problemas, mas estava difícil desligar a mente disso. — Tudo bem. — respondeu e virou de costas para mim, ficando de bruços na cama. Ele estava chateado e com razão, há dias minha mente estava mais ocupada com o futuro, que com nosso relacionamento. Até Rubi estava mais manhosa, pedindo por minha atenção. Estava negligenciando minha família e embora os motivos fossem realmente preocupantes, não devia fazer isso. Apoiei o cotovelo na cama e me virei para ele, observei os músculos de suas costas, o cabelo loiro recém cortado, as tatuag
Filipe Chevalier Agora que Rubi já estava um pouco maior, era o momento dela descobrir os brinquedos do parque e ela amou, brincou em todos, mas seu preferido com certeza foi o balanço. Enquanto ela se divertia, eu tentava não pensar na Jade, dava para entender que tudo envolvia ela e isso é provavelmente desesperador. Imaginar que o próprio pai possa estar por trás da morte da mãe, tornava tudo pior. Minha função se tornou cuidar das duas e percebi que estava deixando muitas coisas de lado para estar presente o tempo todo, pois Jade não estava. Era como se eu fosse um funcionário pago para ajudar e não o namorado e pai da filha dela. Depois de alguns minutos Rubi pediu por água, algo raro por sinal, e nos sentamos num banco. Mal ela bebeu e já queria voltar aos brinquedos, mas assim que me levantei, me deparei com Diana. — Filipe? — ela abriu um sorriso. — Que mundo pequeno. Rubi me puxava em direção aos brinquedos e a peguei no colo. Não estava afim de estender o assun
Jade Lancaster Filipe dirigia de volta para casa, Rubi estava quieta e com sono, mas ainda acordada. E eu, quanto mais pensava na besteira que fiz, mais sentia o coração pesar. Doía pensar que pudesse ser meu pai, doía lembrar da minha mãe, doía saber que Regina morreu, provavelmente, por tentar me prejudicar. Doía e muito, ver que as pessoas que eu amava, que eu confiava, só se importavam com seus próprios interesses. Foi essa dor que me consumiu e eu jamais saberia explicar como permiti isso. Era um sentimento tão forte, que não consegui pensar em outra coisa senão em descobrir a verdade, por mais que ela também pudesse ser dolorosa. Filipe estava certo, sempre estava, mas me deixei dominar pela raiva, perdi a razão, piorei ainda mais nossa situação e saí de lá sem uma resposta. Comecei a chorar silenciosamente, aliás, acho que é só isso que tenho feito ultimamente. Estava cansada de toda essa bagunça e sabia que alguma atitude precisava ser tomada, mas naquele momento, tudo que
— Então estaríamos falando de mais de vinte anos… — comentei e depois expliquei ao meu pai sobre as cartas que recebi. Ele pediu para vê-las e fui pegar, ao retornar, os dois pararam imediatamente a conversa entre eles e achei estranho, mas decidi não perguntar. — Por que ela não falaria sobre isso? — meu pai se perguntou após ler as cartas. — Se for mesmo o Bob, ela teria dito… a menos que… Não! Não quero pensar que ela amava outro homem, não faz sentido. Foi notório o quanto ele ficou abalado com a descoberta das cartas. Mesmo assim, eu não conseguia ter certeza de nada. Fazia sentido ser o Bob na mesma proporção que faz sentido ser meu pai, afinal, quem estava em casa quando Regina foi até lá? Eu só teria certeza, quando tivesse essa mesma conversa com o Bob, só quando ouvir ele contar sua parte da história.— Bom... Não acho que vamos resolver tudo isso sentados aqui. Podemos levar essas informações a polícia, mas não temos provas. No momento, o que importa é a Antonella, nós va