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Todos os capítulos do A Casa dos Segredos : Capítulo 11 - Capítulo 20
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11 - Palavras Não Ditas
Os dias foram passando, e a melhora de Julia era evidente. Seu corpo se fortalecia a cada dia, mesmo que sua memória ainda não tivesse voltado.Movimentos simples, como pentear o cabelo e levar a comida à boca, que antes pareciam impossíveis, agora eram parte de sua rotina. Cada pequena conquista era celebrada.— Em breve, você terá alta, mas precisará continuar com a reabilitação — disse o doutor Cole.— Aluguei uma casa aqui perto. Achei que seria o melhor para ela — respondeu Otto.— Isso vai ajudar muito! — Cole se aproximou e apertou a mão de Otto. — Vocês não precisam mais de mim, mas, mesmo assim, virei vê-la de vez em quando. Otto, sua dedicação faz toda a diferença.— Ela é o que eu tenho de mais precioso, Cole — disse Otto, com firmeza.O doutor Cole saiu do quarto, mas o dia continuou trazendo visitas para Julia. Entre elas, os policiais Black e Wilson. Dessa vez, a postura deles parecia diferente — mais amigável, talvez até mais receptiva.— Bom dia — disseram os dois ao e
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12 - Desconfiança nas Entrelinhas
— Eu não sabia como contar… Fiquei pensando o tempo todo em como você reagiria — Otto disse, entrando no quarto, a voz carregada de hesitação.Julia, tomada pela raiva e pela dor, atirou o livro que estava em seu colo para longe, fazendo-o cair no chão com um som seco.— Eu quase morri, Otto! Por causa de um bêbado desgraçado! — Ela não conseguiu esconder a frustração que transbordava.Ele se aproximou, a expressão de preocupação crescendo, tentando encontrar palavras que a acalmassem.— Julia, por favor, se acalme. Eles estão presos. Já estão pagando pelo que fizeram...Ela o interrompeu, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto as palavras saíam com a dor de uma ferida aberta.— Eu quase morri, Otto! Eu quase morri! Você sabe disso!Otto, sem saber o que mais dizer, sentou-se na cama e a puxou para um abraço, tentando envolver a dor dela com seu próprio corpo, desejando que pudesse fazer tudo desaparecer.— Me desculpe, você devia saber por mim... — Otto disse, a voz carregad
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13 - A Dor do Esquecimento
Julia ligou a TV e tentou se distrair com a programação, mas a inquietação crescia. Começava a achar que Otto não voltaria mais ao quarto. O cansaço, no entanto, venceu suas preocupações, e ela acabou pegando no sono enquanto esperava.Um tempo depois, despertou. Piscaram algumas vezes antes de perceber que Otto estava ali, sentado na poltrona, com os olhos fixos no notebook.Ela o observou em silêncio. O rosto fino, a pele clara, os olhos azuis atentos à tela. O nariz afilado e os lábios pequenos, porém bem desenhados. A barba por fazer lhe dava um ar despreocupado, mas não o deixava menos bonito. Os cabelos castanhos claros estavam penteados para o lado, sempre alinhados. Alto e forte, parecia cuidar bem da saúde.Otto tirou os olhos do notebook e os fixou em Júlia, que ainda o observava. O silêncio entre eles se alongou, carregado de algo que nenhum dos dois conseguia nomear. Então, Julia decidiu desabafar.— Não sei se estou ficando louca ou sendo injusta com você. — Baixou o olha
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14 - Nos Pequenos Gestos
Otto passou mais uma noite ao lado de Julia. Mostrou fotos, relembrou passeios, festas e momentos especiais que compartilharam. Falou também sobre Zoe—seus olhos brilhavam ao mencionar a garotinha, e isso tocou Julia de uma forma que ela não soube explicar.Ainda hesitante, ela tentou manter certa distância, mas as palavras da enfermeira ecoavam em sua mente. Estava sem memória, e a única pessoa ao seu lado era Otto. Confiar nele parecia ser sua melhor opção.Aos poucos, permitiu que ele se aproximasse. Havia algo reconfortante em seu toque suave, cuidadoso, como se quisesse protegê-la de tudo.Julia passou a observá-lo melhor. Não seu físico, mas seu jeito. Otto era carinhoso, atencioso. Quando falava sobre os momentos que viveram juntos, seus olhos se iluminavam, e dava para sentir, em cada palavra, o que ele sentia por ela. Isso a deixou sem jeito—não se lembrava de nada, e seus sentimentos eram uma completa bagunça.Quando mencionava a filha,
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15 - Lar, Doce Lar
Não demorou para o dia amanhecer, e logo a rotina do hospital começou.Otto passou o dia ao lado de Julia, mas à noite ia embora. Assim os dias foram se repetindo.Julia estava se recuperando bem. A reabilitação era difícil, mas ela não desanimava. Os médicos haviam avisado que seria um processo doloroso e desafiador, mas, apesar da dor e da falta de ânimo em alguns momentos, ela continuava firme, focada em sua melhora.As semanas se passaram, e Julia já estava acostumada à rotina e às pessoas do hospital. Seu laço de amizade com Pérola crescia, assim como com outros pacientes e funcionários.Otto permanecia ao lado dela. Nos dias mais difíceis, a encorajava, incentivava e acolhia. Sempre a presenteava — fosse com flores, chocolates ou pequenos mimos — para animá-la e tornar o processo um pouco mais leve.A cada dia, Julia se sentia mais querida e amada por ele, e, pouco a pouco, novos sentimentos começaram a surgir.No início, t
