Marcus havia se tornado um homem diferente.Nos últimos dois meses, ele transformara mágoas em disciplina, raiva em autocontrole, e saudade em combustível. Mantinha firme sua rotina de trabalho — chegando cedo à sede das Queijarias Castelão, resolvendo pendências com foco clínico, liderando reuniões, fechando acordos. Era admirado por funcionários e parceiros pela nova postura.E, toda sexta-feira à tarde, religiosamente, comparecia à sessão com sua psicóloga. O consultório era aconchegante, com poltronas de veludo verde-musgo, livros de filosofia, e janelas amplas que deixavam o sol filtrar pelos vitrais.— A dor ainda está aí? — ela perguntava.— Sempre — respondia. — Mas agora eu a escuto. E lido com ela. Não fujo mais.Naquela noite, Marcus estava jantando com seus pais no Le Grand Terrasse, um restaurante francês sofisticado, à luz de velas, com vista panorâmica da cidade. O ambiente era um misto de elegância e discrição. Músicos tocavam piano ao vivo. O aroma de ervas finas e mo
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