O vento assobiava entre as tábuas do estábulo, carregando o cheiro de feno seco e terra molhada. Victor encostou-se numa pilastra de madeira, olhando fixamente para Saulo antes de começar a falar. Sua expressão era dura, carregada de emoções contidas.— Não sei se você está lembrado dessa história, mas era uma vez dois garotos que perderam os pais em um acidente. Eles estavam começando a vida em um novo país, sem conhecer ninguém, sem ter a quem recorrer. Eram apenas dois rapazes e, de repente, se viram num orfanato, sem futuro, sem saída. — Victor tomou um gole de sua bebida e observou Saulo, que ouvia em silêncio. — O irmão mais velho, prometeu que sempre cuidaria do mais novo. Mas veja só o que aconteceu. — Ele riu, com um tom amargo. — O tempo passou e, um dia, o mais velho foi embora, sem explicações. Simplesmente desapareceu, abandonando o outro.Saulo ergueu os olhos, tentando argumentar:— Eu não podia fazer nada, Sérvio. Eu não tinha para onde ir, não tinha como sustentar nós
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