30 Dias Para Amar
30 Dias Para Amar
Por: BJ Miller
PRÓLOGO

ALEX

Nova Iorque havia amanhecido com o céu escuro e com um clima nada agradável para sair da cama. Estava frio, chuvoso, e eu só queria fingir que não tinha compromissos na joalheria. Coloquei minha gravata, observando o ambiente da janela do meu quarto. 

Talvez eu pudesse falar que o dia tinha gosto de nostalgia, ou só preguiça mesmo. Soltei um longo suspiro, terminando em seguida de colocar a gravata. Peguei meu blazer, que completava o terno caríssimo feito sob medida para mim, e caminhei até a porta do quarto.

O corredor estava quieto, o que me fez agradecer mentalmente. Sinceramente, estava de saco cheio das cobranças que vinha recebendo. Eu era adulto, gerenciava a empresa da minha família como ninguém, mas isso não era suficiente. 

Ainda mais depois que terminei meu noivado de cinco anos com Cameron. Ela era uma ótima mulher, porém não era o que eu queria, já que a mulher que desejava de verdade estava longe demais do meu alcance. Então, para não fazer ninguém sofrer, decidi por bem terminar meu relacionamento. O que deixou minha mãe enfurecida, e o meu primo, Eric, quase pulou de felicidade. 

Afinal, nem tudo era perfeito. Eu tinha uma data limite para me casar, ou perderia todo o direito de dirigir a empresa que era minha por direito, passando assim todas as minhas ações para minha tia, mãe de Eric. Isso me deixava possesso, e para minha mãe era o fim da picada, já que ela odiava sua cunhada, que sempre quis tomar a empresa que meus pais construíram. 

Quando meu pai morreu, ele nos pegou ainda mais de surpresa, ao deixar no testamento que se eu não me casasse, até meus trinta e dois anos, toda a rede de joalherias que possuíamos passaria para Elizabeth, sua irmã. 

Então, eu tinha pouco mais de seis meses para cumprir esse acordo, ou estava tudo acabado. 

Deixei meus devaneios para lá e parti para a garagem. Assim que cheguei, entrei no meu Aston Martin e acelerei. Estava querendo ganhar o tempo que fosse, já que sabia que o trânsito próximo ao bairro Nolita – onde ficava a sede da empresa – estaria um pequeno caos, devido à chuva que continuava a cair. 

Depois de quase uma hora – um caminho que normalmente eu levaria uns quarenta minutos –, consegui chegar ao meu destino. Coloquei o carro na garagem subterrânea da joalheria, na vaga reservada especialmente para mim, saí ajeitando meu terno e logo peguei meu sobretudo para me proteger das gotas de chuva, já que eu nunca dava meu dia por começado sem antes atravessar a rua e passar no Delicatto, o café da minha melhor amiga, confidente e, infelizmente, a mulher que eu desejava.

Assim que abri a porta do café, que já estava com a placa de ABERTO virada, retirei meu sobretudo, colocando-o no cabideiro que ficava ao lado da porta. 

E antes de olhar para o balcão, que era sempre o lugar onde ela ficava, eu respirei umas quatro vezes. Sabia que o café ficava vazio por uns trinta minutos ainda, então, eu não tinha medo de observá-la, pois tinha convicção de que não seria pego no flagra. 

Megan ainda não havia percebido que eu tinha entrado, já que estava de costas para a porta, mexendo na cafeteira de expresso do local, que sempre fora muito aconchegante, com suas mesinhas vermelhas, que contrastavam com o piso branco. 

Caminhei até o balcão, onde havia bancos de madeira dispostos para nos sentarmos ali mesmo. Assim que me acomodei, ela se virou em minha direção, com aqueles olhos de um azul tão radiante que ainda me fascinavam a cada segundo que os via. Eu a conhecia há exatamente cinco anos, dois meses depois de ficar noivo, e desde que coloquei meus olhos em Megan, soube que estava perdido. 

— Quem é vivo sempre aparece — brincou assim que me viu. O sorriso em seus lábios me deixava ainda mais bestificado com a beleza daquela mulher. 

Os cabelos loiros estavam atrás da touca que ela sempre usava para manter o ambiente o máximo higiênico possível, mas não importava. Ela era linda de qualquer maneira. 

— Como se eu não tivesse vindo aqui ontem — respondi da mesma forma, oferecendo-lhe o meu melhor sorriso. 

Megan desviou os olhos dos meus e por um mísero segundo eu vi suas bochechas corarem. 

— Vai querer o de sempre? — Não deixou que eu respondesse, já que pegou o copo térmico grande e começou a enchê-lo com um expresso que sempre salvava minha vida. 

— Não sei por que pergunta, já que eu sempre faço o mesmo pedido. 

— Vai que hoje queira mudar? Sua vida está cheia de mudanças ultimamente. — Sabia que ela estava tocando no assunto do meu recente término. 

— Não é só a minha que está mudando — respondi da mesma maneira, afinal, Megan havia terminado seu namoro de um ano mais ou menos um mês atrás. 

— Sempre com uma resposta pronta, Alex — repreendeu-me, mas sem perder o sorriso. 

Nós havíamos nos tornado amigos assim que assumi o cargo de CEO da empresa, pois eu sempre frequentava seu café. Não percebi quando começamos a trocar confidências, mas era para Megan que eu reclamava de tudo que acontecia em minha vida, era para ela que eu contava também todas as minhas vitórias. E foi assim que nos unimos ainda mais. Hoje eu não via minha vida sem ela. Só que foi há exatamente dois anos que percebi que o sentimento que nutria por ela não era só amizade. 

Quando percebi o que sentia, tomei a decisão de terminar o relacionamento com Cameron, mas Megan começou a namorar e eu desisti de tomar a iniciativa, então, me prendi ainda mais à outra mulher, chegando a pedi-la em casamento em um impulso. No entanto tudo foi ficando complicado demais e mesmo que ela ainda estivesse namorando eu dei um ponto final em meu noivado. Só que pouco depois ela me surpreendeu ao falar que não amava o tal Emmet mais. 

Com isso vi a minha oportunidade, mas até aquele momento não tinha tomado a iniciativa de convidá-la para sair. Só que para aproveitar que estávamos em uma sexta-feira eu iria novamente tentar fazer com que as palavras saíssem por minha boca. 

— Vou aproveitar que ainda não chegou ninguém para abrir essas correspondências. — sinalizou com o queixo para o monte de cartas que eu já havia percebido que estavam ali há dias. 

— Até que enfim tomou uma atitude. 

— Se estava incomodado deveria ter aberto, então. — respondeu, petulante. 

Megan fez um biquinho para mim, com aqueles lábios que eu desejava demais. Quase, por um milésimo de segundo, eu pulei aquele balcão e a peguei para mim. Mas não era um homem das cavernas, por isso, fiquei no mesmo lugar, observando enquanto ela abria um envelope, que parecia ser da justiça. 

Franzi meu cenho e esperei para ver do que se tratava. Ela tirou alguns papéis de lá, começou a lê-los e, depois de alguns minutos, ouvi um arfar assustado sair de seus lábios. 

Megan olhou em minha direção, com os olhos azuis marejados, dizendo em seguida: 

— Estou ferrada, Alex. 

Eu não sabia o que era, mas já estava disposto a lutar8 uma guerra para que aquela mulher não precisasse sofrer. Nunca permitiria que nada acontecesse com Megan. Nunca!

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