Daniella subiu para o seu quarto, acompanhada dos pais.- Vou desfazer as malas só amanhã, mamãe.- Está certa, filha. Descansa.O pai dela andava de um lado para outro, impaciente.- Se o senhor abrir um buraco no chão, terá que pagar os pedreiros pra consertar, velhinho. E não será nada barato pois esse porcelanato veio de Florença.Ele levou um susto e olhou sorriu para Daniella.- Estou impaciente. Gustavo me procurou, há uns dias. Estava gaguejando, quase chorando. Quase ajoelhou aos meus pés, beijou minha mão e pediu perdão.- Pela burrada que fez.- Sim. Pela sua agressão, filha. Notei que está realmente arrependido. Perguntou das chances, se é que tem alguma, de vocês voltarem. Respondi que era zero. Nenhuma chance de volta.- O senhor, como sempre sincero.- Sim. Falei que eu e sua mãe não queria vê-lo nem pintado de ouro. Ele colocou tudo por terra ao fazer isso contigo, nosso tesouro. Nos esbarramos por acaso e sou educado. - E ele?- Ficou calado. Coloquei as mãos nos se
Apollo e Jheniffer desceram para o café, na pousada. - Uau. Que mesa linda, Apollo. - Linda mesmo. Até parece aquelas mesas de novelas. Eles estavam admirados. Uma variedade de bolos, tortas e pães. As frutas eram um convite direto ao pecado da gula. Sem contar os queijos e frios. - Tenho que bater uma foto e postar. - Vai ficar linda, Jheniffer. Eles se serviram e foram para a sacada, com vista para o mar. Um casal veio até a mesa vizinha deles. Apollo percebeu que eram Emiliano e Angelina. Eles o viram. - Senhor Apollo? Jheniffer? Emiliano se levantou e veio até eles. Angelina veio depois. Os dois casais se cumprimentaram. - Bom dia. Estão instalados nessa pousada? Que coincidência boa. - Bom dia, Emiliano. Estamos mas vamos embora hoje a tarde. - Ah! Que pena. Um amigo nos indicou esse hotel. É acolhedor. Viu a mesa do café? Ele falou disso. - Vimos sim. Estamos aproveitando. Angelina parecia mais disposta, estava sorridente. - Jheniffer. Gostaria que viesse ao noss
Apollo estacionou o carro, em frente a praia Central, de Balneário Camboriú. O sol reinando no céu, governando o dia e fazendo a alegria dos banhistas.- Sol, verão e uma moça linda comigo. Eu sou feliz.Jheniffer saiu do carro.- Ah, que saudades disso tudo. Queria levar essa praia embora comigo.- Eu também, Jheniffer. É um paraíso.Ele abriu o porta malas pra pegar as cadeirinhas e o guarda sol. Jheniffer pegou o isopor e as toalhas. O casal atravessou a rua e ganhou a areia. Os quiosques lotados de fregueses. A praia estava cheia.- Está lotada. Parecendo Copacabana ou Ipanema, no Rio.- Ipanema, certamente. A nova garota de Ipanema está na minha frente.- Eu?- Sim. Linda como a musa de Vinícius de Moraes, o poetinha. O autor da celebre frase: me desculpem as feias mas beleza é fundamental.- Ele já pede desculpas no começo da frase.- Pois é. Essa é a visão dele.Jheniffer estendeu as toalhas na areia.- E o que você acha?- Da beleza? Os padrões mudam com o tempo e as civiliza
- Como foi isso, Apollo?- Eu tinha cinco anos de idade. Não me recordo bem da história, foi a minha mãe que me contou em detalhes, quando fiz dezoito anos. Eu gostava de dormir na chácara da minha avó, no interior de Minas Gerais. Brincava com as galinhas, patos e gansos. Minha avó fazia bolinho de chuva e contava histórias. Eu ajudava meu avô no trato com a horta. Era muito bom. Numa noite de agosto, mês de cachorro louco, caiu uma chuva danada. Nove da noite, meus avós se preparavam pra dormir. Os quatro cães da chácara latiam sem parar. Seus latidos era lamentos, parecia que pediam socorro.- Rapaz. Filme de terror.- Sim. Noite de lua cheia. Meu avô foi fechar a porta da cozinha. Os cães estavam no quintal. Ele saiu e trouxe dois cães pela coleira. Eu, inocente, fui atrás pra ajudar. Ele não me viu quando buscou os outros cães, debaixo da goiabeira do quintal. Era perto de um muro alto. Ele pegou um cachorro. Vi que o outro estava perto do muro. O animal olhava para o alto. Vai
