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CINQUENTA E UM
Acordei com um sobressalto. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, minha respiração irregular e as cobertas encharcadas de suor. Olhei em volta, desorientada por um breve momento, o pânico me dominando. Esta não é minha casa. Onde estou? Quem me trouxe aqui? Perguntas que, naquele momento, eu não consegui responder.Levei minhas mãos ao peito e puxei o ar, tentando me acalmar. À medida que ficava mais calma, olhei para a penumbra do quarto, quebrada apenas com o brilho da rua. ’Estou na casa de Rafael,’ pensei com um suspiro. Estou segura, pelo menos por um tempo.Sentei na cama, enxugando as lágrimas do rosto. Fazia anos que não tinha um pesadelo tão vívido como esse, parecia tão real que estremeci ao recordar. Talvez estivesse ligado aos sentimentos conturbados que me atingiram no dia anterior, não sei. Apenas não consegui parar de tremer. A escuridão ainda me assombrava. Se Mimi estivesse comigo agora, a abraçaria tão forte e dormiria com ela. Se algo tivesse acontecido com minha gata
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CINQUENTA E DOIS
A conversa da madrugada tinha sido um pouco emotiva e reveladora. Vi tantas emoções em Márcia que não achei ser possível. Depois que ela chorou, falamos sobre vários assuntos aleatórios. Não fiquei surpresa pela mulher mudar de assunto tão rápido, mas dada a situação, sua postura era compreensível. Márcia era inteligente, centrada e, por mais que eu odeie admitir, um coração mole. Ficamos conversando por horas, acalmando nossos próprios sentimentos e, às 5h nos despedimos e cada uma foi para o seu quarto. Não pude deixar de notar o sorriso que brotara em seus lábios antes de se afastar. Mas seu semblante sério no momento seguinte e suas palavras me deram o que pensar. — Para se proteger, finja que não sabe de nada. Eu vou continuar te tratando mal, mas lembre-se que não são meus reais sentimentos. Farei isso para te manter segura. *** Eram aproximadamente 12h horas quando abri os olhos. O sol estava bem alto, o calor entrando pela janela, mas não me incomodou tanto, pois o ventila
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CINQUENTA E TRÊS
— O que você quer dizer com me usar como isca? Acordei com um sobressalto. Gritos ecoaram até o quarto e por um leve instante, pensei que havia acontecido algo sério. As vozes cessaram a conversa por um breve momento e recomeçaram em tom mais baixo, o suficiente para que eu não pudesse ouvi-los. Sentei na cama, esfregando meus braços. Não me surpreendi por ser quase sete da noite. Rafael não me deu chance de relaxar depois do sexo intenso. O que se seguiu foram mais três vezes comigo gritando e implorando para ele parar, com um orgasmo mais intenso que o outro. Mas não devia estar pensando em sexo agora, pelo menos não naquele momento. Caminhei para o banheiro e tomei uma ducha rápida. Precisava ver o que estava acontecendo. *** Quando saí do quarto e caminhei pelo corredor até a sala, não fiquei surpresa ao ver Erick e Vanessa sentados juntamente com os outros. Se eles estavam presentes, significava que algo sério iria acontecer. Seus semblantes tensos evidenciavam isso, e mesmo
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CINQUENTA E QUATRO
Rafael estava furioso. No que diabos Juliana estava pensando? Ela queria matá-lo do coração, só podia. A ideia de ver ela fazer algo tão arriscado como isso o deixou angustiado. E se aquilo desse errado? E se ela acabasse em perigo? O sentimento de impotência o atingiu com força. O que poderia fazer? Implorar para ela não fazer isso? Viajar para longe e deixar os outros resolverem a questão? Trancar Juliana em sua casa? Qualquer opção que escolhesse ela não aceitaria. Ele a conhecia bem demais para saber que a jovem não mudaria de ideia, mesmo se pedisse. Pela primeira vez, não estava no controle da situação e isso o apavorava. A porta do escritório abriu e, ao voltar seu olhar para porta, viu a mulher que amava parada. Considerou expulsá-la de lá até recobrar o juízo, mas a ideia de tê-la longe de seu campo de visão o apavorou. E isso o estava irritando. Juliana fechou a porta atras de si e o encarou em silêncio. Porra! Ela deveria estar nervosa, ou ao menos preocupada. Juliana
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CINQUENTA E CINCO
Quando saímos do escritório, fomos recepcionados por olhares preocupados. Não pude deixar de sorrir um pouco com a situação. Rafael apertou minha mão com firmeza, provocando um sorriso em meus lábios. Ele estava preocupado, não queria que eu me machucasse. Ele me obrigou a aceitar suas condições e embora fossem meio exageradas, eu as aceitei, compreendendo que ele ficaria mais calmo. Embora verdade seja dita, dificilmente esse homem ficaria quieto durante o plano elaborado por eles. — Está tudo bem? Olhei para Márcia, que nos observava com desconforto. Eu não podia culpá-la por isso e a hostilidade que Rafael mostrava a ela era clara o suficiente para deixá-la afastada de nós. Assenti e ela suspirou, aliviada. Vanessa se aproximou com um sorriso forçado e Erick parecia muito desconfortável com a situação. Sônia e Mauro, por outro lado, estavam descontentes com a situação e fuzilaram Márcia com o olhar. — Você vai permitir isso? — Sonia perguntou à Rafael, com os dentes cerrados.
