Durante as semanas que passaram, foi difícil tirar a sensação de que eu havia tirado uma vida por causa do ódio que sentia. Mesmo sabendo que, para conseguir respeito, aquilo era necessário, a culpa ainda me consumia.Tudo estava aparentemente normal entre Etore e eu, mas sempre que ele recebia uma ligação de Alex, sua tensão era palpável.Mesmo que ele não me dissesse nada, eu sabia muito bem do que se tratava.Estava sentada no jardim da casa, aproveitando um momento de tranquilidade, quando vi Etore se aproximando.— Oi, princesa, precisamos conversar. — Sua voz era suave, mas a preocupação era evidente.— Pode falar. — Respondi, tentando manter a calma.— O conselho das máfias marcou para amanhã o seu julgamento sobre Zarina. —Ele disse, de cabeça baixa.— Está tudo bem. — Falei com um pequeno sorriso nos lábios, tentando transmitir confiança. - Nós sabíamos que haveria consequências de nossas escolhas. — Acrescentei. — Você sabe quem fará as perguntas?— No início, será seu pai e
Vejo Matteo se levantar, a fúria queimando em seus olhos. Com o punho fechado, ele me acertou com força. — Fala, caralho, aonde Zarina está? - Matteo gritava.Outro golpe e eu caí da cadeira em que estava sentada. Ele começou a me chutar, e minha visão já começava a ficar turva.— Vamos acabar logo com isso, Malia. Diga onde sua prima está. — Meu pai se aproximou, segurando meus cabelos e me forçando a encará-lo.Olhei para Etore mais uma vez, com lágrimas nos olhos, e o vi mandando uma mensagem para alguém.Senti um líquido escorrendo pelas minhas pernas, mas estava cansada demais para conseguir olhar. Etore se levantou, como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo. Com um último suspiro, olhei nos olhos do meu pai.— Eu te perdoo. — Disse, com a voz fraca, mas cheia de sinceridade.O rosto do meu pai se contorceu em uma mistura de dor e raiva. Ele soltou meus cabelos e deu um passo para trás, visivelmente abalado pelas minhas palavras.Antes que qualquer um pudesse r
Chegamos no hospital e uma equipe já veio correndo e pegando a Malia do meu colo e colando em uma máquina. Uma mulher subiu em cima dela sem colocar o seu corpo e começou a fazer massagem cardíaca.Os outros enfermeiros começaram a empurrar a maca para o centro cirúrgico impedindo a minha passagem. Algumas horas se passaram e em momento algum a senhora Zoya saiu dali nossos olhos se perderam quando vimos Nikolai Mikhailov e Dmitri Ivanov passando pelas portas. Assim que a senhora Zoya iria se levantar eu me apressei e levantei em sua frente indo até o meu genro.— O que pensa que eu está fazendo aqui ? — Pergunto irritado.— Eu.. eu quero saber como minha filha está. — Ele diz sério. — Agora você se preocupa com ela ? Por mais que sempre fomos rivais Nikolai, eu admirava você de uma certa forma, sempre ouvi tudo o que fez para se casar com com Zoya e como você sempre protegeu a sua família. — Etore.. deixa.. — Ele tenta falar mas um o interrompo. — Mas hoje vendo tudo o que voc
Era madrugada quando o telefone de Tom tocou. Eu estava deitada ao seu lado, como vinha acontecendo nos últimos dias. Ele pegou o aparelho, verificando quem era, e assim que olhou, senti seu corpo ficando tenso.Ele apertou o botão e atendeu. Sua voz era contida, apenas ouvindo o que a pessoa do outro lado tinha a dizer. Ele só terminou a ligação dizendo:— Não se preocupe, pegarei o primeiro voo. Serei o elemento surpresa. Se percebermos que vão fazer algo a mais com ela, eu entro e mato todo mundo.Assim que ele terminou de dizer essas palavras, meu corpo ficou tenso e o medo me tomou. Eu tinha certeza de que estavam falando de Malia, mas o que poderia acontecer de tão grave com minha prima? Que preço ela teria que pagar por minha liberdade?Continuei na cama, olhando para ele, que se levantou e começou a andar de um lado para o outro, como se não soubesse o que me dizer. Então resolvi abrir a boca primeiro.— O conselho irá chamá-la? — perguntei, tremendo e ansiando por uma respost
