(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)A viagem de volta para casa foi tranquila, além de perguntas curiosas ocasionais de Maverick.— Mamãe, por que as casas parecem estar nos seguindo? — Ele questionou, apontando para as residências do lado de fora da janela, os olhos arregalados.Sorri e me recostei no banco.— Elas não estão nos seguindo, querido. Nós é que estamos passando por elas. — Expliquei, tentando conter um bocejo.Maverick assentiu, pensativo. Continuou observando pela janela, os olhos atentos às imagens e sons que deslizavam diante dele. Mamãe, em silêncio, permanecia concentrada digitando no celular.Dwayne, por outro lado, mantinha o olhar fixo na estrada, segurando o volante com firmeza. Suspirei e peguei meu telefone, decidindo ler as fofocas mais comentadas nos blogs para matar o tédio.Alguns minutos depois, chegamos à casa e todos desceram do carro, espreguiçando os braços e as pernas. Dwayne retirou as malas do porta-malas, o convidei para entrar e tomar um chá, mas ele recu
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Tentei me sentar novamente, mas um arrepio gelado percorreu meu corpo. Estremeci violentamente, e meus dentes começaram a bater involuntariamente.O medo me dominou ao perceber que estava sozinha e indefesa. Não conseguia chamar por ajuda, pois minha voz estava rouca e quebrada.Arrepios tomaram minha pele enquanto minha mente disparava, tentando entender como cheguei a esse estado. Na noite anterior, eu estava bem, rindo e me divertindo com a família e amigos. Será que me esforcei demais na festa? Fiquei acordada até tarde e sobrecarreguei meu corpo?Lágrimas se acumularam nos cantos dos meus olhos ao pensar em Mamãe e Maverick. E se eu não sobrevivesse? E se eu morresse nessa cama, sozinha e sem ninguém para me socorrer? O terror tomou conta de mim com esse pensamento, e rezei fervorosamente, implorando para que alguém viesse me encontrar.Justamente quando achei que não aguentaria mais, uma batida soou na porta. A esperança voltou ao meu peito. Tentei res
(PONTO DE VISTA DE JARED)Dirigi como um louco, mal esperando os semáforos. Gritando várias desculpas ao ar enquanto atraía buzinas irritadas dos outros motoristas. Eles só precisavam entender, Arielle está em perigo e precisa de socorro. Parecia o novo propósito da minha vida: garantir que Arielle estivesse segura.Fiquei mais do que surpreso ao receber uma ligação de Dwayne. Nenhum de nós tinha motivo para entrar em contato um com o outro, então quase deixei a chamada ir direto para a caixa postal.Rápido, peguei o celular para contatar um médico que eu conhecia de um dos hospitais. Precisava colocar as coisas em ordem para não correr riscos. O número foi direto para a caixa postal já no primeiro toque. Senti minha frustração crescer a cada tom de espera. Mantinha os olhos fixos no telefone e não olhei para frente. Quando finalmente ergui a cabeça, quase bati no carro bem à minha frente.Praguejando entre dentes, pisei no freio com força antes de bater na buzina. Olhei pela janela, p
(PONTO DE VISTA DE JARED)Baixei a cabeça, sentindo um pesar profundo, e quando lancei um olhar furtivo para Dwayne, percebi que ele exibia a mesma expressão sóbria. Justo. Não era o único a enfrentar o peso da repreensão da Sra. Meyers.Tentei dizer algo, ao menos me desculpar pelo nosso comportamento infantil, mas Dwayne se adiantou.— Hm… Vamos pegar um pouco de ar fresco. — Disse ele, com a voz controlada. — Daremos espaço para você e Arielle.Franzi a testa, sentindo o impulso de retrucar e questionar por que ele decidia por nós dois. Mas recuperei rapidamente a calma, respirando fundo ao perceber que ele tinha razão. Somos dois homens adultos, e esse não era o momento de nos confrontarmos. Não quando Arielle estava doente. Devíamos a ela respeito e decoro.Então, assenti para a Sra. Meyers em concordância.— Sim, vamos sair agora.Ela revirou os olhos, nos encarando.— É bom mesmo.Tomamos isso como um sinal e nos viramos simultaneamente para a porta, mas acabamos esbarrando um n
