Mas a mão dele continuava firme no meu queixo. George apertava ainda mais, com os olhos fixos em mim.— Se ele estivesse no país naquela hora, você teria procurado o Bruno para ajudar a pagar a dívida da sua família e, depois, viraria mulher dele, né?— Claro que não!Independentemente do que eu teria feito naquela situação, não tinha como dar outra resposta. Não era a única coisa que podia falar agora. Achei que talvez isso pudesse amenizar a raiva dele e, quem sabe, ele soltasse meu queixo.Mas, ao invés disso, ele perdeu completamente a paciência e gritou comigo:— Valentina, você acha mesmo que ele gosta de você? Sabe por que ele se aproximou de você naquela hora? Foi porque...— Chega! — Interrompi."Era irritante. Primeiro me disseram que o George tinha outra mulher no coração e que jamais gostaria de mim. Agora, ele quer dizer que o Bruno também nunca gostou de verdade, que tinha outros motivos para se aproximar. Por quê? Eu sou tão desprezível assim? Não mereço que ninguém gost
Assim que entrei no quarto, vi meu pai deitado na cama, todo machucado. Meu coração apertou. Olhando para ele, minha expressão mudou na hora.— O que aconteceu? Quem fez isso com você? — Perguntei, irritada.Minha mãe só chorava e não respondia nada.Vendo que ela não falava, me virei para o meu pai.— Pai, foi o quê? Quem fez isso com você? Foi algum inimigo do passado?Ele gemia de dor, sem dizer uma palavra. Minha paciência estava se esgotando.— Fala logo! Quem foi que te machucou desse jeito?Eu já estava quase chorando de tanta raiva. Foi só então que minha mãe, com a voz tremendo, respondeu, ainda chorando:— Isso tudo... É culpa do seu pai. Ele... Ele se meteu com jogo.— O quê? — Fiquei em choque e olhei para meu pai, sem acreditar. — Pai, você foi apostar? Sempre falou que nunca ia fazer isso, que isso só acabava com a vida das pessoas. Como você pôde?— Eu só queria ganhar um dinheiro e me reerguer, sabe? — Ele deu uma desculpa absurda. — Mas minha sorte foi péssima. Tenho c
Talvez não demorasse muito para que a notícia de que me tornei amante do George se espalhasse.Quando isso acontecesse, eu, que já fui uma socialite de família rica, seria reduzida a motivo de piada nos almoços e jantares da cidade.— Val, é verdade que você e o George se divorciaram? — Minha mãe perguntou, com a voz baixa e trêmula.Eu confirmei com um simples "sim".Meu pai, ao ouvir a resposta, explodiu.— Aquele miserável! Mal-agradecido! Eu devia ter percebido desde o começo! Ele e a família dele não prestam!Meu irmão soltou uma risada irônica.— Ele pagou as nossas dívidas e ainda te deu dez milhões extras. Quer o quê? Um altar para ele? Vocês já esqueceram como tratávamos o George antes? O que ele fez já foi mais do que suficiente.— Isso não dá o direito de ele largar a Val assim que ficou rico! — Minha mãe rebateu, chorosa.Suspirei, cansada de ouvir aquilo.— Por que não, mãe? Ele não gosta de mim. E eu também não gosto dele. Era óbvio que isso ia acontecer.Minha mãe ficou
As palavras "Grande Concurso de Dança" apareceram bem diante dos meus olhos.Instintivamente, abaixei e peguei o panfleto. A frase "Prêmio de 3 milhões" brilhou como um raio de esperança na minha mente. Meu coração deu um salto, e eu comecei a ler os detalhes com pressa.Era um evento organizado em parceria por vários hotéis internacionais de luxo. O concurso escolheria, através de votação ao vivo, a melhor dançarina da noite, que levaria o prêmio de 3 milhões.A cada palavra que lia, minha determinação aumentava.Se eu conseguisse aquele prêmio, poderia pagar metade da dívida de jogo do meu pai!Olhei rapidamente o prazo de inscrição. Terminava hoje à meia-noite.Verifiquei o horário no celular. Já eram mais de oito da noite.Dei uma olhada no endereço. Felizmente, era perto dali.Sem perder tempo, segui o caminho até um hotel luxuoso. Assim que entrei no saguão, uma figura familiar chamou minha atenção.Era George!Meu coração deu um salto e meus pés pararam automaticamente."Sério,
