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Todos os capítulos do Segredos entre herdeiros: Capítulo 31 - Capítulo 40
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31. Um aliado
Lucas Park Senti meu coração bater tão forte quando desliguei aquele carro, e a cada passo em direção ao pequeno bar onde Jullian me esperava, parecia me aproximar mais da minha condenação. Aquele lugar parecia mais uma velha casa, com todo o seu exterior coberto por trepadeiras. As janelas estreitas me permitiam ver as luzes acesas lá dentro, mas não era o suficiente para verificar se havia muitas pessoas. Era irônico como um lugar tão tranquilo, que mais parecia ter saído de um conto de fadas, abrigava a conversa que poderia trazer meu maior pesadelo à realidade. As trepadeiras, o cheiro da madeira e o calor da luz pareciam zombar da tempestade dentro de mim. Quando entrei pela porta, notei que Jullian me esperava, sentado na bancada a poucos passos. Cada passo ecoava como um martelar, um lembrete de que eu estava caminhando para algo que não tinha volta. Meus dedos formigavam, e um suor frio descia pela minha nuca enquanto eu tentava ensaiar mentalmente o que dizer a Jull
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32. O amor deixa os jovens idiotas
Lucas Park ― Ela só está se divertindo, não leve a sério ― disse ele, me encarando. Então, me lembrei do que Leslie havia dito a ele durante aquela discussão após a festa. Era com ele que Gabrielle esteve durante os dias em que fugiu de mim? Eram tão próximos que ela passou vários dias em sua casa? Qual era o nível de seu relacionamento? Senti a raiva consumir todo o meu corpo. Apertei o copo com tanta força que toda a cor sumiu dos meus dedos. O som do vidro rangendo sob a pressão dos meus dedos parecia ecoar dentro de mim, cada músculo do meu corpo tenso como se estivesse prestes a explodir. Minhas narinas inflaram, e o ar parecia insuficiente para acalmar o turbilhão dentro de mim Se ele estivesse na minha frente naquele momento, eu o mataria com minhas próprias mãos. Jamais poderia permitir isso; eu não conseguia nem mesmo pensar na possibilidade de ter alguém a tocando. Gabrielle era a mulher da minha vida, e não havia nenhuma possibilidade de eu aprovar qualq
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33. O objetivo.
Lucas Park Foi como se um buraco negro se abrisse em minha mente, e tudo o que estava nela segundos atrás fosse sugado para o nada, deixando apenas um vazio. Enquanto eu encarava Jullian incrédulo com sua sugestão repentina, ele me olhava com ternura e divertimento. Minhas mãos ficaram frias, meu estômago se revirou, e por um momento, achei que não conseguiria respirar. Jullian realmente achava que era tão simples assim? Eu traí John. E agora, a única coisa que parecia poder reparar esse erro era algo que eu mais desejava – mas que, ao mesmo tempo, me aterrorizava. Era como se a chance de ser feliz estivesse condicionada à minha própria traição. ― Por que está me olhando assim? Eu disse alguma coisa errada? ― perguntou ele, ainda rindo ― Não posso acreditar que não tenha pensado nisso milhares de vezes. Ele estava certo, eu pensava nessa possibilidade todos os dias, na verdade, várias vezes ao dia. Era o único sonho que nutri em toda a minha vida. Era meu maior des
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34. Apenas mais uma manhã
Gabrielle Era primeira vez em muitos anos, eu teria um domingo de folga. Não tinha nenhuma feira, nenhuma reunião ou qualquer evento social que Jullian me obrigasse a frequentar. Aquele dia seria incrível, estava decidido. Depois de longas semanas de trabalho, finalmente eu iria descansar. Confesso que não tinha grandes planos para aquele dia, mas qualquer coisa seria melhor do que ter que aguentar pessoas chatas me enchendo de perguntas das quais eu sempre me esquivava. No momento, meu maior problema seria me esquivar do meu novo cão de guarda, que me aguardava no andar de baixo. Enquanto descia a escada, um cheiro nostálgico invadiu o ambiente, e antes que eu pudesse chegar até a cozinha, já sabia do que se tratava. Foi uma cena deliciosa. Em momentos como aquele, eu me perguntava o motivo de não termos câmeras na cozinha. Eu adoraria rever aqueles minutos. Lucas estava sentado à mesa, comendo cookies recém assados, concentrado. Durante vários anos, Lucas monopolizou
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35. Murilo
Gabrielle Quando a porta se abriu, fui tomada pelo cheiro doce do seu corpo, que cheirava a sabonete de sândalo. Seu cabelo ainda estava úmido, com os fios colados na testa. Usava apenas um moletom cinza, que eu já estava acostumada a ver, sem camisa e descalço. Era aquela figura que eu gostava de ver, exatamente dessa forma, simples e limpo. Ver seu corpo tão quente e evidente me fez pensar, por um momento, em como seria se eu simplesmente me rendesse ao desejo ardente que crescia cada vez que o via, principalmente naquele estado, tão despido e indefeso. Se ele fosse capaz de ler meus pensamentos sujos, jamais conseguiria se controlar, como era evidente que fazia. Murilo era meu refúgio daquele lugar sombrio que chamo de casa. Com ele, havia uma sensação de tranquilidade que eu não encontrava em lugar algum, uma pausa bem-vinda das tempestades internas que me assombravam. Talvez eu não devesse me infiltrar em sua cobertura em pleno domingo, mas já fazia tantos dias que
