Apollo saiu de seu quarto. Estava de calça jeans e camisa social.- Bianca. Estou pronto.A moça saiu, de vestido longo marsala.- Como estou?Apollo sorriu.- Deslumbrante. Acho que vou colocar um blazer, pra ficar a sua altura.- Você está lindo. Será apenas um passeio entre amigos.O celular dele tocou.- É a Estela. Já está lá embaixo, com Júlio César.- Vamos, Apollo. Será uma noite agradável.Assim que chegaram a recepção, o veículo de Humberto e Caíque estacionou, atrás do carro de Júlio César.- Veja, Estela. São Humberto e Caíque.- Que surpresa boa. Não sabia que vinham.Os dois rapazes cumprimentaram Apollo e Bianca, na calçada do edifício.- Boa noite. Essa é Bianca Hermann. Esses são Humberto e Caíque. - Boa noite. Prazer, Humberto. - Boa noite, Bianca. Apollo falou muito bem de você, Humberto. Faz um belo trabalho na fundação.Bianca cumprimentou Caíque.- Você é o famoso Caíque. Tenho muito o que aprender com você. Apollo o elogia constantemente.- Isso é um bom sin
Jheniffer e Daniella saíram da pizzaria. - Obrigada pelo jantar. Espero retribuir sua gentileza, qualquer dia.- Desculpe a minha emoção. É tudo tão recente. Meus pais moram em Santa Catarina. Ainda não sabem de nada do que aconteceu. Não quero voltar pra casa e ver o meu marido.- Entendo. O correto é fazer um boletim de ocorrência. Tem que cuidar desse olho, Daniella. A moça começou a chorar. Jheniffer a abraçou.- Deixa eu cuidar de você. Vai ficar tudo bem. Onde está seu carro?- Vim num carro de aplicativo. Eu moro em Alphaville.- Certeza que não quer ir pra casa?- Absoluta. Meus vizinhos são celebridades, gente da tevê. Alguns fotógrafos acampam na rua, na entrada do condomínio, a espera de uma foto, um furo de reportagem.- Posso chamar meu amigo policial? Ele será discreto. Vai agilizar o boletim. Temos que ir ao hospital pra cuidar de seu olho.- Tudo bem.- Se quiser, pode ficar no meu apartamento.- Muito obrigada. Quero sim. Você vai comigo, a delegacia?- Sim. Estar
Apollo tirou a mesa do almoço.- Desse jeito, vou engordar tanto que terei de retornar a Argentina numa carroceria de uma carreta. Esse é o melhor escondidinho que já comi. - Obrigado pelo elogio. Comprei essa carne seca no mercadão. A culpa é sua pois você demorou uma década pra nos visitar, Bianca. - Estela nos convidou para almoçar amanhã , na casa dela. Vai fazer feijoada, que eu amo.- Com direito a caipirinha, farofa, torresminho, couve picada, vinagrete, laranja e samba. Estela cozinha muito bem. Minhas papilas gustativas já estão ansiosas.- Vou ligar para o Humberto. Temos que preparar a live. Trazer os equipamentos pra cá. Vou passar rapidamente pelas casas da fundação.- Ótimo. Vou lhe dar as cópias das chaves do apartamento e um controle remoto da garagem. Tenho que ir a Receita Federal. Irei a academia, a tarde.- Certo. Vou precisar do motorista, Júlio César.- Isso. Ligue pra ele. Me sinto mais seguro, sabendo que estará com o Júlio. Bianca ligou para o motorista. A
Jheniffer estava admirada ao ver Caíque com Apollo, na academia.- Caíque. Que surpresa boa. Apollo o arrastou pra cá?- Mais ou menos, Jheniffer. Há tempos queria malhar mas a preguiça vencia. Ver o Apollo achar um tempinho na sua agenda cheia me incentivou. - Que legal. Guilherme se aproximou e levou Caíque até seu primeiro aparelho, a esteira. O instrutor colocou a mão no antebraço de Caíque.- Não precisa ficar me tocando, Guilherme.- Me desculpe. Vai começar pelos exercícios aeróbicos, pegar condicionamento. Tudo com calma e paciência. Não é de um dia para o outro que se consegue um shape legal.- Certo, Guilherme.- Dez minutos de esteira, depois fará dez na ergométrica. Um pouco de pernas e abdominal pra terminar. - Muito obrigado, Guilherme.Apollo observava Caíque e Guilherme de longe. Jheniffer veio até ele.- Como foi em Chapecó?- Tudo bem. Um obstáculo surgiu e foi solucionado, graças a um bom amigo. E com você? Passou bem?Apollo olhou bem para ela, focando nos lábio
