O relógio da parede parecia zombar dela. Os ponteiros avançavam com lentidão excruciante para a noite, enquanto Samanta sentia cada segundo reverberar sob a pele como uma corrente elétrica. Quando o ponteiro bateu às nove horas, ela respirou fundo, estava a poucas horas de nascer como uma nova mulher, em sua estreia na Masmorra Diè, como a Pérola Negra. Lentamente, começou a se maquiar. A base suave, contorno discreto, e, por fim, os olhos. Com um pincel fino, estendeu a sombra preta fosca por toda a área que ficaria exposta entre as fendas da máscara, garantia de mistério absoluto. Olhou seu reflexo, vendo ali a promessa de Pérola Negra, e permitiu-se um breve sorriso nos lábios marcados pelo vinho vibrante que contrastava com seus dentes brancos. Pensou em Alberto e em sua caneca de vaquinha: presente singelo que, paradoxalmente, lhe dera mais coragem do que qualquer joia luxuosa. Ela andava pela casa em silêncio, descalça, sentindo o chão frio sob os pés, o corpo envolto apen
Leer más