O olhar de Eduardo colidiu com o de Ricardo, sempre carregando uma provocação velada.Os sentimentos de Ricardo por Catarina, sem retorno, eram exatamente o que mais irritava Eduardo.A emoção descontrolada, sem resposta, continuava distorcendo o seu coração.Todos os pensamentos mais baixos de Ricardo despertaram.— O Sr. Albuquerque chegou tarde. — Eduardo aproveitou o momento para soltar uma risada fria. — Não conseguiu encontrar a Catarina? Ela já foi embora. Essa noite foi mesmo um espetáculo. O Sr. me permitiu ver com meus próprios olhos que ela não o escolheu. No fim das contas, o palhaço era o senhor.— Hah... Como assim ela não me escolheu? Ela também não escolheu você. E você tem coragem de vir aqui se gabar? — Ricardo mostrou frustração, seus olhos queimavam com a raiva provocada. — Talvez o Sr. Souza não entenda a relação entre mim e a Catarina. Ela não vai te dar chance. Ninguém pode ocupar o lugar que eu tenho no coração dela.— Sr. Albuquerque, não dá pra reconquistar al

Assim que chegou em casa, Catarina começou a ter febre. Beatriz cuidou dela durante toda a noite.Pela manhã, ela recebeu uma ligação sobre a reforma do estúdio, e saiu às pressas.Catarina acordou ainda sonolenta e viu o bilhete deixado ao lado da cama."Querida, já coloquei o chip no celular novo. O antigo molhou e não liga mais. Se for importante, tenta consertar."Catarina olhou para o celular antigo.Felizmente, ela sempre teve o hábito de fazer backup dos dados importantes.Agora, o que restava eram apenas alguns históricos de conversa.Nada importante.Ela ainda guardava o celular da época da escola, ali estavam as mensagens trocadas com seu pai.O celular antigo foi jogado de lado, dentro de uma gaveta.Depois de se arrumar, Catarina ainda se sentia tonta, com o nariz entupido.Voltou para a cama e, usando o celular novo, fez login no Whatsapp.Naquele momento, recebeu uma nova mensagem.Era de Leonardo Cortez."Srta. Catarina, mandei mensagem ontem à noite e você não respondeu

Catarina pegou a tigela.Com o nariz entupido, não conseguia sentir o cheiro, apenas o calor da comida.— Obrigada.O médico estava ali, fazendo os exames com toda atenção.Naquele momento, Leonardo sentou-se em frente a ela, com uma expressão ligeiramente constrangida:— Srta. Catarina, sei que você está doente, e talvez não seja o melhor momento pra dizer isso...Catarina levantou os olhos, um tanto confusa.— Todos os anos, no aniversário do meu avô, o presente que ofereço chama bastante atenção. Por isso, essa escultura em jade é muito importante pra mim. Espero que você esteja no seu melhor estado para trabalhar nela.A preocupação de Leonardo vinha com uma mensagem indireta.Catarina chegou a pensar em outras coisas, mas ao ouvir a cobrança do cliente, acabou relaxando.— Essa peça também é muito importante pra mim, Sr. Cortez. Pode ficar tranquilo, não vou ficar doente por muito tempo.— Que bom. Srta. Catarina, coma um pouco então. — Leonardo relaxou, e nos seus olhos passou um

Foi a primeira vez que Catarina aceitou o convite.Esses dias, sua recuperação foi rápida, mérito também dos cuidados de Beatriz.…Ricardo passou os últimos dois dias inquieto.Talvez por causa da provocação de Eduardo, começou a se arrepender de ter empurrado Catarina na piscina.Depois, até pensou em procurá-la para se desculpar, mas nunca achava o momento certo.Mas, no fundo, ele achava que aquilo não tinha sido inteiramente culpa sua.Ele usou Inês para provocar ciúmes. Catarina, por sua vez, usou Eduardo com o mesmo propósito. Estavam quites.E, na visão dele, o que aconteceu naquela noite só reforçava que Catarina ainda se importava com ele.Naquele momento, Inês bateu à porta, entrando com uma pasta na mão.— Sr. Ricardo, a Universidade Pedagógica nos convidou para participar do evento de aniversário da escola. Querem agradecer à família Albuquerque pelos investimentos. Queria pedir dois dias de folga para ir mais cedo e ajudar nos preparativos.Hoje, o visual de Inês era cuid

Ricardo realmente queria ver Catarina nesses últimos dois dias.Mas nunca imaginou que seria nesse tipo de situação.Na quadra, a luz do sol batia suavemente.Catarina parecia ter voltado aos tempos de estudante.Ela não tinha apenas uma boa origem e personalidade, também era muito querida na faculdade. Mas quase não tinha amigos homens.Apenas os rapazes que gostavam dela, e mesmo assim, nenhum ousava se aproximar. Isso porque, por causa dele, ela sempre mantinha distância.Naquela época, ele ficava ao lado de Catarina o tempo todo. Nenhum pretendente chegava perto.Mas agora, ela estava cercada por um grupo de jovens exibicionistas, mostrando o corpo de propósito, cheios de vulgaridade.Todos eles pareciam pavões abrindo as penas, olhando para ela com olhos descaradamente famintos.— Sr. Albuquerque?O reitor notou que Ricardo havia parado de repente.Naquele instante, os olhos de Ricardo se estreitaram com perigo. Ele conhecia bem Catarina e sabia que ela não gostava desse tipo de e

