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Malia
Era de manhãzinha quando meu telefone começou a tocar incessantemente. Sinto os braços fortes de Etore enrolados ao meu corpo e, quando abro os olhos devagar, vejo-o todo esparramado pela cama, grudado em mim.Pego meu telefone para que o barulho não o acorde e vejo o nome de Zarina no visor.Tiro seus braços de mim levemente, para que ele não acorde, e vou até a varanda.Zarina me conta que pensa em fugir para não ter que se rebaixar às leis da máfia, e eu, como uma boa prima, a ajudarei. Queria poder confiar 100% em meu marido para que ele me ajudasse, mas sei que ainda não posso confiar nesse nível.Desligo o telefone com Zarina e olho para Etore, que ainda continua a dormir. Então, ligo para Kira.— Oi gatinha, preciso de um favor. Ainda está em Paris?— Oi amiga, estou sim. O que precisa?— Preciso de um novo passaporte para Zarina, com nome falso e identidades novas para hoje ainda. Ninguém pode saber, apenas eu e você. Me ajuda?— Sempre, amiga. Vou ligar para uns contatos e, à
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Malia
Ele solta um suspiro e me puxa mais perto, sua expressão séria e determinada.— Vamos lá, ligue para essa menina e diga que não vai precisar mais. Não confio em passaportes assim. Se quer fazer isso, será do meu jeito. Não gosto de erros. E ligue para Zarina e peça para desfazer as malas. Vou mandar comprar tudo onde ela for, assim levantará menos suspeitas. E você, mocinha, não sairá daqui sem seguranças. Está me ouvindo? Se você quer ajudar sua prima, essas são minhas exigências.A firmeza na voz dele é inconfundível, mas não consigo deixar de provocá-lo. Pergunto, com um sorriso desafiador:— Se eu descumprir, o que acontece?Ele responde com um brilho perigoso nos olhos:— Será punida.Meus olhos brilham de volta enquanto sorrio, mordendo o lábio.— Dependendo de que punição irá me dar, aceito de bom grado.Ele me coloca no chão suavemente, mas não sem antes me puxar para um beijo possessivo. Sua voz é um sussurro firme em meu ouvido:— Não teste minha paciência, Malia. Agora vá,
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Etore
Estou deitado na cama com a Malia, ela está de costas para mim, e algo não está certo. Sinto a tensão no ar, e mesmo que ela ache que não percebi, sei que está chorando silenciosamente. Não sei ao certo o que ela está sentindo, nem o motivo de suas lágrimas.Tenho vontade de perguntar, mas também sinto medo da resposta. É estranho como nunca me senti assim com ninguém antes. Ouvir o choro dela está mexendo com algo dentro de mim, despertando uma preocupação e uma sensação de impotência que não sei como lidar.— Malia... — Sussurro baixinho, e sinto o corpo dela travar. O silêncio pesado preenche o espaço entre nós, e por um momento, me sinto perdido em meio às emoções desconhecidas que essa situação desperta.Ela não responde imediatamente, e por um instante, o silêncio paira sobre nós como uma nuvem carregada de incerteza. Minha mente está cheia de perguntas, mas também estou ciente da fragilidade deste momento. Não quero pressioná-la, mas também não consigo ignorar o desejo de enten
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Zarina
A noite foi transtornada e mal consegui dormir. Meu peito parecia que iria explodir. A todo tempo me perguntei se essa era a coisa certa a se fazer. Por mais que eu goste um pouco de Matteo, não confio nele o suficiente para me tornar sua esposa.E por um momento, sinto que ele só está se aproximando de mim e do nosso filho por causa de seu pai. Se não fosse por isso, talvez ele ainda estaria vivendo sua vida de luxo nas festas de Paris. Por mais que ele tenha se mostrado estar ao meu lado, isso não justifica o que ele fez no passado. No mundo da máfia, tudo muda quando descobrem o seu sobrenome, e foi apenas isso que mudou Matteo.Quando dou por mim, os primeiros raios de sol já entram pela minha janela. Levanto-me e sento na escrivaninha do meu quarto. Pego um papel e uma caneta e começo a escrever.Carta “Matteo”Não sei se você entenderá as razões que me levaram a tomar essa decisão, mas preciso que saiba que não foi fácil para mim. Eu sei que você tem feito um grande esforço par
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Zarina
Horas e horas dentro daquele avião, meu coração se aperta quando a aeromoça anuncia que aterrissamos em Londres. Meu corpo gela por não saber o que vou encontrar aqui, por temer o que me espera.Nunca fui de quebrar regras, por mais que vontade não faltasse. Sempre pedi permissão antes de fazer qualquer coisa em minha vida, mas agora era diferente. Eu tinha quebrado a maior regra da máfia: fugir, me tornar uma bastarda em nome da liberdade, da minha liberdade.As pessoas começam a sair de seus assentos, mas eu continuo ali, feita uma estátua, me perguntando como será esse amigo de Ettore e por que ele aceitaria ajudar uma fugitiva grávida da máfia.Eu não sei nada sobre ele e temo o que posso descobrir.O avião já estava quase todo vazio, e não tinha mais como fingir. Eu teria que encarar o meu futuro de frente e lidar com as consequências de cada escolha feita por mim.Finalmente, me levanto com as pernas trêmulas e sigo em direção à alfândega. Eles olham para minha identidade.— Sen
