O quarto dia da viagem amanheceu com céu limpo e vento fresco. O cheiro do mar misturado ao aroma suave das flores do jardim envolvia todo o resort como um perfume natural. Eveline já estava de pé quando Beatriz pulou em sua cama com os cabelos emaranhados e sorriso ainda sonolento.— Tia Eveline! O papai disse que vamos passear na feirinha hoje!Eveline riu, envolvendo a menina nos braços.— Então vamos escolher uma roupa bem bonita, pra você brilhar por lá.Pouco tempo depois, todos estavam prontos para sair. Daniel optou por uma camisa jeans de manga curta, parcialmente aberta no colarinho, calça de sarja areia e mocassins. O relógio de couro marrom e os óculos escuros completavam o visual charmoso e casual. Lucas usava uma camiseta vermelha com bermuda jeans, e Beatriz, um vestido azul-claro com babados e sandálias de glitter dourado.Eveline vestia uma saia longa bege com fendas discretas, uma blusa de linho branca com botões perolados e um colar de pingente delicado. Os cabelos
O último dia da viagem começou com um nascer do sol tímido, entre nuvens finas que pintavam o céu de tons suaves de coral e lilás.Eveline já estava de pé antes mesmo dos primeiros raios surgirem no horizonte. Usava uma camisola longa de algodão branco, com renda delicada no busto e um cardigã leve cinza-claro, cobrindo os ombros. Descalça, caminhou devagar até a varanda da suíte. A brisa da manhã lhe arrepiou a pele, e o cheiro do mar era mais fresco do que nunca — como um adeus sussurrado pela natureza.Segurava uma xícara de chá morno nas mãos. A barriga já pesava mais, os movimentos do bebê estavam mais fortes e frequentes. Sentia-se diferente. Mais mulher. Mais mãe. E, de certa forma, mais dona de si.Estava tão imersa no momento que não ouviu os passos leves que se aproximavam por trás.De repente, dois braços a envolveram pela cintura, num gesto inesperado, mas estranhamente natural. Daniel a abraçou por trás, colando o peito às costas dela com cuidado, as mãos abertas sobre su
O táxi preto estacionou suavemente diante dos portões altos da casa de Daniel. As janelas refletiam os tons dourados do entardecer, e uma brisa morna agitava levemente as folhas do jardim. Haviam voltado da viagem no fim da tarde anterior, e agora, com as malas já desfeitas e os chinelos de praia guardados, a casa parecia respirar fundo... retornando ao ritmo do cotidiano.As crianças correram para os próprios quartos assim que entraram, felizes por reverem seus brinquedos e camas. Beatriz logo abraçou sua boneca favorita com força, como se não a visse há meses.Eveline, de pé na porta do quarto das crianças, observava com um sorriso silencioso. Já vestia seu conjunto de moletom rosa-claro com tênis branco, e os cabelos, presos num coque prático, traziam de volta aquela versão dela que vivia para cuidar, mesmo cansada.— Amanhã é dia de escola, pequenos — anunciou, em tom maternal. — Vamos separar os uniformes e deixar as mochilas prontas.Lucas gemeu um “ahhh, não…” enquanto Beatriz
A música de fundo era jazz. Baixo, envolvente, quase uma carícia nos ouvidos.O salão da galeria Kármico, no centro da capital, pulsava em tons de dourado, branco e vinho tinto. As paredes, nuas e limpas, serviam de moldura para quadros abstratos e fotografias em preto e branco. As pessoas circulavam com taças nas mãos, vozes contidas, olhares treinados para avaliar mais do que admirar.Marcus ajustou os punhos do blazer azul-escuro sobre a camisa branca e deu um passo para dentro. O cabelo levemente bagunçado, a barba por fazer e os sapatos pretos de couro inglês o tornavam o centro das atenções mesmo sem esforço.— Achei que você ia fugir de novo — disse Leonardo, surgindo ao lado dele com um copo de gin. — Precisa relaxar, meu caro. Arte e vinho fazem maravilhas por almas partidas.— Só estou acompanhando o anfitrião da noite — respondeu Marcus, sem ironia. — E tentando não pensar demais.— Isso é novo. Você sempre foi o que pensa demais.— E olha onde isso me trouxe.Leonardo apon
