Era madrugada quando o telefone de Tom tocou. Eu estava deitada ao seu lado, como vinha acontecendo nos últimos dias. Ele pegou o aparelho, verificando quem era, e assim que olhou, senti seu corpo ficando tenso.Ele apertou o botão e atendeu. Sua voz era contida, apenas ouvindo o que a pessoa do outro lado tinha a dizer. Ele só terminou a ligação dizendo:— Não se preocupe, pegarei o primeiro voo. Serei o elemento surpresa. Se percebermos que vão fazer algo a mais com ela, eu entro e mato todo mundo.Assim que ele terminou de dizer essas palavras, meu corpo ficou tenso e o medo me tomou. Eu tinha certeza de que estavam falando de Malia, mas o que poderia acontecer de tão grave com minha prima? Que preço ela teria que pagar por minha liberdade?Continuei na cama, olhando para ele, que se levantou e começou a andar de um lado para o outro, como se não soubesse o que me dizer. Então resolvi abrir a boca primeiro.— O conselho irá chamá-la? — perguntei, tremendo e ansiando por uma respost
Eu sentia a dor por todo o meu corpo, sentia as mãos tocando-o, injetando coisas em mim. Era horrível a sensação de estar sentindo tudo sem estar consciente. Eu não sabia onde estava, o que estava acontecendo em mim e ao meu redor. Não conseguia reconhecer nenhuma voz, e isso me abalava ainda mais. Tentava não ficar tensa, mas meu corpo todo estava em alerta.Eu estava com medo. Medo de nunca mais vê-lo, medo de que aquele momento tivesse sido o último, medo de morrer e não poder sentir seu toque uma última vez.Foi quando finalmente ouvi uma voz. Não, melhor, a voz. A voz da pessoa que faz todo o meu corpo se arrepiar, que acalma toda a avalanche dentro de mim, que desperta meu lado possessiva, surtada, barraqueira e assassina.A voz do homem que aprendi a amar no meio do furacão que somos, igual fogo e gasolina queimando tudo onde toca.Eu sentia seus dedos passando levemente pelos meus cabelos, sua respiração pesada. Então, comecei a lutar, lutar comigo mesma para conseguir ouvir t
Foi difícil ver minha filha sendo torturada pelo próprio pai. Nikolai sempre foi o amor da minha vida, mas de uns anos para cá ele tem mudado muito. Às vezes acho que ele pensa mais na máfia do que em sua própria familia.A prova disso foi ele torturar Malia para saber o paradeiro de Zarina, mas pelo que conheço de minha filha, ela morreria pelas mãos do próprio pai, mas jamais falaria onde Zarina está. Até nisso ela é parecida com ele.Quando cheguei naquele lugar e vi minha filha caída no chão, com Nikolai segurando seus cabelos, era evidente como ela já estava ficando inconsciente.Os tiros começaram quando Tom Carter entrou atirando. Não entendi direito o que o maior rival da Bratva estava fazendo ali. Mas isso é para outra hora.Os tiros continuaram. Vi Malia se arrastando até que um grito dela fez todos pararem. Então, o sangue começou a manchar a calça que ela vestia.Etore não perdeu tempo e foi direto até ela.Foi lindo ver um homem que todos julgavam ser o mais frio e cruel
Entro na sala onde Malia está deitada conversando com a mãe e com Etore. Percebo que Zoya Mikhailov me observa o tempo todo, mas não diz nada.Sei que ela deve estar se perguntando por que me juntei a essa batalha. Mas ela não faz ideia de tudo o que há por trás disso.Como já havia dito, Etore e eu crescemos juntos, e eu nunca negaria um pedido dele, do mesmo jeito que, muitos anos atrás, ele não me negou ajuda quando precisei resgatar minha irmã.Amigos não viram as costas quando precisamos.Assim que Zoya Mikhailov sai do quarto, Malia olha para mim, e é incrível como as mulheres Mikhailovs são lindas.— Tom, queria agradecer mais uma vez não só por ajudar minha prima, mas também por vir ajudar Etore a me salvar. Agradeço de coração. Agora, assim como Zarina, também estou grávida e, depois que essa turbulência passar, Etore e eu gostaríamos que você fosse o padrinho do bebê que estamos esperando.As palavras dela me pegam de surpresa. Nunca pensei que seria padrinho de alguém, espe