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37. Apenas mais um a me abandonar
Gabrielle O encontrei sentado no sofá, encarando a mancha que havia feito na noite anterior. Cuidadosamente me coloquei ao seu lado; parecia que eu estava pisando em ovos naquele momento, sem saber o que esperar dele. — Eu jamais desistiria de você — sussurrou ele, me tranquilizando. Suas palavras eram bonitas, mas eu já ouvi promessas demais para acreditar nelas cegamente. Parte de mim queria agarrar essa afirmação como um náufrago se agarra a um pedaço de madeira, mas a outra parte, aquela que passou noites em claro esperando por alguém que não voltaria, me dizia que isso era apenas um consolo vazio. Olhando para aquela mancha de vinho no tapete, imaginei o quão terríveis foram as palavras de Julls para que Murilo perdesse o equilíbrio e a causasse. Eu o conhecia o suficiente para saber que a cerveja apenas substituiu o vinho quando ele percebeu que o teor alcoólico em seu organismo não era suficiente e que o aborrecimento não valia a raridade de sua adega partic
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36. Um desejo ardente
Gabrielle Murilo era um acessório importante, que me permitiria alcançar meu objetivo com maior facilidade. Mas, em momentos como aquele, eu me perguntava se era justo vê-lo apenas como uma peça no meu tabuleiro. Por mais que não conseguisse amar como ele merecia, havia algo em seu abraço que me fazia desejar, pelo menos por alguns instantes, que eu pudesse ser diferente. Que talvez, se eu me esforçasse, Murilo pudesse ser mais do que uma ferramenta, e sim alguém em quem eu pudesse confiar de verdade. Eu não poderia perdê-lo tão facilmente, apenas porque Jullian não o queria por perto. Estar com ele não exigia nenhum esforço. Apenas deixei meus instintos tomarem conta por alguns minutos, afinal, eu estava tão cansada de me conter, exausta de ter que calcular todas as minhas expressões e reações, e estar ali com Murilo não me exigia nada disso. Pela primeira vez, depois de anos de contato físico, me permiti tê-lo por mais do que poucos minutos. Não o afastei, como costu
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38. Outro jantar em família
Gabrielle Quando voltei para casa, a tempo para o jantar, me surpreendi ao encontrá-los me esperando. Nunca me esperavam para o jantar. Na verdade, desde que John havia partido, não seguia uma dieta saudável; eu comia apenas quando sentia fome. Mas abriria uma exceção para os ilustres convidados. Leslie estava sentada ao lado de Dave, e frente a eles estavam Lucas e Jullian. Passei por eles, encarando-os, antes de me sentar na ponta da mesa — o lugar que costumava ser ocupado por meu pai, e que eu jamais permitiria que outra pessoa tomasse. A entrada já havia sido servida, e ninguém tinha dito uma palavra. O ambiente estava ficando monótono. Jullian tamborilava os dedos nervosamente sobre a mesa, enquanto Leslie mantinha um olhar fixo e severo, como se calculasse cada movimento à sua volta. Dave parecia desconfortável, mexendo na borda do guardanapo. Apenas Lucas mantinha uma postura calma, com os olhos fixos em mim, estudando cada reação. Jullian ameaçava iniciar
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39. Golden
Gabrielle Dave era um homem de meia-idade, muito bonito. Sua origem coreana sempre me fascinou. Seus olhos eram pequenos, assim como seu nariz. O sorriso, aberto e acolhedor, exibia covinhas que lembravam muito as de Lucas. Ver aquele sorriso me transportava diretamente para a infância. Eu sempre gostara de Dave, desde que aprendi a falar, ele sempre foi o adulto que mais me deu atenção, além de Julls. Ele era meu verdadeiro padrinho, o melhor amigo de John e uma presença constante em nossa rotina familiar. Dave tirou o celular do bolso e nos mostrou um vídeo curto, de apenas trinta segundos. Mas isso foi o suficiente para convencer a todos. No vídeo, John estava ao lado de Leslie, e me segurava em seus braços enquanto soprava uma vela de um pequeno bolo. Era o meu primeiro aniversário. Dave também aparecia no vídeo, segurando Lucas no colo, que tentava, a todo custo, esticar-se para pegar o bolo. Entre as risadas de meus pais e os gritos animados de Lucas, ouvi a voz de Jul
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40. Dave Park
Lucas Park Dentre todas as coisas que aprendi durante minha longa estadia no meu país natal, desenvolver uma alta tolerância ao álcool foi uma delas. Aqueles caras se encarregaram disso. Quando penso em como eles me ensinaram e até certo ponto moldaram minha tolerância, não só ao álcool, mas a vários aspectos da vida adulta, não sei dizer se me sinto ressentido ou grato. Excluindo o fato de terem se aproximado de mim apenas para extrair informações privilegiadas sobre o conglomerado Gold, foram bons amigos... ou pelo menos, fingiram ser. Lembro-me da primeira e única vez que voltei bêbado para casa, apenas três meses depois de ter recebido alta do hospital. Nunca vi meu pai tão furioso em toda a minha vida. Dave me lançou uma série de palavrões em uma única frase, como se tivesse ensaiado, e me ensinou uma lição valiosa naquela noite: nunca volte para casa se não estiver minimamente apresentável. E, para garantir que não repetisse o erro, aprendi ali também qual er
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