Aurora"Os filhotes brincavam no chão de terra escura em frente das casas. Sorri da gargalhada de um deles e voltei a atenção para o trançado do cesto. As tiras de cipós secos eram rígidas, mas meus dedos já estavam calejados de tantos objetos que fiz usando o mesmo material.O dia estava agradável e com um vento mais frio, certamente o inverno chegaria em breve, eu podia sentir na pele. Olhei mais uma vez para os filhotes de variadas idades, eram nossa descendência seguindo adiante, logo seriam lobos completos.Suspirei curtindo aquela felicidade. Nossa vida era boa, os deuses nos presentearam com uma natureza farta, cheia de vida. Nosso povo preservava e adorava em agradecimento por aquela dádiva. Eu também agradecia e pedia sabedoria para ser uma boa líder. Um alfa deve ser sábio para que os seus prosperem.Outra algazarra chegou aos meus ouvidos, olhei para a borda da floresta, esperando que eles saíssem. Os filhotes também perceberam e correram para recebê-los. Pude ouvir as pala
Aurora"Mova-se…""Mova-se…"A loba estava impaciente, faltava apenas um dia para a lua cheia. Um dia para nos unirmos por completo. Um dia…Esse um dia parecia longo e estava passando devagar, iria enlouquecer se ficasse dentro de casa.— Onde você vai? — Mamãe perguntou alarmada quando me aproximei na porta. — Preciso andar, correr, não sei. Qualquer coisa que tire essa agonia.— Essa hora? Não acho que seja uma boa ideia, os caçadores ainda não pararam de procurar.— Não vou entrar na mata, quero apenas andar um pouco.— Quer que eu te acompanhe?— Mãe, está tudo bem. Eu não vou matar algum animal ou alguém, apenas quero andar um pouco. Preciso gastar um pouco de energia.— Tudo bem, coloque ao menos um casaco, já é noite, as temperaturas estão mais baixas. Não demore e não esqueça do toque de recolher. Concordei e peguei o casaco ao lado da porta da entrada. O dia foi difícil, a loba não queria ficar presa, eu sentia toda a sua ansiedade para ser livre novamente.Ela tinha com
Aurora— Aconteceu alguma coisa? — Thales disse apenas para que eu ouvisse, senti o calor do seu hálito em meu ouvido e seu aroma natural que tanto mexia comigo.— Não! Só estava caminhando um pouco.Thales me avaliou um pouco e aquele seu colega de trabalho parou do meu outro lado.— Oi, tudo bem? — perguntou-me.— Tudo.— Lembra de mim? — Lembro. Diego, certo?— Sim — Sorriu abertamente. — Veio nos fazer uma visita?Antes que respondesse, Thales tomou a frente.— Deixa de fazer perguntas. Vou sair, segura as pontas aí!— Que? De novo?Thales me puxou pela mão e mal consegui me despedir. Só foi o tempo dele pegar o casaco antes de sairmos do bar.— Está tudo bem mesmo? — Está. — Nenhuma reação? Não está sentindo dor ou febre?— Não, só estou um pouco ansiosa. Inquieta, na verdade. A loba estava inquieta, por isso saí para caminhar.— Veio andando até aqui?— Vim. Ajudou, ela parece mais calma.— Parece que sim, lá dentro você parecia envergonhada, a loba não é. — Eu sinto às veze
AuroraLevantei rápido e o puxei pela mão.— O que foi? Já quer ir embora?— Não. Venha comigo.Thales levantou e mesmo desconfiado, não largou minha mão. A adrenalina aumentava e isso era maravilhoso. Eu gostava de senti-la. Na verdade, eu sempre gostei de sentir, era como um refúgio ou uma maneira de me sentir viva, mas talvez, isso partisse da loba e não de mim.Thales hesitou quando percebeu minha intenção. Ele parou e apertou minha mão, obrigando-me a olhar para trás.— O que foi? — perguntei.— Eu não vou subir aí.— Está com medo? — provoquei.— Óbvio.— Vamos pisar só aqui na beirada. A camada deve ser mais grossa aqui.— Não é seguro, .— O que não é seguro, é você se envolver com uma lobisomem, ou loba, sei lá, talvez os dois. Por acaso nunca assistiu um filme não? Não sabe que eles matam os humanos.— E você acredita naquilo?— Claro! Eu sou a prova que existe. Bem, mas eu nunca matei ninguém.Ainda…Estremeci com esse pensamento.— Você é louca. — Sorriu.— Você sabia dis
