Jheniffer saiu do box. Ela colocou se enxugou e colocou o roupão. Apollo a observava, de dentro do box. - O que está olhando? - Nada. Apenas observando a beleza. Jheniffer riu. - Com essa cara de bobo? - E com que cara estaria, diante de tanta beleza e formosura? Estava pensando se sou merecedor? - Se está aqui é porquê é. Simples assim. - Aí sim, einh?! - Nunca trouxe ninguém aqui, no meu apê. Você é o primeiro. Ele saiu e se enxugou. - Isso é um privilégio e tanto. Estou me sentindo especial. Jheniffer lhe deu o roupão. - É muito especial, amor. Opa, querido. - Pode me chamar de amor. Eu gostei de ouvir isso de você. Há quanto tempo não escutava isso. Ela se aproximou. Apollo estava chorando. - O que foi, einh? Apollo, tudo bem? - Tudo bem. É que já vivi essa cena, há tempos. Uma conversa parecida. - Com a Manoela? - Sim. Me desculpe. Eles se abraçaram. - Tudo bem. Não tem que pedir desculpas. A lembrança veio de repente, sem a gente prever. É normal. Eles foram
Júlio César se despediu de Renata, pelo telefone. Ele se desesperou. Andava de um lado a outro, passando as mãos nos cabelos. - E agora? Estela conseguiu a promoção e já está ameaçada. Se Caíque não for embora, ela voltará a ser assistente. Meu Deus. Ele foi ao escritório. Procurou uma agenda na gaveta. O caderninho vermelho, debaixo de outros papéis. - Achei. Ele anotou dois nomes e seus telefones. Esperou a esposa retornar. - Oi, amor. Recebi uma ligação. O deputado Varella precisa ir a Campinas. Estela sorriu. Estava radiante com a promoção. Júlio César também percebeu a mudança na mulher. - Tudo bem. É seu trabalho. - Voltarei antes das dezoito. Não posso perder a sua lasanha. Nossa comemoração. - Também conto com isso, Júlio. - Estou indo mas feliz. Após o banho e se trocar, Júlio César entrou no carro e saiu de casa. Ele parou a três quadras de sua residência. O rascunho no bolso. Ele fez uma ligação. - Camargo? Preciso de dois tucunarés. - Certo. - Peixes do Ama
Humberto ficou deitado por um tempo, no matagal. Conseguiu desamarrar as mãos com certa facilidade. Retirou o capuz da cabeça. - Som de carros. Tem uma estrada aqui perto. Tirou as cordas dos pés. Andou até a rodovia. Os carros e caminhões em alta velocidade. Andou pelo acostamento. Uma placa indicava a proximidade da capital. Estendeu o braço, pedindo carona. Ninguém parou. - Só em filmes dão carona. Disse a si mesmo, desolado. Estava com fome e sede. Avistou uma funilaria, ainda aberta. - Boa noite, moço. Fui sequestrado. Ele caiu de fraqueza. O dono e os dois funcionários correram até ele. Humberto voltou a si, minutos depois. Tomou água devagar. Deram-lhe maçã e três bombons. Tudo que tinham. - Sou Humberto. Preciso fazer uma ligação. O dono da oficina lhe ofereceu o celular. - Pode ligar, moço. - Muito obrigado. Vou ligar para uma amiga. Na tela do celular, vinte e uma horas. - Renata? - Oi. De quem é esse número? Essa voz. Humberto? - Sou eu. Fui sequest
Humberto chorou muito, abraçado a Renata.- Não fica assim, amigo. Você está vivo, o que é mais importante. Bateram em você?- Graças a Deus não. Nem roubaram nada, aparentemente. Renata agradeceu ao dono da funilaria.- Muito obrigada. O que fez não tem preço, nada que pague seu gesto. Deus o abençoe.- Vão em paz. Só emprestei o celular.Humberto o abraçou.- É um gesto pequeno pra você mas enorme pra mim. Muito obrigado.Humberto, Renata e seus primos foram até o carro. Renata segurou a mão de Humberto, no banco traseiro.- Quero passar em casa. Ver se está tudo em ordem.- Está bem. Depois, iremos a uma delegacia. Não pode deixar assim, Humberto. A polícia tem que pegar quem fez isso contigo. Sequestro é coisa grave. Graças a Deus, não aconteceu algo mais grave. Sugiro que durma lá em casa, onde não estará sozinho.- Você é um amor, Renata.- Não. Você que é.Quase uma hora depois, eles chegaram a casa de Humberto. Três vizinhos vieram até eles.- Senhor Humberto. Notamos o portã
