Capítulo 4
Procurou o controle remoto para acender as luzes, Sophia ligou a iluminação e, em seguida, buscou algo à mão para apagar, uma a uma, as velas.

Achou o pijama no guarda-roupa e foi tomar banho.

Ao entrar no banheiro, notou, sem querer, que ainda usava o anel na mão esquerda. O tirou e o jogou em um canto do armário de acessórios.

Quando saiu do banheiro, sacudiu todas as pétalas que estavam na cama para o chão, se cobriu com o edredom e dormiu.

Como de costume, se deitou no lado esquerdo da cama, onde Davi sempre a abraçava de perto. Aos poucos, ele se movia para o lado esquerdo com ela, deixando um grande espaço vazio na cama. Olhando para o lado direito, viu aquele espaço vazio que a incomodava; então, moveu seu corpo para o meio da cama e jogou o travesseiro extra no chão. Assim, se sentiu mais confortável.

Apagou a luz e foi dormir.

Por dois dias seguidos, não recebeu nenhuma mensagem de Davi. Ele provavelmente estava no hospital com Valentina, ou talvez estivesse trabalhando.

Sophia também não se importou e não enviou nenhuma mensagem para ele, deixando a comunicação totalmente interrompida.

A manhã estava ensolarada, com uma brisa suave de primavera. Sophia descansava tranquilamente na cadeira de balanço no pátio da mansão, com uma máscara facial no rosto.

Enquanto relaxava, pensava em várias coisas. Nos últimos dias, encontrou o contrato de relacionamento assinado três anos atrás, que dizia que o acordo terminaria automaticamente ao final de três anos.

Faltavam menos de quatro meses para o fim do prazo, e, ao término, ela receberia um valor de cem milhões.

Além disso, com o dinheiro de bolso e os presentes de datas comemorativas que Davi havia dado ao longo dos anos, ela havia acumulado cerca de trinta milhões. Como quase não teve oportunidade de gastar, conseguiu guardar tudo.

Pelo visto, podia se considerar uma pequena rica. Depois de partir, poderia encontrar um trabalho e viver bem, sem grandes dificuldades.

Quanto à moradia, bastaria comprar um lugar de tamanho razoável e chamar Letícia para morar junto. Assim, teriam companhia uma para a outra.

A única pena era não poder levar Lívia. Se pudesse levá-la, seria perfeito.

O celular em cima da mesa tocou, interrompendo seus pensamentos. Ela pegou o aparelho, o desbloqueou com a digital e viu uma nova mensagem na tela. Sophia abriu.

Era uma mensagem de sua amiga Letícia.

As duas se conheceram um ano atrás, enquanto faziam compras no shopping. Depois de se verem uma vez, Letícia insistiu que queria ser amiga dela.

Sophia, sem muitas lembranças e sem amigos próximos, acabou aceitando. Como as duas se davam bem, gradualmente se tornaram confidentes.

[Como foi a diversão com o cara lá no País M? Quando vai voltar?]

A mensagem acompanhava um sticker com uma expressão de riso malicioso.

[Já voltei.]

[Já voltou? Tão rápido?]

[O Davi parece bem fortão... Como é que foi rápido assim? Não é lá essas coisas, né!]

[Que nada, não tem força, nem disposição.]

Sophia aproveitou para amaldiçoar Davi.

Do outro lado da tela, Letícia levantou as sobrancelhas, pensando que Davi claramente havia irritado seu "docinho".

Ela não deu muita importância. Os dois já haviam brigado antes; casais são assim mesmo, brigam e depois se reconciliam.

[Que bom que voltou. Daqui a pouco estou indo ao Portal da Moda para dar uma renovada no guarda-roupa. Depois das compras, podemos comer um churrasco. Vamos juntas?]

[Claro, nos encontramos direto no shopping.]

Sophia aceitou sem hesitar. Nos últimos dias, havia separado e eliminado todas as roupas de estilo juvenil e fofo que não gostava mais. Com o guarda-roupa vazio, estava na hora de repor.

Largou o celular e lavou a máscara do rosto.

Olhou para o guarda-roupa, onde restavam poucas roupas, escolheu um conjunto esportivo casual, fez uma maquiagem leve e simples e se preparou para sair.

— Lívia, combinei de sair para fazer compras com uma amiga. Vou almoçar fora.

Sophia pegou a bolsa e se preparou para sair.

— Srta. Sophia, vai jantar em casa hoje à noite? — Lívia, que estava coordenando os empregados na limpeza, veio perguntar ao ouvir a voz dela.