Do lado de fora, o céu nublado pintava a cidade em tons de prata. A brisa era úmida, com cheiro de terra e asfalto molhado. Em um bairro sofisticado, cercado por lojas de grife e livrarias silenciosas, o Café Grão e Alma se destacava pelo charme discreto — fachada de madeira escura, janelas amplas e cortinas finas de linho branco.Marcus chegou primeiro.Vestia uma camisa preta de linho com botões abertos no colarinho, calça cinza escura de alfaiataria e mocassins de couro. O cabelo levemente bagunçado denunciava que ele não havia se esforçado muito para parecer elegante — era natural. Pedia um espresso duplo quando viu, pelo reflexo da vitrine, Giovana se aproximar.Ela vestia um macacão bege com tecido fluido, amarrado na cintura com um cinto fino, e um trench coat claro caía pelos ombros como se tivesse sido colocado ali por acaso. Os cabelos soltos, e os olhos escondidos por óculos de sol redondos com armação dourada.— Espero não estar atrasada — disse, tirando os óculos com um m
Era sábado, fim de tarde. A cidade começava a mudar de ritmo, e o céu, em tons de dourado e azul profundo, anunciava que a noite traria uma brisa fresca.Marcus estacionou diante de um pequeno bistrô escondido no meio da zona boêmia da cidade. O lugar parecia um segredo bem guardado — fachada de tijolinhos vermelhos, floreiras penduradas nas janelas, uma lousa à porta com letras tortas escritas em giz: “Jazz ao vivo, vinhos naturais e zero drama.”Ele sorriu sozinho ao ler.Giovana o havia convidado por mensagem, com a frase: “Hoje quero te ver rindo. Não me decepcione, Castelão.”Ela estava sentada em uma mesinha externa, sob a sombra de uma jabuticabeira. Usava um macacão vinho de tecido leve, cabelos presos em um coque desleixado, e tênis branco. Nada muito produzido — e ainda assim, impossível de não notar. Quando o viu, ergueu uma taça de vinho laranja como se brindasse ao acaso.— Chegou o príncipe do queijo — brincou. — Já posso pedir o prato mais caro do cardápio?— Se você
O calor do fim de tarde filtrava-se suavemente pelas cortinas de linho do quarto de Eveline. Ela estava sentada em sua poltrona preferida da varanda, vestindo um vestido de algodão florido, com os cabelos presos em uma trança frouxa que caía sobre o ombro. A barriga, agora grande e firme, denunciava que o sétimo mês de gestação havia chegado com toda a plenitude de uma nova vida crescendo dentro dela.Daniel a observava de longe com ternura. Estava no jardim, conversando com Marta, a governanta, que discretamente coordenava os últimos detalhes daquilo que ele planejava há semanas: o chá de fraldas surpresa para Eveline.Clara e seu namorado, André — um jovem médico residente em ortopedia, gentil e bem-humorado — haviam chegado mais cedo para ajudar com a decoração. Os funcionários da mansão, que haviam criado um laço sincero com Eveline ao longo dos meses, também se engajaram com alegria.O salão de festas da mansão foi transformado em um espaço encantado, decorado com balões em tons
O som do ar-condicionado da recepção era quase imperceptível. A decoração da clínica Avelar, moderna e acolhedora, exalava tranquilidade. Quadros de paisagens suaves nas paredes, vasos com orquídeas brancas, luzes amareladas e música instrumental suave. Mas nada disso apaziguava a tempestade dentro de Marcus Castelão.Sentado, vestindo camisa preta e calça de alfaiataria escura, com o maxilar travado e as mãos fechadas em punhos sobre os joelhos, ele aguardava ser chamado.— Senhor Castelão? — disse a recepcionista com um leve sorriso. — Doutor Daniel já pode recebê-lo.Marcus levantou-se devagar, como se carregasse chumbo nos ombros. Caminhou pelo corredor até o consultório onde a porta de madeira clara já estava entreaberta.Lá dentro, Daniel Avelar organizava prontuários sobre a mesa. Vestia jaleco branco sobre uma camisa social azul clara. Quando viu Marcus, ergueu o olhar com surpresa controlada.— Marcus... — disse ele, fechando a pasta com calma. — Achei que fosse um paciente.