Gustavo colocou duas pedras de gelo no copo de whisky. As mãos tremiam. - Um último gole. Olhou para a cama arrumada. O empresário decidiu descer pela escada, talvez saboreando seus últimos momentos na mansão. Ele sabia, no íntimo, o que o esperava. Tinha errado feio com a mulher. Muito feio. Daniella era conhecida, nacional e internacionalmente. Ela poderia acabar com ele num estalar de dedo, revelando o que fato a imprensa. A presença da polícia era uma constatação de que ela estava disposta a tudo. Gustavo esperava que ela voltasse sozinha e aceitasse seu pedido de desculpas. Que aceitasse o buquê. Que lhe desse outra chance, outra oportunidade pra melhorar como marido e companheiro. Ele tinha ensaiado um discurso de que se esforçaria pra não ser tão ciumento. - Gustavo. Dessa vez você se lascou. As brigas eram constantes mas nunca chegaram a agressão física, como agora. Daniella sempre ia embora pra casa dos pais ou de alguma amiga mas sempre voltava. Dessa vez, ele machu
- Caraca! Esse seu closet é metade do meu apartamento.Jheniffer deu a mão para Stefany, ao entrarem no quarto de Daniella. A porta dupla do closet, que tinha a foto de dois metros da modelo, se abriu. Stefany olhava tudo, embasbacada.- Meu, é outro patamar. Imagina o closet da Naomi Campbell ou da Gisele Bundchen? Tem uma loja de sapatos aqui, Daniella. Você tem noção?- Ainda não estou entre as dez modelos mais bem pagas do mundo, Stefany. Tenho a consciência que é muito luxo e ostentação mas é consequência do meu trabalho. Faz parte.Stefany fez uma careta para Jheniffer.- E ela fala isso com essa tranquilidade? Faz parte? Olha esse mármore italiano, o porcelanato, tem espelho por todo lado. Essas luminárias lindas. É o sonho de toda mulher ter um closet assim, tão espaçoso com tudo no lugar.Daniella pegou o porta retrato, dela com Gustavo, e colocou a foto pra baixo. - Todo bônus tem um ônus. Abdiquei de muita coisa pra estar aqui.Ela abaixou a cabeça. Jheniffer e Stefany a
Apollo chamou a atenção de todos.- Nossa live começará em cinco minutos. Estaremos em dupla, no sofá. Trocaremos de dupla, a cada vinte minutos, sempre com uma música de Humberto e Caíque, nos intervalos. Quem não estiver no sofá, fique a vontade pra interromper e contribuir pra conversa. Alguma pergunta?Ninguém tinha pergunta a fazer. Apollo e Bianca sentaram-se. A câmera posicionada. As luzes. Jheniffer e Stefany estavam no quarto de Apollo, retocando o batom. - Você quer minha ajuda, durante seu tempo na live?Jheniffer olhava para a cama.- Jheniffer? Você está no mundo de Nárnia? - O que disse?- Se quer minha ajuda, durante a live? Jheniffer sentou-se na cama.- Pode ser. Temos muito assunto. Violência contra a mulher é um tema amplo. - De fato. Há muitos tipos de violências. Melhor a gente ir pra sala.- Vamos. Esse quarto está quente.- Amiga, o ar condicionado está no máximo, muito frio. As suas lembranças é que estão calientes, isso sim. Estela estava parada na ent
Daniella estava emocionada pelo abraço coletivo. Não esperava aquela reação. Até os garçons do Lá Boca a abraçaram e lhe transmitiram energia boa e solidariedade.- Terei que encarar a imprensa, a mídia e os paparazzi agora.- Você é mais forte que imagina, Daniella. Estaremos aqui, só ligar e iremos lhe apoiar.Apollo a abraçou. - Muito obrigada, Apollo. Abriu seu apartamento, seu coração. Posso chamá-lo de amigo?- Sim. Eu ganhei uma amiga. Humberto vibrou.- Apollo. Gente. Nunca tivemos tantas doações pra fundação. A live foi um sucesso.Bianca abraçava e agradecia a cada um. Ela parou em frente a Jheniffer.- Amei sua palestra, Jheniffer. Brilhante.- Obrigada, Bianca. É a realidade, infelizmente. A mulher sofre demais, em nosso país.- No meu também. Veja as mães da praça de Maio. Tantos filhos desaparecidos no período da ditadura.Elas se abraçaram. O telefone de Daniella tocou. Eram seus pais, preocupados. Uma vídeo chamada.- Sim. Foi o Gustavo, papai. Fiz o boletim. O olho