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Matteo
Saí da sede da máfia e fui direto para o apartamento da Zarina. Achei estranho que ela não tinha respondido nenhuma das minhas mensagens.Um medo percorreu o meu corpo. Será que a Cléa havia falado algo para ela? Sim, a Cléa é uma peguete minha há alguns anos.A primeira vez que fiquei com a Zarina foi a pedido dela. Parecia que ela estava cansada dessas meninas se acharem e queria ridicularizá-la, mas tudo virou uma bola de neve porque eu acabei gostando de ficar com ela e não entreguei as fotos daquele dia.Depois de descobrir que Zarina era uma Mikhailov, tudo mudou. Mudou porque eu teria a chance de provar meu valor para meu pai, mudaria porque eu teria a chance de vingar meu avô.Assim que chego na casa dela, a porta está aberta. Vou entrando, chamando o nome dela pelo apartamento. Tudo está no lugar, as roupas no armário, como se ela tivesse saído e já voltasse, exceto pela carta em cima de sua escrivaninha.Pego a carta e começo a ler. Cada palavra da carta de Zarina era como u
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Malia
Com a cabeça no peito de Etore, ele me levou para o carro enquanto este dava partida.Por mais triste que seja ver minha prima ir embora, fico feliz que ela tenha conseguido a liberdade que tanto esperava.Mas também sei que não será tão fácil assim. Quando descobrirem que ela foi embora, serei a primeira pessoa que eles vão querer interrogar. A questão principal será até onde meu marido terá forças para me proteger, não apenas dos Condellos, mas também do meu próprio pai.Mas pela felicidade de Zarina, vale a pena. Eu morreria por ela e pela sua felicidade. Sonhamos desde pequenas com a tão sonhada liberdade, então, se uma de nós duas conquistasse isso, já teria valido a pena.Deito minha cabeça no colo de Etore e me deixo adormecer ali, ouvindo as batidas do seu coração.Após algum tempo, sinto meu corpo sendo levantado, mas estou cansada demais para abrir os olhos. Sinto meu corpo sendo deitado em um local macio.Ouço a voz suave de Etore sussurrando enquanto ele me ajeita com cuid
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Etore
Já faz algumas semanas que a família de Malia apareceu em casa. Zarina fugiu para Londres e, por mim, que continue desaparecida. Mas a cobrança sobre Malia continua. Se acionarem o conselho geral, serei obrigado a levar minha esposa até lá. E tudo dependerá das respostas que Malia dará. Se não forem satisfatórias, eles podem até torturá-la na frente de todos, e eu não sei até onde ela aguentaria.Para piorar, Sofia tem me mandado mensagens e ligado constantemente. Tenho mantido ela o mais distante possível, pois não quero, em hipótese alguma, que Malia pense que ainda tenho algo com Sofia. Estamos conseguindo, aos poucos, nos conectar, e sou louco por ela. Faria tudo por Malia. Mas Sofia tem sido uma pedra no meu caminho.Acordo cedo com meu telefone tocando novamente. Dessa vez, é Sofia, e decido atender para dar um basta nela.Saio do quarto sem acordar minha esposa e vou para o escritório.— O que você quer, Sofia? Não entende que não quero mais nada com você? — Atendo já irritado.
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Malia
Etore tem estado comigo, mas muitas vezes, quando seu celular toca, ele desliga o aparelho. Hoje pela manhã, seu telefone tocou novamente. Fingi que estava dormindo e vi ele se levantar da cama sorrateiro e ir até o escritório. Então, eu o segui até lá, ouvindo a conversa dele por trás da porta.Então, as palavras saíram de sua boca.— Aquela mulher está grávida de meu marido. — Sussurro baixinho, deixando que as lágrimas molhem o meu rosto.Não acredito que isso possa ser verdade. Um bastardo, é isso que essa criança será, e eu jamais cuidaria do filho dessa mulher. Se ela realmente estiver grávida, jamais ficarei com Etore novamente. Não serei eu a cuidar do filho deles.Assim que ouço ele quase desligando a chamada, volto para o quarto e finjo estar dormindo. Ele entra no quarto, me dá um beijo, se arruma e desce. Assim que a porta do quarto se fecha, me levanto da cama e me troco rapidamente. Hoje eu descobrirei onde essa vagabunda mora.Consigo segui-lo até o apartamento dela e v
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Etore
Acordo desnorteado no apartamento de Sofia, sem entender ao certo o que aconteceu. Minha cabeça dói intensamente, como se estivesse sido atingida por um trem. Ao perceber que estou nu e que Sofia também está nua ao meu lado, uma sensação de pânico começa a crescer dentro de mim.Coloco a mão na cabeça, tentando massageá-la para aliviar a dor, mas não adianta. Levanto-me da cama, ainda meio tonto, e começo a vestir minhas roupas.Cada movimento é acompanhado por uma onda de náusea e confusão.Sofia acorda e me olha com um sorriso manhoso. — Amor, você já vai? E eu? E nosso filho, como fica?Seu tom provocador só aumenta minha raiva. — Eu nunca terei um filho com você, Sofia. Se realmente estiver grávida e esse filho for comprovado que é meu, farei você tirá-lo. Não darei mais esse desgosto à minha esposa.Ela olha para mim com um misto de raiva e desespero, mas eu me recuso a ser manipulado. A dor de cabeça continua latejando, mas sei que preciso sair dali antes que faça algo que me ar
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