A caravana de natal de Daniella seguiu para Paraisópolis. Stefany, no carro de Jheniffer, acessou a internet. - Que está fazendo? - Procurando uma ONG ou associação de moradores de Paraisópolis. Não podemos chegar assim, de sopetão. Temos que ter amparo e ajuda na distribuição dos brindes. - Tem toda razão, Stefany. Podemos causar tumulto e até brigas pelas cestas. Por isso eu te amo, você pensa em tudo. - Tenho certa experiência. Meu pai tinha o sonho de se vestir de papai Noel. Juntou dinheiro por dois anos. Comprou balas, brinquedos e alugou a roupa vermelha do bom velhinho. Fomos a uma região carente. Três carros e uns vinte parentes ajudando. - Os duendes? - Isso. Amiga, tinha muita bala e pirulito. Sacolas pesadas. Caixas com muitas bolas e bonecas. As ruas estavam vazias, nenhuma alma viva. Um deserto mas quando papai saiu do fusquinha, com a barba e a roupa vermelha. Meu Deus. - Já imagino. - Menina, não sei de onde saiu tanta gente. Dezenas de mulheres com crianças de
Apollo se despediu de Estela e Júlio César, após deixarem Bianca no aeroporto. Minutos depois, ele saiu do banho. Era noite quando o interfone tocou.- Boa noite. Senhor Apollo, o senhor Caíque está aqui na recepção.- Boa noite. Vou recebê-lo em cinco minutos. Muito obrigado.Apollo se trocou e desceu até a portaria. Caíque tirou os fones de ouvido quando o viu.- Caíque! Boa noite. Vamos subir, meu amigo.- Boa noite, Apollo. Vamos lá.Já no apartamento, Caíque sentou-se no sofá.- Quer uma água, uma cerveja?- Uma cerveja cairia bem.- Sempre cai. Apollo foi a cozinha e voltou com duas garrafas de cerveja.- Como você está?- Bem. Nada como um dia atrás do outro.Caíque contou sobre o entrevero com Humberto. O fim da relação dos dois e a decisão de deixar a fundação Hermann. Apollo ouviu com atenção.- Deve estar puto comigo.- Eu? Não mesmo. No seu lugar faria igual. Talvez não teria o mesmo controle e encheria o Humberto de bolachas. Nada justifica essa agressão a você.- É uma
Apollo não os viu e seguiu para a sala de cinema. Um corredor repleto de cartazes de filmes. - Ele nem nos viu.- Pudera, Jheniffer. Estava longe, essa muvuca toda.Wellington estava alheio, sem entender nada.- De quem estão falando?Stefany riu.- Aquele rapaz que entrou agora a pouco. É o Apollo, líder da fundação Hermann, onde Jheniffer é advogada voluntária. É aquele da live, da qual participei.- Ah, sim. Entendi.- É o amor da Jheniffer.- Ele não é nada disso, Stefany. Não temos nada.- Viu, como ela ficou? - Estou assim pois ele não vai comer aquele monte de chocolates sozinho. Não vai mesmo.Stefany e Wellington riram.- Ele pode estar numa poltrona longe de nossos lugares, amiga.- Não importa. Apollo vai ter que sentar perto de nós.- Vai arrumar briga dentro do cinema, isso sim. Não pode trocar de lugar assim. Você não vai gritar por ele lá dentro.- O que é que tem?Eles chegaram ao balcão. Stefany pediu dois pacotes médios de pipocas e dois refrigerantes. Jheniffer
Stefany e Wellington saíram do carro de aplicativo, em frente ao hotel Mediterranium, nos Jardins. Um local luxuoso. O cenário ideal para a primeira noite de amor do jovem casal. - Jheniffer foi quem sugeriu esse hotel, amor. - Mesmo? Ela tem bom gosto. É lindo ver a amizade de vocês. - Tudo isso foi idéia dela. Jheniffer é a irmã que eu não tive. Eu fiz a reserva e paguei essa suíte pra nós, como nosso presente de natal. - Adorei. - Vai adorar quando estivermos a sós, lá em cima. Quero champanhe para comemorar. Um café da manhã dos deuses, amanhã cedo. Se acordarmos cedo. Eles foram até o balcão da recepção e se identificaram. Wellington recebeu a chave da suíte. O casal tomou o elevador. Os abraços e beijos, enquanto o elevador subia. - Primeira coisa, desligar os celulares. - Seu pedido é uma ordem, Stefany. Que nada nos atrapalhe. Eles chegaram ao andar da suíte presidencial. - Não é a cobertura mas é deslumbrante. Stefany foi até a sacada, de onde teve uma vista pri
