Acordo desnorteado no apartamento de Sofia, sem entender ao certo o que aconteceu. Minha cabeça dói intensamente, como se estivesse sido atingida por um trem. Ao perceber que estou nu e que Sofia também está nua ao meu lado, uma sensação de pânico começa a crescer dentro de mim.Coloco a mão na cabeça, tentando massageá-la para aliviar a dor, mas não adianta. Levanto-me da cama, ainda meio tonto, e começo a vestir minhas roupas.Cada movimento é acompanhado por uma onda de náusea e confusão.Sofia acorda e me olha com um sorriso manhoso. — Amor, você já vai? E eu? E nosso filho, como fica?Seu tom provocador só aumenta minha raiva. — Eu nunca terei um filho com você, Sofia. Se realmente estiver grávida e esse filho for comprovado que é meu, farei você tirá-lo. Não darei mais esse desgosto à minha esposa.Ela olha para mim com um misto de raiva e desespero, mas eu me recuso a ser manipulado. A dor de cabeça continua latejando, mas sei que preciso sair dali antes que faça algo que me ar
vez no aeroporto, seu olhar perdido e cansado me atingiu de uma maneira que eu não esperava. Quando nossos olhos se encontraram, senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Não era só a sua beleza que me impressionava, mas a força e determinação que emanavam dela, mesmo estando tão vulnerável.— Nina Carter? — perguntei, usando o nome falso que eu e Ettore havíamos arranjado para ela.— Si... sim — respondeu, gaguejando.— Estava à sua espera. Sou amigo de Ettore Monti. Prazer, Tom Carter. Seja bem-vinda, esposa — disse, sabendo que a palavra "esposa" a pegaria de surpresa.Vi a confusão em seu rosto e, antes que ela pudesse dizer algo, acrescentei: — Em casa eu te explico melhor. Agora vamos, antes que alguém te veja por aqui.No caminho para a casa, mantive o silêncio, respeitando seu espaço. Ela estava claramente exausta e assustada. Ao chegarmos, mostrei-lhe o quarto e a deixei descansar. Enquanto ela dormia, preparei tudo para sua chegada: roupas, produtos pessoais e um café
Já fazem algumas semanas que estou morando em Londres junto com Tom, e, por mais que ele pareça um homem frio, ele tem me ajudado muito.Nas noites e dias em que eu acordava vomitando minhas tripas por causa do enjoo da gravidez, lá estava ele, segurando meu cabelo quando menos esperava. Eu mandava ele sair, pois a cena era nojenta, mas mesmo assim ele continuava ali.Agora estou aqui, na minha cama. São exatamente 3 horas da manhã e sinto falta de falar com Malia, mas sei que pode ser perigoso para ela se eu entrar em contato. Ela já está tendo problemas demais por minha causa, mas mesmo assim insiste que essa é a melhor maneira de me proteger.Eu só me pergunto: se ela me protege, quem irá protegê-la da máfia? As lágrimas começam a escorrer dos meus olhos.Do mesmo jeito que eu mereço ser feliz, Malia também merece.De repente, uma vontade avassaladora de comer donuts recheados me toma, fazendo minha boca salivar. Será que seria incômodo acordar Tom apenas por meus desejos? Desejos
Durante as semanas que passaram, foi difícil tirar a sensação de que eu havia tirado uma vida por causa do ódio que sentia. Mesmo sabendo que, para conseguir respeito, aquilo era necessário, a culpa ainda me consumia.Tudo estava aparentemente normal entre Etore e eu, mas sempre que ele recebia uma ligação de Alex, sua tensão era palpável.Mesmo que ele não me dissesse nada, eu sabia muito bem do que se tratava.Estava sentada no jardim da casa, aproveitando um momento de tranquilidade, quando vi Etore se aproximando.— Oi, princesa, precisamos conversar. — Sua voz era suave, mas a preocupação era evidente.— Pode falar. — Respondi, tentando manter a calma.— O conselho das máfias marcou para amanhã o seu julgamento sobre Zarina. —Ele disse, de cabeça baixa.— Está tudo bem. — Falei com um pequeno sorriso nos lábios, tentando transmitir confiança. - Nós sabíamos que haveria consequências de nossas escolhas. — Acrescentei. — Você sabe quem fará as perguntas?— No início, será seu pai e