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CINQUENTA E SEIS
— Você só pode estar brincando! Observei Well se levantar novamente e me olhar com incredulidade. Eu não posso culpá-lo, teria a mesma reação. Rafael se manteve em silêncio, me dando espaço para lidar com a situação. Não havia necessidade de ele estar comigo naquele momento, mas eu sabia que ele se sentia receoso com Well, já que o mesmo me confessou seus sentimentos. Meu amigo andou de um lado para o outro. Eu o conhecia e sabia que sua mente estava um turbilhão. Uma carranca surgiu em seu rosto quando parou e voltou seu rosto para mim. — Estou sendo vigiado? — Não. — Rafael respondeu, desinteressado. Well bufou, passando a mão no queixo, sinal que estava muito irritado. — Tenho certeza de que há pessoas mais capazes do que eu para fazer isso. — só então voltou sua atenção a Rafael. — Você tem dinheiro. Pode contratar alguém para manter aquela mulher segura. — Poderia. — Rafael concordou. — Mas não é recomendado. — Por que não? — Ele está sendo monitorado. — respondi e ele a
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CINQUENTA E SETE
— Olá para você também, David. — ironizei, ignorando sua pergunta de propósito. — Está feliz em me ver? Ser ignorado o aborreceu. — O que faz aqui? — tornou a perguntar, com o cenho franzido. — Tenho algo para discutir com você. E é bastante urgente. — Não sei o que temos a tratar. Estou muito ocupado para te dar atenção. — respondeu de forma ríspida. —Fale o que quer aqui mesmo e então vá embora. — Tem certeza de que quer discutir esse assunto aqui, no meio de todos? Pensei que fosse esperto, mas acho que me enganei. — debochei com desdém enquanto observava suas reações. Aquele maldito com ar de superioridade ficou abalado e pude sentir a raiva que emanava de seu corpo. Não resisti e arqueei a sobrancelha enquanto aguardava sua resposta. David pigarreou por um tempo e olhou para a recepcionista, desconfortável com minha abordagem. — Sem telefonemas para mim, Lana. Se alguém me ligar, avise que estou em uma reunião... importante. Entrarei em contato assim que terminar. — Cert
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CINQUENTA E OITO
Chegamos na casa de Rafael em silêncio. Cada uma perdida em seus próprios pensamentos. O próximo passo seria ainda mais arriscado, mas para isso acontecer preciso receber uma ligação desesperada de David. Dado o seu comportamento ridículo, duvidava muito que ele faria isso. Márcia discordou, já que o conhecia e segundo ela, o homem era arrogante demais para pedir ajuda e por conta disso poderia cometer um deslize. Paguei a corrida e saímos do carro. O tempo estava nublado e frio, assim como meus pensamentos. Entramos na casa e vários pares de olhos nos encararam com expectativa. Márcia se afastou, indo para o quarto de hospedes e eu permaneci quieta por um tempo. Ninguém teve coragem de perguntar nada a respeito, mas seus olhares preocupados me deixavam pior do que eu já estava. Não conseguir olhar nos olhos de Rafael, pois sentia que estava prestes a desmoronar. Pedi licença e fui para o quarto. Tirei aquelas roupas assim que entrei no quarto e corri para o banheiro. Precisava tira
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CINQUENTA E NOVE
Márcia atendeu o celular e colocou no viva-voz, para que nós pudéssemos ouvir a conversa. — Espero que seja importante. — disse ela, friamente. O homem do outro lado da linha ficou em silêncio por um tempo e fiquei receosa que David houvesse desconfiado de algo. Sônia olhava de mim para Márcia em choque, tentando processar as coisas. O silêncio permaneceu por mais um tempo e ela fez um som irritante com a lingua. — Olha, estou ocupada. A não ser que tenha algo para dizer, eu irei desligar. — Eu sei o que você fez! Ela olhou para mim e piscou o olho. — Não sei do que você está falando. — disse inocentemente. — Pode ser mais claro? — Não dê uma de esperta comigo, vagabunda. Você procurou Rafael e contou tudo a ele. A pergunta é... por que? Márcia soltou uma risadinha, como se tivesse sido pega aprontando algo. — Por diversão? Você já estava tramando contra mim há muito tempo. Acha que eu não percebi? Prefiro te entregar e sair disso com minha integridade intacta. David começ
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