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16 - O Toque Suave do Começo
Otto riu, saiu do carro, abriu o porta-malas e pegou a cadeira de rodas, posicionando-a em frente à porta. Em seguida, voltou, pegou Julia no colo e a carregou até a entrada, acomodando-a na cadeira antes de abrir a porta.Julia esticou o pescoço para espiar dentro da casa. Percebendo isso, Otto escancarou a porta e saiu da frente dela de propósito, divertido.— Meu Deus, você é muito curiosa! — disse, rindo.— Eu posso ver lá em cima?— Julia, você nem entrou na casa ainda, calma! — Ele riu e começou a empurrar a cadeira para dentro.Logo na entrada, um corredor estreito se estendia, coberto por uma passadeira branca que contrastava com o chão de carvalho polido, cujas tábuas reluziam sob a luz suave. Um lustre redondo, de cristal e estilo clássico, pendia do teto, criando um brilho acolhedor, enquanto um armário de madeira escura ficava repousado em um canto, com portas esculpidas e prateleiras organizadas.À medida que se avan
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17 - Pesadelo à Vista
Otto deslizou a mão pela perna de Julia, por baixo do vestido, aprofundando o beijo. Ela correspondeu, entregando-se ao toque dele. O desejo entre os dois era evidente, mas, antes que avançasse mais, Julia o deteve com suavidade, afastando-se apenas o suficiente para recuperar o fôlego.— Os vizinhos não podem nos ver assim — sussurrou com um sorriso contido.Otto exalou pesadamente.— Desculpa…— Não se desculpe.Ele a olhou nos olhos, a frustração misturada ao carinho.— Faz tanto tempo…Julia deslizou os dedos pelo rosto dele, tranquilizando-o.— Eu sei. Mas vamos com calma.Julia não queria ir com calma. Muito menos Otto. Mas, mesmo relutantes, decidiram parar por ali.Otto a levou para o andar de baixo, acomodou-a no sofá e lhe entregou o controle remoto.— Melhor eu ir preparar o jantar — disse, já se afastando.— Por que não pedimos pizza? Assim você fica livre da cozin
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18 - Recomeços
Julia foi se acalmando aos poucos. A presença de Otto a tranquilizava. Depois de um pesadelo pavoroso, era reconfortante ver alguém familiar ao seu lado.Ela pensou em se levantar, mas desistiu. O esforço que fizera mais cedo resultou em uma dor incômoda e um pequeno atrito com o marido.— Meu Deus, como é difícil ter que ficar quieta — resmungou baixinho. — Que merda...Suspirou, fixando o olhar no teto. Precisava se controlar para não se mexer demais, mas a inquietação era insuportável. Queria um copo de água, queria ir ao banheiro, queria qualquer coisa que não fosse ficar ali, imóvel.— O que diabos você está fazendo, se mexendo tanto?Julia levou um susto com a voz de Otto, seguido pelo clique do abajur sendo aceso. Virou o rosto e encontrou o olhar dele fixo nela, estudando sua agitação.— Preciso de água… Quero levantar — começou a resmungar. — Desculpa te acordar…Otto sorriu, achando graça da situação, e se leva
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19 - Silêncio Entre Nós
Julia despertou e viu Otto no computador, totalmente concentrado. O escritório estava pouco iluminado, e as cortinas balançavam suavemente com a brisa que soprava, deixando passar um pouco da luz natural, o que indicava que já não era tão cedo. O ambiente estava silencioso e aconchegante; o único som contínuo era o das teclas do computador, no qual Otto parecia grudado. Julia puxou o lençol, encolheu-se mais na poltrona e fechou os olhos. Queria apenas sentir aquele momento de paz.Ali, de olhos fechados e respirando calmamente, ouviu a cadeira se arrastar, a porta se abrir e fechar logo em seguida. Julia não se mexeu, permaneceu sonolenta, os olhos ainda cerrados. Passou um tempo até que a porta se abrisse novamente, seguida pelo toque leve de Otto em seus pés.— Amor, precisa se arrumar, temos que sair — disse ele, com calma e carinho.— Já sei… hospital — murmurou, bocejando.Julia abriu os olhos com um sorriso. Levantou-se sem pressa, arrumou-
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20 - Luz em Meio à Tempestade
Julia voltou para a cama, mas o sono lhe escapava. Ficou ali, deitada, os pensamentos em turbilhão, a culpa a consumindo a cada segundo. O desconforto tomava conta de seu corpo, tornando difícil até respirar.Quando se arrumou, não havia mais nada a fazer, apenas esperou Otto. Ele desceu as escadas pontualmente, com um olhar vazio e distante. Não disse uma palavra. Apenas abriu a porta e ficou ali, esperando que ela saísse. O silêncio entre eles era esmagador, cortante como vidro, e Julia se sentiu ainda mais pequena diante daquela barreira invisível.Ela sentia uma pressão no peito, o desconforto se arrastando, enquanto Otto transbordava raiva, algo impossível de ignorar. A tensão entre os dois era palpável. Por sorte, o hospital ficava perto. Logo estariam separados, e o silêncio pesado seria quebrado por outras preocupações. E foi isso o que aconteceu, mas sem qualquer alívio, apenas o vácuo de uma distância crescente.A volta para casa não foi men
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