Eu sentia a dor por todo o meu corpo, sentia as mãos tocando-o, injetando coisas em mim. Era horrível a sensação de estar sentindo tudo sem estar consciente. Eu não sabia onde estava, o que estava acontecendo em mim e ao meu redor. Não conseguia reconhecer nenhuma voz, e isso me abalava ainda mais. Tentava não ficar tensa, mas meu corpo todo estava em alerta.Eu estava com medo. Medo de nunca mais vê-lo, medo de que aquele momento tivesse sido o último, medo de morrer e não poder sentir seu toque uma última vez.Foi quando finalmente ouvi uma voz. Não, melhor, a voz. A voz da pessoa que faz todo o meu corpo se arrepiar, que acalma toda a avalanche dentro de mim, que desperta meu lado possessiva, surtada, barraqueira e assassina.A voz do homem que aprendi a amar no meio do furacão que somos, igual fogo e gasolina queimando tudo onde toca.Eu sentia seus dedos passando levemente pelos meus cabelos, sua respiração pesada. Então, comecei a lutar, lutar comigo mesma para conseguir ouvir t
Foi difícil ver minha filha sendo torturada pelo próprio pai. Nikolai sempre foi o amor da minha vida, mas de uns anos para cá ele tem mudado muito. Às vezes acho que ele pensa mais na máfia do que em sua própria familia.A prova disso foi ele torturar Malia para saber o paradeiro de Zarina, mas pelo que conheço de minha filha, ela morreria pelas mãos do próprio pai, mas jamais falaria onde Zarina está. Até nisso ela é parecida com ele.Quando cheguei naquele lugar e vi minha filha caída no chão, com Nikolai segurando seus cabelos, era evidente como ela já estava ficando inconsciente.Os tiros começaram quando Tom Carter entrou atirando. Não entendi direito o que o maior rival da Bratva estava fazendo ali. Mas isso é para outra hora.Os tiros continuaram. Vi Malia se arrastando até que um grito dela fez todos pararem. Então, o sangue começou a manchar a calça que ela vestia.Etore não perdeu tempo e foi direto até ela.Foi lindo ver um homem que todos julgavam ser o mais frio e cruel
Entro na sala onde Malia está deitada conversando com a mãe e com Etore. Percebo que Zoya Mikhailov me observa o tempo todo, mas não diz nada.Sei que ela deve estar se perguntando por que me juntei a essa batalha. Mas ela não faz ideia de tudo o que há por trás disso.Como já havia dito, Etore e eu crescemos juntos, e eu nunca negaria um pedido dele, do mesmo jeito que, muitos anos atrás, ele não me negou ajuda quando precisei resgatar minha irmã.Amigos não viram as costas quando precisamos.Assim que Zoya Mikhailov sai do quarto, Malia olha para mim, e é incrível como as mulheres Mikhailovs são lindas.— Tom, queria agradecer mais uma vez não só por ajudar minha prima, mas também por vir ajudar Etore a me salvar. Agradeço de coração. Agora, assim como Zarina, também estou grávida e, depois que essa turbulência passar, Etore e eu gostaríamos que você fosse o padrinho do bebê que estamos esperando.As palavras dela me pegam de surpresa. Nunca pensei que seria padrinho de alguém, espe
Fico esperando ele chegar, e as horas parecem não querer passar. Nesses dias em que ele ficou fora, percebi o quanto estou apegada a ele.Desde que vim para cá, nada aconteceu entre nós; apenas dormimos na mesma cama, mas sem toques. Ele respeita tudo o que eu desejo.Mas às vezes me pergunto o que ele sente sobre nós, ou melhor, sobre mim. Ficar longe dele nesses dias me deixou cheia de desejos — desejos esses pecaminosos demais.Ouço o carro estacionando e, minutos depois, a porta se abrindo. Não me aguento e corro até ele, me jogando em seus braços.Ele me dá um beijo na testa e beija minha barriga. Ali, na frente da porta de casa, não resisto e beijo seus lábios, passando as mãos pelo seu pescoço e puxando-o para mais perto de mim. Paramos por falta de ar.— Sentimos sua falta, papai. — Digo impulsivamente, mas me surpreendo quando ele diz que também sentiu nossa falta.O desejo aumenta ainda mais. Volto a beijá-lo, percebendo que não há mais ninguém por perto. Sento-o no sofá e s