Fico esperando ele chegar, e as horas parecem não querer passar. Nesses dias em que ele ficou fora, percebi o quanto estou apegada a ele.Desde que vim para cá, nada aconteceu entre nós; apenas dormimos na mesma cama, mas sem toques. Ele respeita tudo o que eu desejo.Mas às vezes me pergunto o que ele sente sobre nós, ou melhor, sobre mim. Ficar longe dele nesses dias me deixou cheia de desejos — desejos esses pecaminosos demais.Ouço o carro estacionando e, minutos depois, a porta se abrindo. Não me aguento e corro até ele, me jogando em seus braços.Ele me dá um beijo na testa e beija minha barriga. Ali, na frente da porta de casa, não resisto e beijo seus lábios, passando as mãos pelo seu pescoço e puxando-o para mais perto de mim. Paramos por falta de ar.— Sentimos sua falta, papai. — Digo impulsivamente, mas me surpreendo quando ele diz que também sentiu nossa falta.O desejo aumenta ainda mais. Volto a beijá-lo, percebendo que não há mais ninguém por perto. Sento-o no sofá e s
Em todos esses anos, eu nunca havia sentido tanto medo na minha vida. Ver a minha mulher sendo torturada e eu apenas parado, observando a cena, fazia meu sangue ferver. Minha vontade era de queimar todos ali dentro. No entanto, meu sangue gelou no exato momento em que vi sangue nas pernas de minha esposa. No instante em que ouvi o grito de dor de Malia, meu mundo parou.No carro, enquanto ela fechava os olhos, eu senti medo, medo de perder o amor da minha vida. Sim, estou completamente apaixonado pela minha esposa e não imagino mais a minha vida sem ela.Então, no hospital, assim que o médico falou sobre a hemorragia e mencionou nosso filho, meu mundo parou novamente. Minha cabeça girou em 360 graus, e eu me vi sem chão, não por pensar que não queria esse filho, mas sim por desejá-lo mais do que tudo.Na minha vida, eu nunca tinha me apaixonado antes, mas bastou colocar os olhos em Malia para que eu me apaixonasse à primeira vista. Seu jeito respondona, a maneira como ela se impõe, s
Ao terminar de ler a carta de Zarina, percebi que poucas vezes na vida havia ficado tão animada. Queria ser uma formiguinha para ver a cara do meu pai e do tio Dmitri lendo a carta. Finalmente, encontrei o momento certo para perdoá-los.— Finalmente! — Digo, empolgada, para Etore. — Finalmente Zarina e Tom vão se casar. Quando vamos poder visitá-los? — pergunto, realmente empolgada.— Em breve, princesa. Só precisamos esperar você melhorar um pouco mais. Depois, vamos ligar para eles para saber a data do casamento.A excitação pulsa em minhas veias. Quando escolhemos Tom, o amigo de Etore, para cuidar de Zarina, sabíamos que nem a Bratva conseguiria bater de frente com ele, então Zarina estaria segura. Essa era minha maior preocupação.Saber que, depois de 6 a 7 meses, minha prima está bem, feliz e ainda vai se casar com Tom é magnífico. Tenho certeza de que eles não irão aprovar de imediato, mas quando a mente sádica do meu pai começar a funcionar, ele pensará do mesmo jeito que agiu
— Então vamos conversar — começo. — Há muito o que se falar antes mesmo de acrescentar Zarina nessa história.O silêncio que se forma é quase ensurdecedor, mas não me acanho e continuo a falar.— É engraçado como a vida nos pega de surpresa, não é? Tanto boas quanto ruins. Me diga, pai, e me diga, tio, como foi torturar alguém da sua própria família? Foi satisfatório? Desde que conheci meu marido, muitas coisas mudaram. Minha vida deu um giro de 360 graus. Vi coisas que não queria ter visto, mas que me ensinaram muito. Matei uma pessoa para deixar claro que aquela menina que vivia em uma redoma de vidro morreu. E sim, eu ajudei minha prima a fugir e faria isso mais mil vezes se fosse preciso. Sabe por quê? Porque em pleno século 21 não existe um pai ou uma família querer obrigar alguém a se casar com quem não queira. Um filho? E daí que ela engravidou antes do casamento? Vocês todos não se casaram virgens, então por que nós teríamos que nos privar dos prazeres da vida por vocês? Injus