Gabriel, com os braços cruzados, sorriu.— Esse hotel é da minha família. Esse evento de dança também foi ideia minha e dos meus amigos, só para passar o tempo mesmo. A gente só quer ver mulher bonita dançando, sabe? Então, para participar, tem que ser uma dessas beldades, corpo e rosto de primeira. Por isso, a inscrição tem que ser feita com a gente. O pessoal da organização é todo sério, sem muito senso estético. Eu, minha Val, acho que você vai entender, né?"Ah, não! Quem é sua Val? Esse homem está se comportando como um total playboy."Eu ri por dentro, mas, na frente dele, sorri com a maior educação.— Então, você acha que eu consigo entrar nesse evento?Gabriel me olhou de cima a baixo, passando a mão no queixo.— Você tem o corpo e o rosto perfeitos. Mas, bem...— Mas o quê? — Perguntei, curiosa.Gabriel soltou um suspiro, olhando para mim com um sorriso de quem estava se divertindo.— O problema é que eu tenho medo do George, né? Ele pode vir atrás de mim...Eu engoli em seco,
Meu coração apertou.Será que o Gabriel ia contar para o George que eu estava participando do concurso de dança?Embora isso não fosse exatamente um segredo, contar para o George não era uma boa ideia. Ele era imprevisível e, com a raiva que ele sentia de mim, talvez não me deixasse participar. Era uma grande oportunidade de ganhar dinheiro, e eu não podia deixar que nada atrapalhasse. Melhor mesmo era que o George não soubesse de nada.Quando vi que ele ia atender o telefone, puxei a manga do seu roupão.George olhou para a minha mão, levantando uma sobrancelha.— O que foi?Eu olhei para a tela do celular dele e, onde o nome de Gabriel ainda piscava, tentei sorrir, forçando a calma.— Será que você pode não atender?George ficou com um olhar curioso e deu uma risada baixa.— Posso sim. Só me dê um bom motivo.Eu demorei um segundo para pensar e logo soltei:— O Gabriel é conhecido por ser um verdadeiro playboy. Se ele está te chamando, é porque quer te levar para alguma diversão. E e
— Não, não! Como eu poderia ter um caso com ele? Jamais! — Eu rapidamente neguei.George soltou uma risada leve, parecendo não acreditar em nada do que eu disse.Eu já estava me arrependendo. Se soubesse que ele tinha uma imaginação tão fértil, teria deixado ele atender ao telefonema do Gabriel sem questionar.Justo nesse momento, Gabriel ligou para ele novamente.George levantou uma sobrancelha e olhou para mim.Eu não falei nada, só fiz um gesto com a mão, pedindo para ele atender logo.Ele deu um resmungo, atendeu o telefone e, de propósito, colocou no viva-voz.— Caramba, depois de duas tentativas você finalmente atendeu. Está ocupado com o quê? Estou atrapalhando seu momento íntimo? — A voz de Gabriel veio do outro lado da linha.George deu uma olhada rápida em mim e respondeu, com um tom frio:— Fale logo.Gabriel fez um som de desprezo do outro lado da linha.— Não precisa ser tão gelado, pô! Eu não sou a Valentina, nem te fiz nada.Eu me senti super constrangida. Pelo jeito, to
Levantei a cabeça e, surpresa, encontrei o olhar frio de George. Meu coração deu um salto.— O que... O que foi agora? — Perguntei, com cuidado.George estreitou os olhos, se aproximando devagar. O olhar era afiado como uma lâmina.— Por que eu tenho a impressão de que você está muito interessada nesse tal evento de dança? Não me diga que você também vai participar? — Claro que não! — Balancei a cabeça imediatamente, minha voz firme como nunca.— Melhor assim. Aquele tipo de evento não é para você. — George soltou um riso seco.Eu fiquei sem entender. Um evento de dança, e daí? Por que eu não poderia participar? Mas preferi não insistir no assunto. Era melhor não provocar.Depois de me dar esse aviso, George atendeu outra ligação. Parecia que era sua amada. Eu reconheci o tom. Ele ficou ao telefone, andando até a janela, e a mudança na voz foi imediata. Ficou suave, quase carinhosa.Fiquei olhando de longe, sentindo o coração apertar. Ele nunca usou aquele tom comigo. Nunca.Sem quere