AuroraThales me levou para sua casa e quando chegamos, o frio na minha barriga aumentou. Apenas a luz de fora estava acesa e era um pouco maior que a minha. A única semelhança eram as características de pedra e madeira. Apesar de ter estado aqui, não me lembrava, apenas de algumas coisas que aconteceram lá dentro.Thales esperou que eu entrasse para em seguida fechar a porta. Ele acendeu as luzes internas e ajustou a temperatura no aquecedor que ficava logo na porta.A casa bem organizada não tinha nada demais, apenas alguns poucos móveis na sala, uma lareira de pedra e um tapete felpudo. Acho que minha vergonha foi maior ainda ao lembrar dos momentos nesse tapete. — Tudo bem? — Sim. E seu irmão? Não vai voltar agora? — Tentei mudar os rumos do meu pensamento, embora soubesse exatamente meu objetivo ali.— Provavelmente não. Esses dias ele acha melhor ficar mais tempo na delegacia, às vezes nem vem dormir em casa.— Certo — murmurei.— Você está muito nervosa. Não fique. — Abraçou
AuroraAntes de chegarmos ao quarto, ele me puxou para que o abraçasse com as pernas, segurei firme em seu corpo, mas ele me mantinha segura com seus apertos durante nossos beijos.Sorrimos quando caímos desajeitadamente na cama, ele olhou-me e passou o polegar em meus lábios, depois sua palma fez um breve carinho na minha bochecha e não fui capaz de manter meus olhos abertos. Thales é tão carinhoso.Acho que não precisávamos de palavras. Eu não via necessidade de falar e ele parecia compartilhar desse meu pensamento pois beijou-me mais uma vez.Não sei o que o beijo dele tinha, mas era capaz de me tirar de órbita por alguns momentos, não percebi quando chegamos no meio da cama. Estava quente e as roupas incomodavam, mas estava incapaz de me mover. Enquanto nosso beijos paravam com breves pausas, suas mãos exploravam meu corpo de uma forma tão intensa, era uma sensação nova.Estar sem a influência da loba não impedia que fosse intenso, mas agora não existia aquela urgência. Tudo est
AuroraAlisei e apertei suas costas, puxando de leve, o querendo mais colado.— Ahh… — Fechei os olhos por um momento.Thales beijou meu pescoço e ombro com calma, mas aquela boca suave em minha pele era tão intensa. Sentia-me a ponto de derreter, meus pés formigavam e eu o abracei com as pernas lhe permitindo mais. Não havia nada que pudesse descrever a bagunça de sentimentos e sensações dentro de mim, mas no momento eu não queria entender, apenas me deixar levar.Nós estávamos em um ritmo perfeito. Ele sempre atingia um lugar que me fazia gemer mais e a cada vez, o prazer aumentava. Suas costas estavam suadas e o calor nos consumia. Minha boca foi tomada, dessa vez, rudemente. Ele penetrou-me forte, mas eu não pude gemer com vigor, apenas minha garganta vibrou. Estremeci…Meu ventre contraiu e esquentou. Meus batimentos ficaram fortes e meu corpo parecia perto de um colapso. Que sensação era essa? Era um prazer novo, intenso.Busquei ar quando paramos o beijo, meus olhos estavam s
ThalesEssa sem dúvidas, era a situação mais inesperada que já passei na vida. Uma situação que me deixa impotente. Deixa meu coração ferido. A pior coisa é sentir que suas mãos estão atadas diante de um problema.Era assim que eu me sentia.Aurora estava deitada dentro daquele círculo no chão, o dia inteiro. Eu queria colocá-la em um lugar confortável, colocar uma roupa, mas não podia fazer nada por ela.Seu corpo nu se contorcia de dor. Ela esteve acordada poucas vezes e em seus olhos, se via claramente o sofrimento e medo.— Thales, descanse um pouco — Janete parou ao meu lado. — Infelizmente não podemos fazer nada.— Não consigo sair daqui.— Eu também não. Se pudesse tomava parte do sofrimento dela.— Quando isso vai acabar?— Espero que em breve. A noite já caiu, mas Adelya disse que tem que esperar a lua ficar alta.— Você confia realmente nela?— Ela foi a única que me deu respostas e se propôs a ajudar. Não parece ser uma pessoa ruim, mas o medo que tenho de que Aurora caia