O carro de Stefany parou em frente ao portão do edifício, onde Jheniffer morava. Ela abriu a bolsa e pegou o molho de chaves, onde também estava o controle remoto do portão. - Chegamos, amiga. Está entregue, sã e salva. - Não sei o que seria da minha vida sem você, Stefany. - Eu sei. Seria uma chatice. A minha vida também seria assim, sem você. Eu te amo. - Eu também te amo. É tão fácil falar, essa frase se tornou banal. Nos conhecemos há tempos e tem me ajudado tanto. É mais que amizade, é amor. - Porquê está falando isso? Apollo disse que a ama? No primeiro rala e rola, igual ao Bruno, o Charles e todos os outros? - Como assim, todos os outros?! Do jeito que fala, parece que já saí com metade da torcida do Palmeiras. - E não foi? - Metade não. Uns dez por cento eu admito. Falando sério, Apollo foi demais, o melhor mas, logo de manhã já veio querendo dar as cartas, falando em namoro, compromisso, se a gente ia se ver a noite? Perguntou qual o nosso status, acredita? Já trat
A catedral da Sé estava linda, numa tarde de sábado. O corredor central com tapete vermelho e flores brancas nos pilares de gesso, junto aos bancos. Os músicos de terno vinho, tocando os sucessos de Maroon 5, Bee Gees e Genesis. A entrada dos padrinhos da noiva. Stefany, linda num vestido deslumbrante. Nascimento e Marcela, impecáveis. Bruno. Guilherme , da academia. Os pais da noiva, emocionados. Os padrinhos do noivo, todos de terno azul marinho, lindos e sorridentes. Júlio César e Estela, elegantes. Humberto e Caíque, da fundação Hermann. Os pais do noivo, já idosos, recebendo atenção especial. A entrada do noivo, ao som de um sucesso do tenor Andréa Bocelli. Apollo foi até o altar e se virou. Estava lindo, bem maquiado. O penteado impecável. O terno do noivo foi trazido de Milão, feito por um dos maiores nomes da moda. Os sapatos, também italianos. O noivo não parava de sorrir. As mãos suando. O tempo passando e nada da noiva aparecer. Quinze minutos de espera. O padre enx
O filme escolhido por Stefany terminou exatamente às vinte e três horas. - Acabou no fim. Eu gostei. Adrenalina e uma vilã que não deixa barato. Matou os bandidos, se vingou. - Eu também gostei, Stefany. Ela acabou com a cidade mas cumpriu a promessa. A tela do celular de Stefany acendeu. - Mensagem de boa noite do grupo da família. Ao menos não era o mala do Fernando. Jheniffer riu e pegou seu celular. - Mensagem do Apollo. Só escreveu saudades e boa noite. - Que lindo. Ele não a esqueceu. - Vou responder apenas boa noite. - Não vai responder: sonhe com os anjos, um dia trocarei de lugar com eles? - Essa cantada é velha, Stefany. Já dormimos juntos. - Não foi bom? - Foi ótimo. Na verdade, dormi pouco com ele. Estava entorpecida de vinho. Apaguei. Stefany bocejou. - Vamos dormir? - Ótima idéia. Elas se recolheram, minutos depois. Stefany e Jheniffer se abraçaram. O quarto na penumbra. Jheniffer programou uma música com barulho de chuva no celular. - Amo dormir co
Jheniffer e Stefany tiraram a mesa do almoço. - Eu precisava dessa lasanha, mamãe. Matei a saudade. Voltei a minha infância. - Fico feliz de ouvir isso, filha. Para nós pais, os filhos nunca crescem. Você será sempre a nossa menina. - Como sinal de gratidão, vou lavar a louça. Stefany foi pra sala. Após uma longa conversa com Ana e Roberto, ela perguntou sobre a infância de Jheniffer. Roberto foi ao quarto e voltou com alguns álbuns de fotos. - Vai ver a meiguice de Jheniffer, quando criança. Tem o álbum do nosso casamento também. Ao ouvir o pai, Jheniffer veio até eles. - Que legal. Faz tempo que não vejo essas fotos. Stefany se divertiu. - Esse cabelo tigelinha?! Eu também cortei assim, quando tinha sete anos, Jheniffer. - Eu tinha dez anos. Estava sem um dente. Os pais de Jheniffer se emocionaram ao rever o álbum de casamento. A filha fez um monte de perguntas a eles. - Deu tudo certo no dia de nosso casamento. Foi mais uma cerimônia comunitária. A festa contou com a
