O clima estava cada vez mais tenso, até que Bruno quebrou o silêncio, se virando para George.— Fala aí, quanto você pagou por eles? Se eu não tivesse demorado a voltar, essa dívida nunca teria sido quitada por você.— É mesmo? — George deu uma risada fria. — Não seria quitada por mim? Pois eu garanto que também não seria por você.— Ah, mas aí é que você se engana. — Bruno respondeu com firmeza. — Se eu estivesse aqui, a Val com certeza teria vindo falar comigo primeiro.Eu pediria ajuda ao Bruno? Eu não sabia. Esse tipo de suposição nunca levava a uma resposta concreta.George ficou ainda mais sombrio. Seus dedos longos começaram a bater na borda da mesa, devagar, como se fosse por acaso, mas o gesto carregava uma tensão que fazia o ar ao nosso redor pesar ainda mais.A cada batida, meu coração parecia acompanhar o ritmo, disparado, inquieto. Sem saber o que fazer, me segurei no braço dele e tentei mudar o foco com um sorriso.— Você já jantou? Que tal irmos para casa? Hoje eu fiz um
George nunca tinha fumado na minha frente antes. Agora, eu o via com um cigarro na mão o tempo todo. Não sei como ele conseguia segurar o vício antes. Se ele era capaz de controlar as emoções e desejos, como não controlava isso?Ele estava recostado no banco do carro, com a mão que segurava o cigarro apoiada no volante.Olhos fixos na estrada à frente, o corpo relaxado de um jeito quase provocante. Quando a fumaça escapou dos seus lábios, por um instante, ele pareceu um pouco sedutor.Fiquei chocada comigo mesma por ter pensado isso. Estava prestes a desviar o olhar, mas sua voz fria me trouxe de volta:— Saia.Meu coração deu um salto. Olhei para ele sem entender.George não desviou os olhos do caminho à frente. O rosto permanecia frio, como uma pedra de gelo.— Quem disse que você podia entrar? Saia agora.O quê? Achei que ele ainda estivesse ali esperando por mim. Quando falou que só sairia depois de terminar o cigarro, achei que fosse uma desculpa. Afinal, dava para dirigir enquant
Mas a mão dele continuava firme no meu queixo. George apertava ainda mais, com os olhos fixos em mim.— Se ele estivesse no país naquela hora, você teria procurado o Bruno para ajudar a pagar a dívida da sua família e, depois, viraria mulher dele, né?— Claro que não!Independentemente do que eu teria feito naquela situação, não tinha como dar outra resposta. Não era a única coisa que podia falar agora. Achei que talvez isso pudesse amenizar a raiva dele e, quem sabe, ele soltasse meu queixo.Mas, ao invés disso, ele perdeu completamente a paciência e gritou comigo:— Valentina, você acha mesmo que ele gosta de você? Sabe por que ele se aproximou de você naquela hora? Foi porque...— Chega! — Interrompi."Era irritante. Primeiro me disseram que o George tinha outra mulher no coração e que jamais gostaria de mim. Agora, ele quer dizer que o Bruno também nunca gostou de verdade, que tinha outros motivos para se aproximar. Por quê? Eu sou tão desprezível assim? Não mereço que ninguém gost
Assim que entrei no quarto, vi meu pai deitado na cama, todo machucado. Meu coração apertou. Olhando para ele, minha expressão mudou na hora.— O que aconteceu? Quem fez isso com você? — Perguntei, irritada.Minha mãe só chorava e não respondia nada.Vendo que ela não falava, me virei para o meu pai.— Pai, foi o quê? Quem fez isso com você? Foi algum inimigo do passado?Ele gemia de dor, sem dizer uma palavra. Minha paciência estava se esgotando.— Fala logo! Quem foi que te machucou desse jeito?Eu já estava quase chorando de tanta raiva. Foi só então que minha mãe, com a voz tremendo, respondeu, ainda chorando:— Isso tudo... É culpa do seu pai. Ele... Ele se meteu com jogo.— O quê? — Fiquei em choque e olhei para meu pai, sem acreditar. — Pai, você foi apostar? Sempre falou que nunca ia fazer isso, que isso só acabava com a vida das pessoas. Como você pôde?— Eu só queria ganhar um dinheiro e me reerguer, sabe? — Ele deu uma desculpa absurda. — Mas minha sorte foi péssima. Tenho c