Jheniffer saiu do box. Ela colocou se enxugou e colocou o roupão. Apollo a observava, de dentro do box. - O que está olhando? - Nada. Apenas observando a beleza. Jheniffer riu. - Com essa cara de bobo? - E com que cara estaria, diante de tanta beleza e formosura? Estava pensando se sou merecedor? - Se está aqui é porquê é. Simples assim. - Aí sim, einh?! - Nunca trouxe ninguém aqui, no meu apê. Você é o primeiro. Ele saiu e se enxugou. - Isso é um privilégio e tanto. Estou me sentindo especial. Jheniffer lhe deu o roupão. - É muito especial, amor. Opa, querido. - Pode me chamar de amor. Eu gostei de ouvir isso de você. Há quanto tempo não escutava isso. Ela se aproximou. Apollo estava chorando. - O que foi, einh? Apollo, tudo bem? - Tudo bem. É que já vivi essa cena, há tempos. Uma conversa parecida. - Com a Manoela? - Sim. Me desculpe. Eles se abraçaram. - Tudo bem. Não tem que pedir desculpas. A lembrança veio de repente, sem a gente prever. É normal. Eles foram
Júlio César se despediu de Renata, pelo telefone. Ele se desesperou. Andava de um lado a outro, passando as mãos nos cabelos. - E agora? Estela conseguiu a promoção e já está ameaçada. Se Caíque não for embora, ela voltará a ser assistente. Meu Deus. Ele foi ao escritório. Procurou uma agenda na gaveta. O caderninho vermelho, debaixo de outros papéis. - Achei. Ele anotou dois nomes e seus telefones. Esperou a esposa retornar. - Oi, amor. Recebi uma ligação. O deputado Varella precisa ir a Campinas. Estela sorriu. Estava radiante com a promoção. Júlio César também percebeu a mudança na mulher. - Tudo bem. É seu trabalho. - Voltarei antes das dezoito. Não posso perder a sua lasanha. Nossa comemoração. - Também conto com isso, Júlio. - Estou indo mas feliz. Após o banho e se trocar, Júlio César entrou no carro e saiu de casa. Ele parou a três quadras de sua residência. O rascunho no bolso. Ele fez uma ligação. - Camargo? Preciso de dois tucunarés. - Certo. - Peixes do Ama
Humberto ficou deitado por um tempo, no matagal. Conseguiu desamarrar as mãos com certa facilidade. Retirou o capuz da cabeça. - Som de carros. Tem uma estrada aqui perto. Tirou as cordas dos pés. Andou até a rodovia. Os carros e caminhões em alta velocidade. Andou pelo acostamento. Uma placa indicava a proximidade da capital. Estendeu o braço, pedindo carona. Ninguém parou. - Só em filmes dão carona. Disse a si mesmo, desolado. Estava com fome e sede. Avistou uma funilaria, ainda aberta. - Boa noite, moço. Fui sequestrado. Ele caiu de fraqueza. O dono e os dois funcionários correram até ele. Humberto voltou a si, minutos depois. Tomou água devagar. Deram-lhe maçã e três bombons. Tudo que tinham. - Sou Humberto. Preciso fazer uma ligação. O dono da oficina lhe ofereceu o celular. - Pode ligar, moço. - Muito obrigado. Vou ligar para uma amiga. Na tela do celular, vinte e uma horas. - Renata? - Oi. De quem é esse número? Essa voz. Humberto? - Sou eu. Fui sequest
Humberto chorou muito, abraçado a Renata.- Não fica assim, amigo. Você está vivo, o que é mais importante. Bateram em você?- Graças a Deus não. Nem roubaram nada, aparentemente. Renata agradeceu ao dono da funilaria.- Muito obrigada. O que fez não tem preço, nada que pague seu gesto. Deus o abençoe.- Vão em paz. Só emprestei o celular.Humberto o abraçou.- É um gesto pequeno pra você mas enorme pra mim. Muito obrigado.Humberto, Renata e seus primos foram até o carro. Renata segurou a mão de Humberto, no banco traseiro.- Quero passar em casa. Ver se está tudo em ordem.- Está bem. Depois, iremos a uma delegacia. Não pode deixar assim, Humberto. A polícia tem que pegar quem fez isso contigo. Sequestro é coisa grave. Graças a Deus, não aconteceu algo mais grave. Sugiro que durma lá em casa, onde não estará sozinho.- Você é um amor, Renata.- Não. Você que é.Quase uma hora depois, eles chegaram a casa de Humberto. Três vizinhos vieram até eles.- Senhor Humberto. Notamos o portã