(PONTO DE VISTA DE JARED)Cheguei ao escritório com a intenção de trabalhar um pouco antes de voltar para o hospital. Mas concentrar-me nunca pareceu uma tarefa hercúlea como parecia hoje. Quanto mais tentava focar no trabalho, mais minha mente continuava inquieta. Meus pensamentos voltavam constantemente para Arielle, perguntando-me se ela estava bem. E, outras vezes, vagavam para Oliver, se ele conseguiu pegar o remédio com Sofia.Duas horas depois, sentado atrás do meu laptop, digitando sem muita atenção, Oliver voltou.— Consegui o remédio. — Ele sorriu ao entrar e fechou a porta atrás de si.Endireitei-me na cadeira, minha expressão carregada de curiosidade.— Tão fácil assim? — Perguntei, cético.Ele suspirou e sentou-se à minha frente.— A senhorita Sofia se recusou no começo, nem sequer abriu a porta. — Explicou. — Mas a senhorita Tiana interveio, conversou com ela em particular por um tempo e, de repente, tudo mudou. No minuto seguinte, Sofia saiu sorrindo, com o remédio na mã
(PONTO DE VISTA DE JARED)— Está com tanta pressa para se livrar da gente? — Perguntei a Maverick, erguendo uma sobrancelha enquanto tentava segurar um sorriso.Ele riu, seus olhos brilhando com um toque de travessura.— Talvez. Minha mamãe precisa descansar e não precisa de dois seguranças vigiando ela.Dwayne e eu trocamos olhares confusos. O que esse garoto estava dizendo? Estávamos tentando proteger a mãe dele, não a mantendo presa como uma prisioneira.Como se estivesse nos ouvindo, a Sra. Meyers, que quase cochilava na cadeira, se mexeu e abriu os olhos. Ela se espreguiçou, visivelmente cansada, seu olhar pousou sobre nós.— Está na hora de irem embora. — Anunciou, a voz suave, mas firme. — Vocês precisam ir para casa, se refrescar, trocar de roupa e comer direito. Agradeço por virem, mas preciso insistir que vão.Dwayne e eu protestamos em uníssono.— Estamos bem… — Mas ela ergueu a mão, nos interrompendo.— Falo sério, vocês dois. Não podem pernoitar inteira aqui. Além disso, t
(PONTO DE VISTA DE DWAYNE)Parei no meio do caminho, tomando um momento para absorver a cena diante de mim. Arielle estava sentada na cama, enquanto Jared estava aos pés dela, alimentando-a. Observando melhor o quarto, percebi que não havia sinal da Sra. Meyers nem de Maverick.Onde eles poderiam estar? Mas a cena diante de mim não me permitia focar muito nesse pensamento. Era difícil definir exatamente o que eu sentia naquele momento.O que estava acontecendo diante de mim era a prova de que todos os meus esforços haviam sido em vão. Olhei rapidamente para o pacote de comida em minha mão e, por um instante, quis marchar até Jared e arrancá-lo de perto dela.Era para ser eu ali. Como ele chegou tão cedo? Mais cedo do que eu? Pelo que parecia, eu não era o único que havia planejado voltar ao hospital cedo naquela manhã.Se ao menos aquele engarrafamento no caminho não tivesse acontecido, eu provavelmente não estaria nessa posição. E Jared não estaria ali, se divertindo enquanto me lança
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Virei-me na cama. Meu lado esquerdo começou a doer por ter ficado muito tempo deitado sobre ele. Os sons da manhã flutuavam ao meu redor e, ainda deitada, espiava pela janela aberta. A luz bateu nos meus olhos com tanta intensidade que os fechei de volta, desejando voltar a dormir. Eu estava imensamente grata por estar deitada na minha própria cama, no meu próprio quarto, sob o meu próprio teto, longe do cheiro de desinfectante misturado com um mar de remédios e aromatizantes de ar. Só de pensar nisso, senti náuseas. Isso era bom, estar de volta ao meu quarto era bom.Mas, pelo visto, o destino tinha outros planos, porque, quase no instante em que me acomodei para mais uma rodada de sono, o som da campainha ecoou pela casa, dissipando o pouco de tranquilidade que tentava saborear.A campainha não parou, não importa o quanto eu tentasse ignorá-la e fingir que não existia. Soltei um suspiro fraco, tirei os cobertores de cima do meu corpo. Com algum esforço, ba