Os meses foram passando, entramos no mês de abril, Cristiano mexia as mãos e os pés com mais frequência, chorava e sorria, franzia a testa se sentisse dor, segurava o braço quando não queria que o manipulassem, mas não abria os olhos. Notamos que seu progresso estava sendo lento, mas que existia, e voltamos a ter esperança, já não imaginávamos que seria tão impossível tê-lo de volta.
Jhenny estava no oitavo mês de gestação, chegou a ter um princípio de trabalho de parto, tendo que passar a tomar medicações para segurar o bebê por mais um tempo, então ela se afastou da faculdade e de tudo que a cercava, dizia que se corria o risco de parir que era mais seguro permanecer no hospital e assim passou a literalmente morar lá, não tinha quem a fizesse sair, eu temia muito pelo seu psicológico, pois se acontecesse algo com o meu primo posso jurar que ela daria um jeito de ir junto.
Quando chegamos ao hospital, tia Anelise veio ao nosso encontro, parecendo preocupada. — Oi Lise, como ele está? — Jhenny perguntou aparentemente tão apreensiva quanto eu. — Está bem, querida, conversamos muito sobre você, ele me fez contar quase tudo. — E como reagiu? — Aparentemente satisfeito, mas passou a madrugada agitado, enquanto dormia chegou a chamar pelo Faísca, acordou gritando dizendo que o cavalo havia morrido, me perguntou se era sonho ou memória… — Ai, meu Deus. — Jhenny me olhou com extrema angústia. — Você falou que era memória, Lise? — Não, querida, não tive coragem. Minha tia abaixou a cabeça
Estávamos no mês de junho, o dia dos namorados caia num domingo e eu queria preparar algo especial pra minha Afrodite, porém nós morávamos juntos, não seria tão fácil realizar uma surpresa e creio que poderiam se passar 10 anos que eu permaneceria perdido. Então fiz tudo muito clichê, encomendei uma cesta de café da manhã, flores, chocolate, decidi que começaria o dia com mimos, depois poderíamos jantar e finalizar num motel, não queria repetir nada do que tinha feito com a Jhenny. Eu só não lembrava que tinha alguém do meu lado bastante interessada em tornar o meu dia incrível também. Acordei pela manhã bem cedo, era algo rotineiro, mas com certeza a Manu já conhecia bem a minha rotina. Minha Afrodite não estava na cama, levantei surpreso, pois geralmente aos domingos ela acordava mais tarde e eu deveria estar de pé antes para receber tudo que tinha encomendado. Logo que entrei no banheiro, me depa
Certo dia no trabalho, me deparei com a minha deusa tristinha, sempre que isso acontecia eu me angustiava com medo de ter feito algo errado, então me aproximei apreensivo. — O que foi, amor? — Perguntei. — Acho que a Jhenny está brava comigo, desde aquele dia no carro... — Eu achei meio bobo aquele comentário seu… — Sorri lembrando. — Mas por que você acha isso? — Ofereci ajuda, Rafael e Dani estão lá porque está sendo difícil pra ela cuidar do bebê e do Cristiano, mas ela recusou... — Às vezes ela não quer te incomodar! — Não, ela foi bem clara que tem tanto ciúmes de mim com o Cris, quanto eu tenho de vocês! Alguns dias depois, minha deusa e eu viajamos para Porto Alegre, decidimos que enfrentaríamos nossos medos juntos, eu finalmente voltaria na casa da minha avó e conheceria os filhos do meu pai, e ela voltaria a encontrar sua mãe dois anos depois de ter se mudado para Brasília. — Pronta? — Perguntei assim que paramos em sua antiga casa. — Acho que sim. Não havia empolgação em seu tom, pelo contrário, eu vi que haviam feridas abertas em seu peito. Manuela já tinha conversado com a mãe a um tempo atrás, sabíamos que ela havia se separado do padrasto e dizia estar arrependida pelo que fez, mas ainda assim, Manu parecia insegura, e eu só entendi o porquê após o nosso encontro. — Oh, minha filha! Como é bom te ver de novo! Quanta saudade eu senti! <64. Voltando ao passado
Alguns dias depois, voltamos para Brasília, sem dúvidas aquelas haviam sido as melhores férias da minha vida. Voltamos ao trabalho, que por sinal estava extremamente enrolado com a nossa ausência, mas estávamos revigorados, eu só não imaginava que aquele clima todo de perdão e recomeço faria minha deusa tomar uma atitude inesperada. — Os meninos vão dar uma festa pra comemorar a formatura do João. A olhei sem entender. — E o que tem? — Estou pensando em ir, vamos? — O quê? Por que você quer ir numa festa desse idiota? — Vai ser na casa da Anelise. A Jhenny me contou que o João se formou sozinho porque o Rafael abriu mão novamente do semestre depois qu
Mais tarde seguimos para o parque para a primeira prova, era possível ver no olhar de todos que não era somente eu que estava preocupado, mas desejei de coração que tudo corresse bem, ela merecia. Quando chegou a sua vez, fiquei apreensivo, olhei para o Cris e ele não desgrudava os olhos dela, então Jhenny disparou com o cavalo, e até eu que nunca fui fã de nada daquilo me arrepiei, pude sentir a adrenalina, meu primo se levantou da cadeira se debruçando sobre a cerca, todos observamos bestificados, ela era boa naquilo, por mais maluco que o cavalo fosse, e finalizou com a melhor pontuação da noite. Na segunda prova que ocorreu no dia seguinte não foi diferente, Jhenny surpreendeu a todos finalizando em terceiro lugar. A grande final ocorreu no próximo dia, que por sinal era o seu aniversário, então todos preparamos uma surpresa. Assim que ela se
Depois da última conversa que Manuela e eu tivemos sobre casamento, ela nunca mais tocou no assunto, aparentemente estava tudo bem até que nós nos desentendemos novamente. Minha irmã ainda ficava com frequência no meu apartamento, raramente passava uns dias na casa da vovó, as duas se davam bem, mas Fernanda era acostumada com a vida mansa de ter empregada e tudo na mão, já a Manuela tinha outro estilo de vida. Desde que passamos a morar juntos, minha deusa assumiu todas as responsabilidades do apartamento para si, por conta própria, pois jamais exigiria nada dela, cuidava da limpeza, da comida, das roupas, detestava bagunça, de fato estava cômodo pra mim e minha irmã. Na minha concepção, Manuela fazia por que queria, eu poderia continuar como era antes, pagar uma diarista de vez em quando, comer sempre na rua, mas ela fazia compras mensalmente e todo final de semana deixava fácil as nossas refeiçõe
Manuela não foi dormir comigo, passou a noite na sala, quando me levantei, me arrumando para o trabalho, ela estava dormindo no sofá e assim permaneceu. Eu havia passado a noite em claro, estava extremamente mau-humorado e chateado, Manuela acordou praticamente na hora que tínhamos que sair. — Minha nossa, perdi a hora... Permaneci sem lhe dirigir a palavra e enquanto ela corria para se arrumar desci aguardando no carro. — Achei que você ia sem mim. — Disse ofegante quando finalmente apareceu. — Deu vontade! Olha a hora, temos reunião marcada! Fui ríspido, Manuela seguiu em silêncio, olhando pela janela e subiu para a empresa se trancando em sua sala.