Bruno me encarava fixamente, com um olhar profundo. Suas mãos, apoiadas na mesa, estavam ligeiramente cerradas.Soltei um suspiro e falei, tentando aliviar o clima:— Me desculpa.Ele desviou o rosto e deu um sorriso contido.— Você não tem que se desculpar. Não havia nada entre nós de verdade. Você gostar dele não é nenhuma traição.Por um momento, tive a impressão de ver algo estranho em seu olhar. Um brilho frio, quase sombrio, passou rápido pelos seus olhos, geralmente tão calmos e gentis.Mas devia ter sido coisa da minha cabeça. Ele sempre foi tão educado, tão sereno... Seria impossível para ele ter um olhar assim.Clara, ainda surpresa, balançou a cabeça.— Val, eu não consigo acreditar que você goste do George! Você lembra do que ele fez naquela época? Nós odiávamos ele! Como isso foi acontecer?Respirei fundo e tentei explicar:— Durante os três anos em que estivemos casados, muitas coisas aconteceram. E, sabe como é, sentimentos nem sempre fazem sentido.Bruno interrompeu, co
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