Vejo Matteo se levantar, a fúria queimando em seus olhos. Com o punho fechado, ele me acertou com força. — Fala, caralho, aonde Zarina está? - Matteo gritava.Outro golpe e eu caí da cadeira em que estava sentada. Ele começou a me chutar, e minha visão já começava a ficar turva.— Vamos acabar logo com isso, Malia. Diga onde sua prima está. — Meu pai se aproximou, segurando meus cabelos e me forçando a encará-lo.Olhei para Etore mais uma vez, com lágrimas nos olhos, e o vi mandando uma mensagem para alguém.Senti um líquido escorrendo pelas minhas pernas, mas estava cansada demais para conseguir olhar. Etore se levantou, como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo. Com um último suspiro, olhei nos olhos do meu pai.— Eu te perdoo. — Disse, com a voz fraca, mas cheia de sinceridade.O rosto do meu pai se contorceu em uma mistura de dor e raiva. Ele soltou meus cabelos e deu um passo para trás, visivelmente abalado pelas minhas palavras.Antes que qualquer um pudesse r
Chegamos no hospital e uma equipe já veio correndo e pegando a Malia do meu colo e colando em uma máquina. Uma mulher subiu em cima dela sem colocar o seu corpo e começou a fazer massagem cardíaca.Os outros enfermeiros começaram a empurrar a maca para o centro cirúrgico impedindo a minha passagem. Algumas horas se passaram e em momento algum a senhora Zoya saiu dali nossos olhos se perderam quando vimos Nikolai Mikhailov e Dmitri Ivanov passando pelas portas. Assim que a senhora Zoya iria se levantar eu me apressei e levantei em sua frente indo até o meu genro.— O que pensa que eu está fazendo aqui ? — Pergunto irritado.— Eu.. eu quero saber como minha filha está. — Ele diz sério. — Agora você se preocupa com ela ? Por mais que sempre fomos rivais Nikolai, eu admirava você de uma certa forma, sempre ouvi tudo o que fez para se casar com com Zoya e como você sempre protegeu a sua família. — Etore.. deixa.. — Ele tenta falar mas um o interrompo. — Mas hoje vendo tudo o que voc
Era madrugada quando o telefone de Tom tocou. Eu estava deitada ao seu lado, como vinha acontecendo nos últimos dias. Ele pegou o aparelho, verificando quem era, e assim que olhou, senti seu corpo ficando tenso.Ele apertou o botão e atendeu. Sua voz era contida, apenas ouvindo o que a pessoa do outro lado tinha a dizer. Ele só terminou a ligação dizendo:— Não se preocupe, pegarei o primeiro voo. Serei o elemento surpresa. Se percebermos que vão fazer algo a mais com ela, eu entro e mato todo mundo.Assim que ele terminou de dizer essas palavras, meu corpo ficou tenso e o medo me tomou. Eu tinha certeza de que estavam falando de Malia, mas o que poderia acontecer de tão grave com minha prima? Que preço ela teria que pagar por minha liberdade?Continuei na cama, olhando para ele, que se levantou e começou a andar de um lado para o outro, como se não soubesse o que me dizer. Então resolvi abrir a boca primeiro.— O conselho irá chamá-la? — perguntei, tremendo e ansiando por uma respost
Eu sentia a dor por todo o meu corpo, sentia as mãos tocando-o, injetando coisas em mim. Era horrível a sensação de estar sentindo tudo sem estar consciente. Eu não sabia onde estava, o que estava acontecendo em mim e ao meu redor. Não conseguia reconhecer nenhuma voz, e isso me abalava ainda mais. Tentava não ficar tensa, mas meu corpo todo estava em alerta.Eu estava com medo. Medo de nunca mais vê-lo, medo de que aquele momento tivesse sido o último, medo de morrer e não poder sentir seu toque uma última vez.Foi quando finalmente ouvi uma voz. Não, melhor, a voz. A voz da pessoa que faz todo o meu corpo se arrepiar, que acalma toda a avalanche dentro de mim, que desperta meu lado possessiva, surtada, barraqueira e assassina.A voz do homem que aprendi a amar no meio do furacão que somos, igual fogo e gasolina queimando tudo onde toca.Eu sentia seus dedos passando levemente pelos meus cabelos, sua respiração pesada. Então, comecei a lutar, lutar comigo mesma para conseguir ouvir t