Sophia, enquanto se abaixava para trocar de sapatos, se lembrou do jeito imprevisível de Letícia. Fazia um tempo que não se viam, então talvez realmente não voltasse para o jantar.

— Não sei. Vou te mandar uma mensagem se eu for voltar.

— Certo.

Quando abriu a porta, o assistente de Davi, Bryan, estava prestes a bater.

— Assistente Bryan. — Cumprimentou Sophia com indiferença, tentando passar por ele para sair.

— Srta. Sophia, o presidente vai viajar a trabalho hoje, com o voo marcado para o meio-dia. Poderia fazer o favor de organizar a bagagem dele antes de sair? — O assistente Bryan mantinha sua postura respeitosa de sempre.

Sophia ficou parada e não se mexeu.

— Lívia, o Davi vai viajar. O ajude a arrumar a bagagem.

— Srta. Sophia, mas...? — Bryan parecia confuso.

— O que foi? Antes de mim, por acaso, o Davi não tinha ninguém para arrumar as malas dele? — Ela respondeu com frieza, sem expressão.

— Nada, Srta. Sophia. Tem razão. — Bryan respondeu com um toque de nervosismo, enxugando o suor da testa, sem ousar desagradar nenhum dos lados.

Normalmente, era ela quem organizava a mala de Davi para suas viagens a trabalho. Depois de tantas vezes fazendo isso, ela já sabia exatamente que roupas ele precisaria para cada ocasião.

Mas agora, ela não queria mais arrumar nada para ele. Ser enganada, sendo apenas uma substituta... Sempre que ele a via preparando sua bagagem, provavelmente achava graça e a considerava ingênua.

Três anos. Pensando bem agora, havia muitos sinais estranhos no comportamento e no olhar de Davi. Ela nunca sequer suspeitou. Era realmente uma idiota.

Daqui em frente, ela não seria mais tão estúpida.

Sophia queria sair imediatamente, mas o assistente Bryan estava bloqueando a passagem. Sem alternativa, ela pediu a Lívia que fosse rápida.

Lívia arrumou a mala rapidamente e a entregou a Bryan, que esperava na sala de estar.

— Assistente Bryan, está tudo pronto.

Ao ver a mala diante de si, Bryan checou o relógio. Tinham-se passado apenas dez minutos. Foi rápido demais.

— Lívia, está tudo arrumado? Quer conferir para ver se não esqueceu nada? — Bryan perguntou com cautela.

Sophia, sem expressão, respondeu antes que Lívia pudesse falar.

— O voo é ao meio-dia, não é? Se ficar enrolando, vai acabar se atrasando. E se faltar alguma coisa, ele pode comprar lá, não é?

Ela olhou para o relógio, um pouco impaciente.

Se ficasse enrolando mais, Letícia acabaria ficando impaciente também. E aí, chegariam no shopping direto para almoçar, sem tempo para fazer compras primeiro. Depois de almoçar, com o estômago cheio, seria menos confortável experimentar roupas.

— A Srta. Sophia está certa. Vou direto para o escritório buscar o presidente. — Bryan se despediu com um sorriso.

Sophia assentiu e seguiu na direção oposta até o estacionamento subterrâneo, onde escolheu um discreto BMW branco e saiu dirigindo.

O assistente Bryan carregou a mala até o lado de um discreto Maybach preto, estacionado à beira da estrada. Colocou a bagagem no porta-malas e depois entrou no banco do passageiro.

O motorista era Gabriel, o segurança particular.

O carro partiu, mas em vez de ir para o aeroporto, seguiu em direção ao Hospital Luz do Atlântico.

— Quanto tempo falta para o contrato de Sophia terminar? — A voz de Davi estava calma, sem qualquer emoção, como se estivesse tratando de um contrato comum da empresa.

O assistente Bryan entendeu que o presidente estava falando com ele e, após lembrar a data de assinatura, respondeu:

— Faltam menos de quatro meses.

— Prepare um novo acordo e envie para ela quando o prazo acabar. — Sophia esteve com ele por três anos. Gastar um pouco de dinheiro para sustentá-la não seria problema, mas ele não pretendia mais tocá-la, nem voltar a frequentar o Esplendor do Sol.

Ao se lembrar da cena que presenciara no corredor do hospital dias atrás, Davi acrescentou sem pensar duas vezes:

— Inclua uma cláusula no acordo dizendo que ela nunca deve aparecer na frente de Valentina.

O assistente Bryan ficou surpreso por um momento, mas, seguindo seu instinto profissional, se recuperou rapidamente e assentiu:

— Certo.
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