Acordei sorrindo à toa, logo que peguei o celular me deparei com uma mensagem.
Manuela: Bom dia, deus do fogo. Já está vindo? Não me faça esperar muito.
Felipe: Bom dia, deusa Afrodite. Já deu tempo de sentir saudade?
Manuela: Não deu tempo foi de deixar de sentir.
Eu ri do emoticon com expressão envergonhada.
Felipe: Já, já eu chego!
Mandei um emoticon de coração e prontamente recebi outro. Me peguei sorrindo feito um adolescente bobo, sentindo-me de uma forma que a poucos dias atrás eu renegaria, porém Manuela me fazia sentir seguro, melhor do que isso, eu me sentia correspondido.
Na segunda semana de setembro, meu primo se casou com a Jhenny no civil, o casamento no religioso seria na semana seguinte e os amigos dele resolveram fazer uma despedida de solteiro. Fui convidado, o que não foi surpresa pois já fazia um tempo que eu e meus primos voltamos a andar juntos, saíamos sempre em casais e tínhamos uma relação amigável. Manuela e eu nos afastávamos apenas quando JP estava por perto, o que foi uma opção nossa, pois ele jamais importunou nenhum de nós após saber do namoro, nunca voltou a procurar a Manuela e até onde eu sabia, tinha se entendido com a mãe do seu filho que já havia nascido. Então fomos à tal despedida de solteiro, de cara me surpreendi por se tratar de uma boate striper, meu primo chegou vendado e notei em sua expressão que estava tão desconfortável quanto eu, mas seus amigos instigaram para que ele entrasse sem medo. Foram tempos difíceis, meus tios pareciam zumbis, se arrastavam pelos cantos, sempre tristes, tio Romeu já não trabalhava. Rafael e João Paulo trancaram a faculdade e Jhenny também desistiu, a vi se abater de uma forma jamais vista antes. Demorei a criar coragem para ir ver o meu primo, Manuela me acompanhou, mas só poderíamos entrar um por vez, então subi sozinho. Logo que entrei no quarto me abalei ao vê-lo, eu buscava traços em seu rosto que me fizesse crer que aquele era o Cristiano, seu corpo inteiro estava inchado, os olhos arroxeados ao redor, seus cabelos haviam sido raspados, um tubo entrava através de sua garganta fornecendo-lhe oxigênio. Fiquei um tempo observando-o e as lágrimas preencheram os meus olhos, me lembrei da nossa infância, de todas as brigas, de todas as vezes que ele me fez sentir ódio e da amizade que desenvolvemos depois57. Desconfiança
Passamos o resto da noite sem muita conversa, senti que ela estava triste, mas eu estava magoado com a insinuação. No dia seguinte, tive que me ausentar da empresa para uma reunião de negócios, quando isso acontecia eu deixava Manuela responsável sem a menor preocupação. Logo que finalizamos a reunião, retornei acompanhado de um dos clientes, me deparando com Manuela e Jéssica rolando no chão. — Que diabos está acontecendo aqui? As duas se soltaram rapidamente e se levantaram me olhando com espanto, creio que eu nunca havia ficado tão envergonhado como naquele dia, olhei para Manuela incrédulo, pouco me importavam as razões dela, ambas teriam que me dar uma ótima explicação para aquele vexame. — Vou terminar de atender o cliente e em seguida quero as duas na minha sala!
Com o passar do tempo, Cristiano apresentou mais alguns progressos, movia os membros discretamente com mais frequência, seus olhos tremiam como se fossem abrir, em alguns momentos chegava a chorar, a responder aos nossos estímulos, tínhamos certeza que ele estava ouvindo. Em um dos raros momentos que Jhenny aceitou ir para casa descansar, Manuela e eu fomos visitá-la ao saber que ela não estava muito bem. A encontramos deitada na cama de pernas para cima, pois seus pés estavam extremamente inchados. — Amiga, acho que temos que dividir melhor as idas ao hospital, você não está deixando mais ninguém ficar, isso está te fazendo mal! — Manuela dizia enquanto a massageava nas pernas. — Eu quero estar lá quando ele acordar! — Eu sei, mas você está grávida e não
Os meses foram passando, entramos no mês de abril, Cristiano mexia as mãos e os pés com mais frequência, chorava e sorria, franzia a testa se sentisse dor, segurava o braço quando não queria que o manipulassem, mas não abria os olhos. Notamos que seu progresso estava sendo lento, mas que existia, e voltamos a ter esperança, já não imaginávamos que seria tão impossível tê-lo de volta. Jhenny estava no oitavo mês de gestação, chegou a ter um princípio de trabalho de parto, tendo que passar a tomar medicações para segurar o bebê por mais um tempo, então ela se afastou da faculdade e de tudo que a cercava, dizia que se corria o risco de parir que era mais seguro permanecer no hospital e assim passou a literalmente morar lá, não tinha quem a fizesse sair, eu temia muito pelo seu psicológico, pois se acontecesse algo com o meu primo posso jurar que ela daria um jeito de ir junto.
Quando chegamos ao hospital, tia Anelise veio ao nosso encontro, parecendo preocupada. — Oi Lise, como ele está? — Jhenny perguntou aparentemente tão apreensiva quanto eu. — Está bem, querida, conversamos muito sobre você, ele me fez contar quase tudo. — E como reagiu? — Aparentemente satisfeito, mas passou a madrugada agitado, enquanto dormia chegou a chamar pelo Faísca, acordou gritando dizendo que o cavalo havia morrido, me perguntou se era sonho ou memória… — Ai, meu Deus. — Jhenny me olhou com extrema angústia. — Você falou que era memória, Lise? — Não, querida, não tive coragem. Minha tia abaixou a cabeça
Estávamos no mês de junho, o dia dos namorados caia num domingo e eu queria preparar algo especial pra minha Afrodite, porém nós morávamos juntos, não seria tão fácil realizar uma surpresa e creio que poderiam se passar 10 anos que eu permaneceria perdido. Então fiz tudo muito clichê, encomendei uma cesta de café da manhã, flores, chocolate, decidi que começaria o dia com mimos, depois poderíamos jantar e finalizar num motel, não queria repetir nada do que tinha feito com a Jhenny. Eu só não lembrava que tinha alguém do meu lado bastante interessada em tornar o meu dia incrível também. Acordei pela manhã bem cedo, era algo rotineiro, mas com certeza a Manu já conhecia bem a minha rotina. Minha Afrodite não estava na cama, levantei surpreso, pois geralmente aos domingos ela acordava mais tarde e eu deveria estar de pé antes para receber tudo que tinha encomendado. Logo que entrei no banheiro, me depa
Certo dia no trabalho, me deparei com a minha deusa tristinha, sempre que isso acontecia eu me angustiava com medo de ter feito algo errado, então me aproximei apreensivo. — O que foi, amor? — Perguntei. — Acho que a Jhenny está brava comigo, desde aquele dia no carro... — Eu achei meio bobo aquele comentário seu… — Sorri lembrando. — Mas por que você acha isso? — Ofereci ajuda, Rafael e Dani estão lá porque está sendo difícil pra ela cuidar do bebê e do Cristiano, mas ela recusou... — Às vezes ela não quer te incomodar! — Não, ela foi bem clara que tem tanto ciúmes de mim com o Cris, quanto eu tenho de vocês! Último capítulo