Talvez não demorasse muito para que a notícia de que me tornei amante do George se espalhasse.Quando isso acontecesse, eu, que já fui uma socialite de família rica, seria reduzida a motivo de piada nos almoços e jantares da cidade.— Val, é verdade que você e o George se divorciaram? — Minha mãe perguntou, com a voz baixa e trêmula.Eu confirmei com um simples "sim".Meu pai, ao ouvir a resposta, explodiu.— Aquele miserável! Mal-agradecido! Eu devia ter percebido desde o começo! Ele e a família dele não prestam!Meu irmão soltou uma risada irônica.— Ele pagou as nossas dívidas e ainda te deu dez milhões extras. Quer o quê? Um altar para ele? Vocês já esqueceram como tratávamos o George antes? O que ele fez já foi mais do que suficiente.— Isso não dá o direito de ele largar a Val assim que ficou rico! — Minha mãe rebateu, chorosa.Suspirei, cansada de ouvir aquilo.— Por que não, mãe? Ele não gosta de mim. E eu também não gosto dele. Era óbvio que isso ia acontecer.Minha mãe ficou
As palavras "Grande Concurso de Dança" apareceram bem diante dos meus olhos.Instintivamente, abaixei e peguei o panfleto. A frase "Prêmio de 3 milhões" brilhou como um raio de esperança na minha mente. Meu coração deu um salto, e eu comecei a ler os detalhes com pressa.Era um evento organizado em parceria por vários hotéis internacionais de luxo. O concurso escolheria, através de votação ao vivo, a melhor dançarina da noite, que levaria o prêmio de 3 milhões.A cada palavra que lia, minha determinação aumentava.Se eu conseguisse aquele prêmio, poderia pagar metade da dívida de jogo do meu pai!Olhei rapidamente o prazo de inscrição. Terminava hoje à meia-noite.Verifiquei o horário no celular. Já eram mais de oito da noite.Dei uma olhada no endereço. Felizmente, era perto dali.Sem perder tempo, segui o caminho até um hotel luxuoso. Assim que entrei no saguão, uma figura familiar chamou minha atenção.Era George!Meu coração deu um salto e meus pés pararam automaticamente."Sério,
Gabriel, com os braços cruzados, sorriu.— Esse hotel é da minha família. Esse evento de dança também foi ideia minha e dos meus amigos, só para passar o tempo mesmo. A gente só quer ver mulher bonita dançando, sabe? Então, para participar, tem que ser uma dessas beldades, corpo e rosto de primeira. Por isso, a inscrição tem que ser feita com a gente. O pessoal da organização é todo sério, sem muito senso estético. Eu, minha Val, acho que você vai entender, né?"Ah, não! Quem é sua Val? Esse homem está se comportando como um total playboy."Eu ri por dentro, mas, na frente dele, sorri com a maior educação.— Então, você acha que eu consigo entrar nesse evento?Gabriel me olhou de cima a baixo, passando a mão no queixo.— Você tem o corpo e o rosto perfeitos. Mas, bem...— Mas o quê? — Perguntei, curiosa.Gabriel soltou um suspiro, olhando para mim com um sorriso de quem estava se divertindo.— O problema é que eu tenho medo do George, né? Ele pode vir atrás de mim...Eu engoli em seco,
Meu coração apertou.Será que o Gabriel ia contar para o George que eu estava participando do concurso de dança?Embora isso não fosse exatamente um segredo, contar para o George não era uma boa ideia. Ele era imprevisível e, com a raiva que ele sentia de mim, talvez não me deixasse participar. Era uma grande oportunidade de ganhar dinheiro, e eu não podia deixar que nada atrapalhasse. Melhor mesmo era que o George não soubesse de nada.Quando vi que ele ia atender o telefone, puxei a manga do seu roupão.George olhou para a minha mão, levantando uma sobrancelha.— O que foi?Eu olhei para a tela do celular dele e, onde o nome de Gabriel ainda piscava, tentei sorrir, forçando a calma.— Será que você pode não atender?George ficou com um olhar curioso e deu uma risada baixa.— Posso sim. Só me dê um bom motivo.Eu demorei um segundo para pensar e logo soltei:— O Gabriel é conhecido por ser um verdadeiro playboy. Se ele está te chamando, é porque quer te levar para alguma diversão. E e