Jheniffer estacionou em frente a casa de Humberto. Apollo saiu. Estela e Júlio estavam a frente deles.- Apollo. Que bom que veio.- Tinha que vir, Estela. É uma situação delicada. Humberto faz parte da fundação. Isso foi grave, felizmente teve desfecho positivo.Júlio César estendeu a mão para Apollo, que o cumprimentou.- Olá, Júlio. Tudo bem?- Tudo bom, Apollo. Sua presença aqui demonstra seu carinho e afeto por Humberto. É o mínimo que podemos fazer.- Tens razão, Júlio. Ser solidários a ele. Não é fácil.Jheniffer se aproximou. Ela cumprimentou Estela e o esposo. - Estela. Parabéns pela promoção, fiquei feliz.- Obrigada, Jheniffer. Você também faz parte da fundação também. Espero que me auxilie na casa dois.- Pode contar comigo. Vou lhe visitar e tomar um café juntas.- Já está convidada.Estela tocou a campainha. Humberto espiou pela porta e veio abrir o portão. Eles entraram. Estela e Júlio a frente. Apollo e Jheniffer atrás. Apollo observava o motorista pois já não confia
Jheniffer pediu que Apollo entrasse. - Entre, querido. Só então reparou que ele estava com duas sacolas. - Olha. São presentes? - Sim. São presentes pra duas pessoas especiais. - Estou curiosa. Pode revelar quem são? - Ainda não. Saberá no momento certo. - Está bem. Só vou pegar a bolsa e estarei pronta pra irmos. - Você está linda de vermelho. Lady in Red. - Amo essa música. O filme também. - Seu apê está no clima do natal, pisca pisca na sacada, toalha vermelha, as frutas na mesa. - Meu sonho é ter uma árvore grande, ainda que seja um pinheiro artificial. Enfeitada com bolas douradas, laços enormes. As caixas de presentes no pé da árvore. A mesa farta, a família reunida. - O natal é uma época linda. Presépio é o meu fraco. Fico horas olhando as imagens, os detalhes, imaginando a chegada do Filho de Deus, os reis magos, os anjos cantando aleluia, os animais, os pastores. - É a sua cara. - Quando eu estava no seminário, ajudava um colega na restauração de presépios e i
Charles, o piloto, se despediu deles.- Amigos, vou pra casa da minha família, que é daqui da cidade. Foi por isso que Félix me escalou pra essa viagem. - Que bom, Charles. Tudo se encaixou. Poderá ficar um pouco com seus familiares no natal.- Tenho que levá-los de volta. Quando pretendem retornar?- Você tem algum horário determinado pra voltar?- De modo algum. Estou a disposição de vocês. Apollo olhou para Jheniffer.- Você decide, querida. Podemos ficar para a ceia apenas ou pro almoço de natal?- Seria ótimo ficar para o almoço de natal. Nem acredito que estou aqui, no aeroporto Doutor Campos Leite. - Combinado, então. Retornamos após o almoço de natal. Vamos marcar nossa volta às treze horas, Charles?- Perfeito.Charles o cumprimentou.- Vou pegar um táxi pra casa de meus pais. Senhor Apollo, um feliz natal. - Pra você também, Charles. Aproveite.O piloto cumprimentou Jheniffer.- Um feliz natal com sua família, senhorita. - Feliz natal, Charles. Desde já, obrigada.
A chácara estava linda, toda decorada para o natal. Um arco de bambus, com muitas luzes, era a passagem obrigatória para o salão. Muitas árvores com inúmeras luzinhas enroladas nos troncos. A grande árvore de natal, no canto do salão. As guirlandas nos pilares. - Puxa. Quanta gente, mamãe. - Pois é, Jheniffer. Há umas setenta pessoas aqui. Amanhã cedo virá o restante da família. Jheniffer foi aplaudida pelos seus parentes, ao entrar no salão. - Finalmente, ela veio. Gritou seu primo, Ivan. - Vamos ter que ir de mesa em mesa, Apollo. Muita gente pra você conhecer. São sete irmãos de papai e oito da parte de mamãe. - Vamos lá. Eles foram de mesa em mesa. - Jheniffer, está cada vez mais linda. E esse moço? - Meu namorado Apollo, tia Cidinha. - Que rapaz lindo, elegante. Posso abraçá-lo? - Pode sim, tia. - É um prazer conhecê-la. Apollo abraçou a tia de Jheniffer. - Ele tem voz de locutor de rádio. Muito cheiroso, Jheniffer. Acho que você ganhou na loteria. - Ele vai f