O relógio marcou dezoito horas em ponto. Jheniffer e Stefany estavam prontas pra deixarem Ribeirão Preto.- Te amo, papai. - Também te amo, filha. Boa viagem de volta pra capital.- Pra Sampa. A terra da garoa.- Espero que dê tudo certo pra gente passar juntos o natal.- Vai dar certo. Já marcamos na agenda.Jheniffer deixou o abraço do pai. Ela puxou Stefany.- Solta que a mãe é minha.- Ei, quando você agarra a minha mãe, não falo nada. Jheniffer abraçou sua mãe. Stefany se despediu de Roberto. O casal as acompanhou até o estacionamento. Jheniffer entrou no carro e colocou o cinto de segurança. Stefany correu e abraçou Ana novamente.- Adoro deixá-la furiosa. - Sei que você cuida bem dela. Jheniffer dormia quando balbuciou Apollo. Quem é?- Sério? É um rapaz lindo. Depois eu lhe mandarei fotos e detalhes. Ela não admite mas está apaixonada.Jheniffer gritou.- Vamos, bicho preguiça. Vou te deixar em Ribeirão.Elas deixaram a cidade. Estavam na rodovia quando a noite estendeu se
Wellington chegou a casa de Stefany.- Chegamos. É aqui que me escondo.- Adorei te conhecer. Bruno falou muito bem de você e de Jheniffer. Ele omitiu o quanto você é maravilhosa, Stefany.- Ah, Wellington. Ele foi gentil. Bruno é mais amigo de Jheniffer, eu o vejo só na academia.- Jheniffer é realmente linda. Você não fica atrás.- Bruno e Jheniffer já foram para os finalmente, entende? Não tem compromisso nem sentimento. Ao menos da parte dela.- Entendi. Se eu encontrasse alguém especial, ia querer compromisso na hora. Sair, ficar juntos. Cumprir as etapas de namoro, noivado, casamento. As conquistas. Os filhos. Dever ser legal. Lógico que tem os perrengues mas o amor deve prevalecer.- Legal pensar assim. Parece careta mas é o sonho da maioria de nós. É que a realidade é cruel.- Fato. Numa relação há duas opções, ter razão ou ser feliz. Se os dois quiserem ter razão, sempre vai ter briga. Ser feliz é perdoar, ter paciência e respeito. - Que lindo.Eles se olharam, sorrindo. -
Jheniffer estava a caminho do seu escritório de advocacia, quando Stefany ligou.- Bom dia, amiga. Tudo bem?- Bom dia, Stefany. Estou com um pouquinho de dor de cabeça. A ressaca passou. Um banho gelado, um café quente e um analgésico fazem milagres.- Preciso te ver.- Pela sua voz, algo ruim aconteceu.- Exatamente. Estou saindo do Tribunal do Trabalho. Posso passar no seu escritório?- No nosso escritório, quer dizer. Você perdeu a aposta e vai trabalhar comigo. Pode vir, amiga.- Obrigada. Estou a caminho.Apollo e Bianca saíram juntos do avião, no aeroporto de Guarulhos. Eles atravessaram o saguão. Ao passarem por uma livraria, Apollo parou e ficou olhando a vitrine.- Vou entrar e comprar um livro. - Tudo bem, Apollo. Amo livros.Bianca se interessou por um livro de Jorge Amado. Apollo ficou em dúvida, entre dois exemplares de Jorge Luís Borges.- Interessante. Eu escolhi um autor brasileiro e você, um argentino.- Podemos trocar, depois de ler. Percebi que você olhou pra e
Apollo e Bianca desceram do carro de aplicativo, em frente ao prédio onde o rapaz morava.- Chegamos, Bianca. - Gostei. É um lindo edifício.- Espero que aprecie o apartamento. Não é luxuoso mas é aconchegante.- Está ótimo, querido. Na sua companhia, qualquer lugar fica excelente. Gratidão por tudo.Eles entraram. Apollo levou as malas. Três mulheres e um entregador pediram para eles segurarem a porta do elevador, no térreo. Apollo foi rápido.- Muito obrigado, moço. Você é muito gentil.Disse uma das mulheres a ele. Apollo sorriu. O elevador lotado. Bianca puxou sua mala e encostou seu corpo no dele. O elevador trepidou e Bianca segurou no antebraço de Apollo. Há quase dois anos eles não se viam. Bianca, sobrinha de Consuelo, começou como voluntária na fundação, em Buenos Aires. Depois de dois anos, foi alçada ao posto de administradora de uma das casas na capital argentina. Por esse motivo, ficou mais próxima de sua tia Consuelo e de Manoela. Apollo sorriu para ela. Após a mor