Lia PerroniO enterro de Marcelo pairava sobre nós como uma sombra densa, um evento íntimo e doloroso reservado àqueles que compartilhavam o laço do sangue ou da proximidade. Kairós estava lá, uma presença silenciosa e constante que eu não conseguia decifrar completamente. Sei que sua devoção a mim o impulsionava, mas a complexidade da situação nos envolvia em uma névoa de incerteza. Amava Kairós profundamente, mas Marcelo... Marcelo havia sido meu marido, o pai da minha filha. Eu ansiava por justiça, por vê-lo pagar por seus crimes, mas não por este fim tão abrupto e trágico.Apesar de suas falhas como esposo, para Esmel, Marcelo era o mundo, o melhor pai em seus pequenos anos. E, em sua essência, ele a amava com uma intensidade palpável, uma afeição que, no fundo, eu sempre soube ser genuína. O medo, a constante ameaça que ele representava para mim, turvaram meus pensamentos, me impedindo de enxergar com clareza. Agora, diante do caixão, a verdade se impunha: Marcelo jamais teria ma
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