De repente, Ricardo saiu andando sem pensar duas vezes.— Sr. Albuquerque, está tudo bem entre o senhor e a Srta. Catarina?O vice-reitor ouviu o barulho e saiu do escritório para perguntar.Ricardo foi obrigado a parar.Ao se virar, algo lhe veio à mente:— Catarina estava indo para a secretaria agora há pouco? Quase me esqueci, ela foi secretária minha por três anos. Está bem familiarizada com nossas ações filantrópicas. Deve ter vindo aqui sabendo que eu participaria da cerimônia, e ficou esperando para me ver.— Hã?O vice-reitor ficou sem reação, tentando explicar:— A Srta. Catarina veio perguntar sobre...— Eu sei que ela veio perguntar por mim. — Ricardo o interrompeu.Já tinha sua própria versão na cabeça, e disse generosamente:— Não tem problema. Não vou responsabilizar a escola por vazar informações sobre a minha agenda.O vice-reitor hesitou. Devia contar ou não?A Srta. Catarina claramente veio por causa do evento cultural.— Sr. Albuquerque, por que não terminou a visita

No dia seguinte.Catarina Vasconcelos chegou dirigindo a uma cafeteria.Os funcionários a reconheceram e a cumprimentaram com familiaridade.Catarina colocou o avental e entrou, começando a torrar grãos de café por conta própria.O aroma denso de café no ar deixava o humor mais leve."Catarina, podemos nos ver?""Sou o Thiago Ribeiro."Catarina já imaginava o motivo pelo qual ele queria encontrá-la.A diferença era que Thiago também era seu amigo.Pouco depois, Thiago chegou à cafeteria.Catarina estava segurando uma xícara, experimentando o sabor do café.Quando ele a viu...Ela usava o cabelo preso num rabo de cavalo, moletom e jeans. Sem maquiagem, sem acessórios.— Catarina, faz tempo que não nos vemos... você está diferente.Ela sorriu e respondeu com outra pergunta:— Mudança boa ou ruim?Diante disso, Thiago não conseguiu mentir.Catarina estava ainda mais radiante, com um ar de leveza que vinha de dentro.— Está usando o avental da casa? É sua a cafeteria?— Não, só estou cuida

— Gerente, posso pedir um café feito com os grãos torrados pela Catarina? Pago a mais, se for preciso.O gerente deu uma olhada. Ainda restava um pouco dos grãos que não haviam sido embalados.— Que tipo de café deseja?— Um americano gelado.Pouco depois, Thiago Ribeiro saiu com o café em mãos e dirigiu seu carro esportivo até o Grupo Albuquerque.…Grupo AlbuquerqueQuando Thiago chegou, Ricardo não estava no escritório.— Sr. Ribeiro, deseja algo? O Sr. Ricardo está numa reunião e deve demorar um pouco.— Nada demais. Este café é pra ele.Esse era o jeito despreocupado de Thiago demonstrar seu apoio.Momentos depois, quem chegou primeiro foi Inês Rainha.Ela carregava várias xícaras de café compradas fora.— Srta. Inês, este café foi entregue agora há pouco pelo Sr. Ribeiro. É para o Sr. Ricardo.— Ah, eu sei. — Inês pegou a xícara e deu uma olhada.Na verdade, ela não entendia. Nunca tinha ouvido falar do nome daquela cafeteria. Como poderia ser melhor do que os cafés caros que ela

Catarina dirigiu direto para o estacionamento subterrâneo.Gabriel Nunes já a aguardava, e liberou o acesso ao elevador VIP.— Srta. Catarina, o Sr. Cortez pediu que eu a recebesse.— Obrigada.Catarina segurava uma sacola de papel e, de repente, pensou que talvez estivesse fazendo um gesto exagerado para um presente tão simples.Do outro lado…Grupo Cortez, saguão do térreo.Ricardo Albuquerque esperava o elevador.Naquele momento, o elevador usado por Catarina chegou ao primeiro andar.Houve um bip, as portas se abriram lentamente.Ricardo olhou, mas o elevador estava vazio.O elevador VIP não parou no térreo. Subiu direto até o escritório presidencial.Catarina e Ricardo não se encontraram naquele momento.Quando Ricardo entrou no elevador, viu Eduardo Souza se aproximando.— O Sr. Souza chegou rápido.— Fazer o quê? A família Souza não tem muitas vantagens. E hoje o Sr. Albuquerque não trouxe a Srta. Inês?Eduardo não economizava nas alfinetadas.Dentro do elevador, os dois já troc

— Está bem, eu te levo.Leonardo se levantou para acompanhar Catarina.Nesse momento, Ricardo saiu para atender uma ligação.Ao ouvir uma voz ao longe, seu olhar periférico captou a porta do elevador VIP se fechando.Primeiro viu a silhueta de Leonardo, depois…Num instante, lhe pareceu ver Catarina?Mas quando Ricardo se aproximou, o elevador já estava descendo.Deve ter se enganado.Catarina… como poderia estar na casa da família Cortez?— Sr. Albuquerque, desculpe a demora. — Leonardo, ao vê-lo, estreitou os olhos de leve.— Sobre o projeto da licitação, vamos conversar na sala de reuniões.Mencionando o assunto principal, Ricardo se recompôs e não pensou mais nisso.Agora, Ricardo e Eduardo estavam sentados na sala de reuniões.As pastas haviam sido entregues, e Hugo Leal já estava adiantando a conversa.Leonardo, por sua vez, foi até a copa.Lá encontrou a sua secretária preparando café.Entregou a ela um pacote com grãos de café e fez uma observação:— A partir de agora, quero qu