- Quando era adolescente, tinha medo da loira do banheiro, Apollo.- Sério? É uma lenda urbana. A do lobisomem é mais antiga.- Puxa. Eu precisava de uma parada e de um café. - Eu precisava de ir ao banheiro e de lavar o rosto. Em pouco tempo chegaremos a São Paulo, querida. - Que bom. Passear é bom mas retornar ao cantinho da gente não tem preço.- Isso é verdade. Nossa cama, nosso banheiro, nossas panelas, tudo é diferente. Pode ser melhor hotel ou resort do mundo mas não há lugar melhor que a casa da gente.- Falando nisso, você não vai para seu apartamento, agora de madrugada, vai?- É um convite pra passar o resto da madrugada no seu, com você?- Lógico. Nem é seguro ir para o seu. Ficamos no meu, dormiremos um pouco e depois você vai. Tudo bem?- Tudo bem. Esses dias foram ótimos com você sempre do lado. Fiquei mal acostumado.- Tem uma música, de axé eu acho. Não lembro o nome do grupo. A letra era assim: mal acostumado, você me deixou mal acostumado com o seu amor. - Verdad
O despertador do celular de Apollo tocou ao meio dia. Com muito custo, ele abriu os olhos e se espreguiçou. Apollo olhou para o lado. Jheniffer dormia profundamente. Ele esticou o braço e pegou o celular. Quarenta minutos depois, ela apareceu na cozinha.- Bom dia. Porquê não me acordou, amor?- Boa tarde, querida. Você estava dormindo tão gostoso que a deixei descansando mais um pouco. Tomei uma ducha e vim cuidar do almoço.- Hum. Rapaz prendado. O cheiro está muito bom. Achou alguma coisa na geladeira?Ela o beijou.- Achei dois bifes e algumas batatas. Farei um estrogonofe rápido e um purê. Teremos salada de rúcula, tomate, manga Palmer.- Onde achou manga?- Na sua fruteira. Duas bananas foram para o lixo, infelizmente. Estamos podres.- Bem a minha cara. Compro frutas e não como. Ainda bem que você está aqui.- Ainda bem que você existe pra me fazer feliz.- Não quer se mudar pra cá?- É um convite?- Sim. Juntamos as escovas e dividimos as tarefas e boletos.- São muitos bole
Jheniffer e Daniella retornaram do banheiro da casa de shows.- Não creio. Bruno não me reconheceu. Estou bege.- Eu também, Dani. Quer dizer, Maria. Ele não me viu.Elas retornaram a mesa. Jheniffer beijou Apollo.- Demoramos, Apollo?- Não, meu amor. Senti saudades por essas meia hora. Meia hora eu suporto.Daniella falou no ouvido de Stefany que tinha esbarrado em Bruno e o policial não a reconheceu, devido ao disfarce.- Foi uma ótima idéia vir de peruca ruiva e óculos. Se o Bruno não me reconheceu, os paparazzi e fãs também não vão.- O que pensa em fazer?- Ora, Stefany. Brincar com a situação. Estou morta de vontade de o abraçar e o beijar. Quero me aproximar dele. Já avisei a Jheniffer que meu nome fictício é Maria.Jheniffer e Stefany se levantaram.- Vamos para a pista. Certamente o Bruno vai nos ver.Disse Stefany. Daniella, Apollo e Wellington as seguiram. Eles foram até a pista de dança. Meia hora depois, o amigo de Bruno, com ele no balcão, o cutucou.- Olha, Brunão. Não
No banheiro feminino da boate, Daniella se recompôs, após a rapidinha com Bruno. Ela arrumou o vestido e foi até o espelho. Dava pra ouvir os gritos e pedidos das mulheres, barradas por Giuliano de entrar.- Amor. Ia me esquecendo de lhe contar. A juíza Marcela cuidará do meu divórcio. Logo teremos a primeira audiência, que espero seja a única, pra solucionar esse impasse.Bruno terminou de colocar o cinto.- Mesmo? Que ótima notícia. Mal posso esperar pra assumir nosso namoro. Dizer ao mundo que a amo.- Eu também, Bruno. A juíza falou com o advogado de Gustavo. Ele está arrependido da agressão. Quer logo assinar o divórcio.Eles se abraçaram.- É o mínimo da parte dele, deixá-la em paz, livre para seguir sua vida, oras. Ninguém é dono de ninguém.- Nessa parte, ele mostrou que é homem. Assumiu o erro e não partiu para o enfrentamento.- Isso é verdade, admito. Infelizmente, no Brasil e no mundo, a maioria não pensa assim. Os índices de feminicidio e violência contra a mulher são ala