- A cadeira está confortável?- Sim, Apollo. É muito macia e confortável. Muito obrigada.- Fico feliz por isso, Jheniffer.- Mas não vou ficar aqui sentada direto ou vou dormir nessa cadeira, com esse barulhinho do ventilador. Vou andar pela casa um e interagir com as pessoas.- Tem razão. É novidade no início, depois as visitas vão diminuindo.Humberto e Bianca entraram.- Ouvi bem? Jheniffer quer interagir e ajudar em outras áreas? Isso é sensacional. Precisamos de voluntários na sala de artes, na creche, na capela, na cozinha e nos jardins da casa.- Pode contar comigo, Humberto.Bianca encostou em Apollo. Ela colocou a mão no antebraço dele.- Jheniffer tem tudo para alçar altos vôos na fundação, não acha?- Com certeza. Viu como todos se aproximaram? É um ótimo sinal.Apollo quis afastar a argentina mas permaneceu imóvel. Pensou que não seria boa idéia. Tinha de manter a calma, não denunciar que sabia da relação de Bianca e Júlio César. Essa informação era preciosa e só dele.
Após o lanche, Humberto se dispôs a levar Apollo e Bianca pra casa. A tarde caiu e o sol ensaiava seu adeus, formando uma belíssima tela no horizonte.- Vinte para as dezoito horas. Acho que já vou indo.- Você controla seu horário, Jheniffer. É uma voluntária, não funcionária. Fique a vontade pra ir, quando tiver algum compromisso.- Muito obrigada, Apollo. Estou afastada da academia. Vou treinar um pouco.- Legal. Eu farei o programa da fundação, das oito às dez da noite.- Vou ver se assisto. Tchau.- Até mais. Obrigado pela conversa.Ele aproveitou que Humberto e Bianca estavam no estacionamento. Apollo a acompanhou até o veículo dela.- Uma conversa estranha, de provocações. Você levou na boa. Esperava por isso pois você tem maturidade e senso de humor. Você e Bianca não combinam.- Também acho. Estou confuso.- Isso é raro. Sempre tem resposta pra tudo, Apollo. Você é sábio.- Pode parecer mas não sou. A principal virtude dos sábios é a humildade. Eu gostaria de conversar mais c
Apollo ligou para Júlio César. Era seu motorista e segurança. Ele precisava manter as aparências.- Boa noite, Júlio. Precisamos ir pra rádio. Faremos o programa da noite.- Boa noite, senhor Apollo. Em meia hora estarei aí.- Muito obrigado, por enquanto.Bianca surgiu na sala. Estava pronta.- Vamos fazer um belo programa. Estou pronta.- Perfeito, Bianca. Júlio César chegará em meia hora.- Vai dar tempo de lavar a louça do jantar.Apollo entrou na frente dela, bloqueando a passagem pra cozinha.- Por favor, deixe a louça pra depois. Só dois pratos, a travessa do macarrão e talheres. Pode espirrar algo na sua roupa.- Está bem. Você sempre tem razão.- Nem sempre. Estela conseguiu um vôo?- Conseguiu sim. Estela é muito profissional.- Às vezes, penso que ela merecia um cargo melhor na fundação.- Por que pensa assim?- Aqui entre nós. Certa vez o Júlio César me perguntou o porquê dela não ter um cargo maior que secretária e assistente? Alguns, mais novos que ela, conseguiram um
Uma semana para o natal. Jheniffer e Stefany foram até o escritório. Nascimento reuniu a equipe de sete pessoas.- Pessoal. Vamos trabalhar até às onze horas, depois só no ano que vem. Agradecendo a colaboração de cada um, nesse ano de vitórias. - E sustos.Todos riram. Ele colocou a mão no peito.- De sustos também, Jheniffer. Ainda assim, há motivos para agradecer. Estou aqui, vivo para mais um natal com a família. A minha segunda família que são vocês. Ganhamos a companhia de uma pessoa maravilhosa, a Stefany. Obrigado pelo companheirismo e amizade, Stefany. Na copa tem um bolo, refrigerante, suco pra mim, docinhos pra todos. Por favor, é uma cesta de natal pra cada um. Não vale pegar duas. Feliz natal a todos.Nascimento foi aplaudido.- Estou aqui a pouco tempo e ganhei uma cesta de natal. Será que tenho décimo terceiro, Jheniffer?- Acho que não, Stefany. Terá que falar no RH.- Tenho de ir a confraternização na casa um, da fundação Hermann. Haverá uma festinha aos refugiados
A caravana de natal de Daniella seguiu para Paraisópolis. Stefany, no carro de Jheniffer, acessou a internet. - Que está fazendo? - Procurando uma ONG ou associação de moradores de Paraisópolis. Não podemos chegar assim, de sopetão. Temos que ter amparo e ajuda na distribuição dos brindes. - Tem toda razão, Stefany. Podemos causar tumulto e até brigas pelas cestas. Por isso eu te amo, você pensa em tudo. - Tenho certa experiência. Meu pai tinha o sonho de se vestir de papai Noel. Juntou dinheiro por dois anos. Comprou balas, brinquedos e alugou a roupa vermelha do bom velhinho. Fomos a uma região carente. Três carros e uns vinte parentes ajudando. - Os duendes? - Isso. Amiga, tinha muita bala e pirulito. Sacolas pesadas. Caixas com muitas bolas e bonecas. As ruas estavam vazias, nenhuma alma viva. Um deserto mas quando papai saiu do fusquinha, com a barba e a roupa vermelha. Meu Deus. - Já imagino. - Menina, não sei de onde saiu tanta gente. Dezenas de mulheres com crianças de
Apollo se despediu de Estela e Júlio César, após deixarem Bianca no aeroporto. Minutos depois, ele saiu do banho. Era noite quando o interfone tocou.- Boa noite. Senhor Apollo, o senhor Caíque está aqui na recepção.- Boa noite. Vou recebê-lo em cinco minutos. Muito obrigado.Apollo se trocou e desceu até a portaria. Caíque tirou os fones de ouvido quando o viu.- Caíque! Boa noite. Vamos subir, meu amigo.- Boa noite, Apollo. Vamos lá.Já no apartamento, Caíque sentou-se no sofá.- Quer uma água, uma cerveja?- Uma cerveja cairia bem.- Sempre cai. Apollo foi a cozinha e voltou com duas garrafas de cerveja.- Como você está?- Bem. Nada como um dia atrás do outro.Caíque contou sobre o entrevero com Humberto. O fim da relação dos dois e a decisão de deixar a fundação Hermann. Apollo ouviu com atenção.- Deve estar puto comigo.- Eu? Não mesmo. No seu lugar faria igual. Talvez não teria o mesmo controle e encheria o Humberto de bolachas. Nada justifica essa agressão a você.- É uma
Apollo não os viu e seguiu para a sala de cinema. Um corredor repleto de cartazes de filmes. - Ele nem nos viu.- Pudera, Jheniffer. Estava longe, essa muvuca toda.Wellington estava alheio, sem entender nada.- De quem estão falando?Stefany riu.- Aquele rapaz que entrou agora a pouco. É o Apollo, líder da fundação Hermann, onde Jheniffer é advogada voluntária. É aquele da live, da qual participei.- Ah, sim. Entendi.- É o amor da Jheniffer.- Ele não é nada disso, Stefany. Não temos nada.- Viu, como ela ficou? - Estou assim pois ele não vai comer aquele monte de chocolates sozinho. Não vai mesmo.Stefany e Wellington riram.- Ele pode estar numa poltrona longe de nossos lugares, amiga.- Não importa. Apollo vai ter que sentar perto de nós.- Vai arrumar briga dentro do cinema, isso sim. Não pode trocar de lugar assim. Você não vai gritar por ele lá dentro.- O que é que tem?Eles chegaram ao balcão. Stefany pediu dois pacotes médios de pipocas e dois refrigerantes. Jheniffer
Stefany e Wellington saíram do carro de aplicativo, em frente ao hotel Mediterranium, nos Jardins. Um local luxuoso. O cenário ideal para a primeira noite de amor do jovem casal. - Jheniffer foi quem sugeriu esse hotel, amor. - Mesmo? Ela tem bom gosto. É lindo ver a amizade de vocês. - Tudo isso foi idéia dela. Jheniffer é a irmã que eu não tive. Eu fiz a reserva e paguei essa suíte pra nós, como nosso presente de natal. - Adorei. - Vai adorar quando estivermos a sós, lá em cima. Quero champanhe para comemorar. Um café da manhã dos deuses, amanhã cedo. Se acordarmos cedo. Eles foram até o balcão da recepção e se identificaram. Wellington recebeu a chave da suíte. O casal tomou o elevador. Os abraços e beijos, enquanto o elevador subia. - Primeira coisa, desligar os celulares. - Seu pedido é uma ordem, Stefany. Que nada nos atrapalhe. Eles chegaram ao andar da suíte presidencial. - Não é a cobertura mas é deslumbrante. Stefany foi até a sacada, de onde teve uma vista pri